Como Branca de Neve

Branca, assim como a de neve.

Subo os olhos castanhos,

Vejo o céu.

Todavia, meus pensamentos,

Além daquele céu nublado,

Das nuvens brancas como a neve,

Vão me levar.

O vento da manhã acorda Branca de Neve,

A brisa gélida da manhã de inverno,

Balança os cabelos negros.

Fecho os olhos, sonho contigo.

Passeio esquisito, vento gelado.

Manhã de inverno, Branca de Neve acorda

Tem de voltar para casa, menina.

Não quero voltar, quero ficar aqui, com ele.

Estou fugindo para lugar algum, finalmente.

Dar-te minha vida por completo,

Acho que estou sonhando, o sonho é bom.

As lágrimas em fim secaram do meu rosto,

Eu não preciso mais de motivos para sorrir.

Eu não preciso de mais motivos para sorrir.

Algo assusta meus sentidos no caminho.

Eu paro, estática.

Minha mão gelada procura a tua, quentinha.

Aquecer a mão de Branca de Neve.

Será que és tão cavalheiro quanto aparenta?

A respiração acelera, ainda não sei,

Foi pelo susto da pedra ou a visão da megera?

Ora, então não é a mão gelada que procuras.

Não pretendes encontrar.

A princesa do teu conto de fadas,

do qual tu és o príncipe,

E quem te mereças é a donzela,

Donzela da mão gelada,

Branca de neve não serve.

Mas que faço?

Sou branca de neve

Cabelos negros como ebano,

Olhos castanhos como a terra,

Pele tão branca quanto à neve.

Não sou a tua branca de neve?

Tu beijas minha mão gélida

Implorando pelas desculpas

Mesmo sabendo

Nunca perdoar-te-ei, dengoso

Nunca ouvir-te-ei, dunga

Nunca alegrar-te-ei, feliz

Perdoa-me tu.

Quem me dera ser boa para ti.

Diz-me que estou enganada,

Peço para que fale comigo do jeito certo,

Do jeito certo com as palavras erradas.

Não quero as palavras,

Apenas os teus gestos.

São eles que fazem-me feliz.

A tristeza brota dos teus olhos,

Verdes como aquela árvore

Ora, veja! É uma Macieira

Está aqui para dar-me a maçã?

A maçã que vai me vestir de morte

e que vai trazer consigo

O beijo para me salvar.

Não posso mais fingir

Os olhos não posso fechar

Tu me amas?

É comigo mesmo

Que quer tua vida passar?

As vozes do vento do inverno

Eu as ouço, elas vêem me contar

Dizem que queres me amar

Sussurram-me que para ti

Devo meu destino entregar

Agora não sei

Tu vais bem dele cuidar?

Meu coração me diz

Eu o perdoarei, mas não em palavras

A verdade?

Talvez eu te ame,

Talvez tu sejas o tipo certo

Do príncipe errado

Que eu tanto procurei

Que eu nunca encontrei.

Continuamos, então

Aquele tal de passeio estranho.

Veja só se não é Rapunzel!

Teus olhos cintilam

Não sei se é a luz do céu

Ou se teu amor é Rapunzel.

Meus olhos enchem-se,

Lágrimas da desilusão

Não sei se te amava,

Mas agora que a ama

Sei que nada vai adiantar

A minha resposta saber.

Pergunto a ti, que foste meu:

É verdade, tu a amas?

Você nega, algo em meu peito cresce

Céus! É esperança.

Sei que ela pode ser melhor.

O melhor para ti,

Seria fugir com a mais bonita ou

Que não é boba o suficiente

Para comer a maça envenenada

Apenas para te encontrar?

Não, eu te amo?

Não pode ser.

Nosso passeio continua

Minha mão ainda está gelada

E, dessa vez, quem vem ao encontro dela

É a tua mão

Parece que finalmente

Se preocupa se estou com frio

Se estou com calor

Se que quero teu amor.

Branca de neve, volte para casa

Eu quero ir para casa.

A noite já vai caindo,

Eu estou com frio.

Será que tu emprestas

O casaco para Branca de neve?

Tu passas a mão em meus ombros

Veste o casaco em mim.

Teu cheio está ali,

Eu posso sentir,

ele me vicia.

Chego a casa,

Tu precisas voltar.

Só preciso de três palavras tuas agora

As palavras certas, do jeito errado.

Do teu jeito, não me importa.

Agora quero a verdade

Por favor, príncipe,

Não me deixe com saudade

Agora sei o que sinto

Quase sei o que sentes

Posso ver em teus olhos

Posso ouvir até tua boca dizendo

Eu te amo, só isso.

Diga, por favor.

Antes que se vá, eu preciso saber.

Por favor, me diga.

Com um beijo no rosto

Com um sorriso estampado

Eu ouço, agora de verdade,

‘Graças a ti, encontrei meu amor!

Obrigado, nosso passeio foi útil

tudo o que era dor

agora se torna sutil

graças à paixão que, por aquela,

senti e agora sinto!’

Infelizmente, minha realidade

É diferente.

Estou longe de branca de neve.

Tenho coração de vilã.

Lá foi ele procurar Rapunzel,

E a mim,

Restaram apenas as estrelas do céu.

Débora Dias
Enviado por Débora Dias em 09/03/2009
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