A HORA FOI AQUELA

Passava eu em uma rua um pouco deserta, naquela manhã de treze de agosto, ainda por cima uma sexta-feira fazendo minhas algazarras quando de repente deparei-me com uma flor mágica lavando suas roupas em uma bacia improvisada debaixo de uma chuva fina e fria. Nesse momento o chão desapareceu. Aproximei-me e com ela comecei a falar palavras que até hoje não consigo lembrar. Ela uma jovem meiga com apenas um problema, parece que todos os problemas caíram sobre ela, eu não tinha problema já era o próprio problema, mergulhando no mundo do álcool e das drogas buscava sempre a formula, que julgava ser o ápice do prazer, mas na vida quase tudo parece ter solução naquela manhã começava pra nós dois nascer um sol diferente.

Trocamos mais algumas palavras e saímos a caminhar rumo ao nada na imensidão do desconhecido, parecíamos duas crianças desamparadas, andamos, caminhamos, trocamos mais algumas palavras até chegarmos ao um rápido instante de prazer eu acariciava teu rosto e ela enclausurada em sua timidez do momento um leve beijo tocou meus lábios, sem muito o que ser conversado, selamos ali em meio a loucura do momento a nossa união e nos entregamos um ao outro, um começar travado que nem foi tão bom, mais foi o começo pra chegarmos, mais adiante, até onde estamos hoje e temos filhos, filhas e netos, vejo neles a saga daquele momento único, daquela hora matutina de uma sexta-feira treze que não foi o dia do Dieison e sim o nosso, aquela flor mágica semeou em minha vida muitas flores e lírios como já pude descrever nas linhas anteriores.

Só que o tempo se encarrega de nos presentear com suas façanhas, daquele momento até agora alcançado, o desgaste sofrido caminhamos em passos mais lentos e sopra nos, momentos sombrios, causado pelo amarelão e as ferrugens que o tempo encarrega de fazer.

Eu e ela, ela e eu perdemos forças a cada dia embora aquela flor mágica que eu vi continua linda e meiga porque vejo nela só os seus valores, como a mulher, mãe dos meus filhos, a avó dos meus netos, doados a nós por deus, juntos estamos nossos filhos, nossos netos, verdadeiros lírios do campo e colírios aos meus olhos. Só que não sei o que o tempo fez com ela, mesmo sendo essa flor que falei acho que a ferrugem do tempo e as dores dos anos, corroeu seu coração, transformando a minha flor em erva daninha, que o que era amor transformou em ódio e rancor, e tenta colocar-me de vilão, ainda bem que eu a amo e o melhor o meu amor maior e com Deus esse sim me ensina a amar sem nada cobrar, também me ensinou a ser um pensador, e nas viagens que faço dentro do meu ser e do meu mundo, vejo que nem mesmo meu querido tempo que traz rugas e ferrugens aos meus dias vai apagar o brilho daquela flor mágica, que encontrei naquela hora de manhã em uma sexta-feira treze de agosto.

Na selva de concreto e aço de uma grande metrópole, na favela as margens do rio Iguaçu naquela metrópole pras bandas do sul

Cambraia JJoão

CAMBRAIA JJOÃO
Enviado por CAMBRAIA JJOÃO em 12/03/2009
Reeditado em 16/03/2009
Código do texto: T1482476