Alma e neblina

Rondando sonhos,

antigas imagens desfocadas pela neblina

que o frio e a tempestade deixara, no dia seguinte,

uma alma voa para bem longe.

Ela rasteja por sonhos onde o amor era o grande símbolo,

o grande mestre,

e algo muito maior.

Uma idealização?

Por duas pessoas, então. Não apenas uma,

embora ela ronde agora sozinha,

por campos onde a única coisa a se ver,

são cores desfocadas,

imagens, visões,

criadas por lembranças, por formas realizadas

a partir de palavras, olhares, atos, flores,

e tudo que uma história das mais belas,

senão a mais bela,

tem direito.

O que é o amor?

Seu amor se foi... deu adeus, juntou suas coisas,

e sem lágrimas, partiu.

Ele já não existe mais?... É como se a neblina o mantesse encoberto.

Grandes olhos castanhos é o que sobra,

olhando-a docemente, ingenuamente, com todo o amor,

belos olhos castanhos com o poder de,

juntamente com tudo nele,

transformar tudo em sonho,

as sensações mais belas.

Tudo, tudo o que a imaginação pudesse criar,

esses olhos transformavam em realidade.

Pois neles, havia amor.

Rastejando por sonhos cobertos

pela neblina, após o temporal,

nesses morros onde se encontra minha alma,

ela vôa, acima dos mares,

lembrando que um dia simplesmente mergulhou neles,

e agora olha sua ilha, ao longe

sendo levada pelo vento...