Por que perdoamos uma traição?
Este texto que hoje vos fala traz como tema um assunto que muito gera polêmica e interesse: perdoar uma traição. E vejam que não é apenas o ato de trair ou ser traído, mas o fato de perdoar ou ser perdoado. Não vou me debruçar sobre a traição em si, até porque seria redundante. Mas gostaria de chamar atenção para um outro detalhe: com base em que - seja sentimento ou racionalidade - alguém perdoa uma traição?
Ninguém se atenta para esse fato. Mas vamos pegar o exemplo mais difícil de ser praticado, embora mais comum: o de quem perdoa.
Geralmente, justifica-se o perdão porque foi a primeira vez que o parceiro deu essa pisada de bola, ou porque simplesmente sentimos que precisávamos dar uma segunda chance ao relacionamento, afinal, foi só uma aventura. Tudo bem qualquer razão dessas ou outra que se apresente na conversa das pazes. Mas o que chamo atenção é o fato de sermos todos imperfeitos, imaturos e amedrontados diante da vida. Somos sim. A intensidade desses sentimentos varia de pessoa para pessoa, mas temos nossos medos de estimação.
E é justamente pensando neles que se faz necessário atentarmos para a razão real, intrínseca, subjetiva e inconsciente pela qual perdoamos uma traição. Será que é só para dar uma segunda chance ao parceiro, ou adiar um sentimento de solidão que bate à nossa porta? Será que é porque entendemos que foi só uma fraqueza do outro, ou porque não enxergamos ou não queremos enxergar a nossa própria fraqueza? Enfim, a razão pela qual perdoamos a traição do parceiro está no relacionamento ou em nós mesmos?
Difícil responder a essas perguntas, mais difícil ainda admitir que esses problemas existem. Mas desconfie se passar muito tempo remoendo a traição do parceiro, as desculpas dele, como seria a relação se houvesse uma segunda chance.... Quanto mais nos martirizamos tentando encontrar uma resposta para o que devemos fazer, mas ela se apresenta clara e nós não enxergamos. Na verdade, o que estamos tentando, muitas vezes, é convencer nossa mente a aceitar certas atitudes do parceiro que podem nunca mudar, ou podem, mas não sabemos ao certo.
Perdoamos muitas vezes pelo medo de sermos infelizes sozinhos, ou de perder uma relação estabilizada, ou por acreditarmos nas promessas de mudanças, tão comuns e tão difíceis de serem críveis, mesmo que o sejam realmente. Perdoamos por 'enes' motivos. Perdoemos sempre, mas com o foco no que nos vai fazer realmente bem.