Via Láctea (Romance)
Dia após dia ele a olhava. Dia após dia, perdia-se em seus olhos. O mundo era grande demais para que desaparecesse; mas seu silêncio era maior ainda.
Algumas vezes, fingia que a sala era um uni e verso. Fingia, que as cadeiras e pessoas ao seu redor, eram estrelas e planetas, e dava-lhes os nomes mais esquisitos.
O aluno que sentava no fundo da sala era Plutão. Os outros, quando não recebiam nomes de planetas e estrelas, eram batizadas com nome de santos e times de futebol.
Ela, no entanto, era sempre Vênus. “Vênus”, era o nome de um dos quadros do artista Botticelli; Talvez, a pintura mais bonita de uma mulher que havia visto, enquanto folheava velhos livros de história. Para ele, luz! nos olhos de sua vênus refletido.
Vênus parecia gostar do nome. Pelo menos não falava nada, e continuava sempre ali; na sua cadeira, em silêncio, assistindo às aulas.
Ele. Desde o primeiro dia, quis lhe dizer que a achava linda, e que, como homem... a desejava como mulher. Mas por ser tímido, contentou-se em vê-la partir dia após dia. E voltar de novo.
Dia após dia ele a desejava cada vez mais, e mais. Mas seu silêncio era maior ainda.
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