"Nada é por acaso..."
Era uma tarde de verão e todos brincavam na praça, que se localizava ao centro da cidade de Ilha Bonita, as crianças se divertiam nos brinquedos e os pais aproveitavam para conversar e se conhecerem.
O dia estava muito quente, por volta de 35° mas, prometia chuva à noite.
Bruninho era uma criança triste e isolada, quase ninguém brincava com ele, devido sua timidez, sempre estava sozinho, não tinha mãe e o pai era pouco presente , pois trabalhava bastante e só de vez em quando o levava à praça para brincar.
Sabia que o menino sentia sua falta e precisava se distrair mas tinha que trabalhar, não havia outro jeito.
Todas as crianças comentavam sobre ele, de como era estranho e esquisito, mas ele não ligava, sabia que tinha o amor do pai e suas amizades teriam que ultrapassar o parque, amigo é para toda hora, não dá para ser amigo de alguém apenas no parque,na escola ou durante o lanche.
Era de dar pena, mas Bruninho não se misturava.
Um belo dia, uma jovem senhora começou a levar sua filhinha ao parque, mãe e filha eram lindas, mas havia algo de errado, a menina não saia de perto da mãe e não conversava com ninguém .
Depois de algum tempo, soube-se que o pai havia morrido em combate numa dessas guerras inúteis, ele era estrangeiro.
A menininha e Bruninho tinham muito em comum, mas pouco se falavam, eram muito tímidos.
Um dia, quase não havia crianças no parque, o tempo estava meio nublado, Bruninho e Clara entre uma balançada e outra acabaram conversando e dando muitas risadas.
Era uma delicia terem o parque somente para eles, sem ter que ficar esperando a boa vontade das outras crianças para darem licença, fora a gritaria e bagunça. Aquele dia estava simplesmente maravilhoso.
Os pais estavam perplexos, nunca tinham visto os filhos tão descontraídos e felizes, aquilo era no mínimo magnífico, sempre tinham desejado que seus filhos fossem como as outras crianças, que brincassem e se divertissem muito, ou pelo menos o normal da idade.
Eles tinham entre 5 e 7 anos, eram crianças lindas,mas infelizes, tinham tido uma boa dose de sofrimento apesar da pouca idade.
De repente Clara cai do escorregador e Bruninho grita desesperadamente pelo pai que imediatamente socorre a pequena. A mãe de branca ficou transparente, de tão apavorada, seu bebê nunca havia se machucado, estava tão perdida que não sabia o que fazer.
-Vamos levá-la ao hospital. Disse Bryan.
-Não conheço nada por aqui, nos mudamos há pouco tempo. Disse Ana
-Bem, eu conheço tudo e sou o médico da cidade, venha no meu carro.
-Mas o meu está...
-Depois pegaremos o seu, venha logo.
Clara chorava muito de dor, não sabiam se havia fraturado alguma parte de seu corpo ou não.
Ana não pôde deixar de se comover com a atitude do pai do garoto, tinha observado-os a tarde inteira e pensado em vários momentos, pena que sua filhinha não poderia mais ter a presença do pai...aquilo era muito doloroso.
Chegando ao hospital, após uma série de exames e raios x, constatou-se uma simples fratura no rádium, como crianças têm os chamados “galho verde”, certamente a recuperação seria rápida.
-Ana ,fique tranqüila, não é nada demais, Clara estará bem em breve, siga corretamente os horários dos medicamentos e você não terá maiores problemas. Mesmo assim, aqui estão todos os meus telefones caso aconteça algo de diferente.
À essa altura todos já se conheciam pelo nome, ou melhor parecia que estavam juntos a anos.
Durante à noite, Ana ouviu Clara gemendo e foi ver o que era.
A menina ardia em febre, delirava e chamava pelo amiguinho Bruno.
Neste exato momento toca o telefone, era Bryan, mas Ana não se lembrava de ter lhe dado o seu número.
-Olá, Ana! Como está nossa bonequinha? O Bruninho estava com o número então achei melhor ligar, acabei de chegar do hospital, desculpe se for muito tarde.
Ana não sabia o que dizer, começou a soluçar ao telefone, milhões de coisas passavam por sua cabeça, principalmente o fato de estar sozinha com a filha numa cidade desconhecida, longe dos amigos e familiares.
-Ana! Está me ouvindo? O que houve?
-Desculpe, ainda bem que você ligou, ela está queimando de febre e chamando pelo Bruninho e...
-Calma! Você já deu todos os remédios, fez tudo o que te disse?
-Sim...
-Vou acordar o Bruno e iremos o mais rápido possível.
-Tá...
No caminho, Bryan começou a pensar em Ana. O que faria uma mulher tão linda sozinha numa cidade dessas...? Tudo bem que o lugar é maravilhoso, com muito ar puro, árvores frutíferas plantadas em torno, mas e aquele olhar...? O que tem por trás daquele olhar...?
Quando menos esperava já estava na porta da casa dela. Ao entrar não foi muito grande a surpresa. Cada lugar que olhasse percebia a presença de Ana, na beleza de cada peça , tudo muito limpo e organizado, a mulher perfeita... mas por quê sozinha...?
Chegando perto do quarto de Clara, sem querer se pegou olhando para o de Ana, toda decoração em tons pasteis, sobressaindo mais um lilás suave, estava com o abajur aceso e a cama desfeita...só de um lado...
Bryan continuava em seus devaneios quando ouviu seu filho chamar.
-Papai, a Clarinha está chorando...
-Já estou indo, meu filho.
Ao chegar, notou que a menina ainda estava com febre, verificou sua temperatura e todos os medicamentos que haviam sido dado, como fazia pouco tempo, decidiu dar-lhe um banho.
Ana estava totalmente desconcertada e perdida, era muito estranho ter um homem em sua casa, tocando em suas coisas, em sua filha, mas ao mesmo tempo, sem ter muita certeza do que estava sentindo, era como se tudo sempre tivesse sido desse jeito. Mas, e a esposa dele, onde estaria, por que não estava junto? Um homem tão bonito, sozinho e com o filho, isso não era muito comum de se ver...
Voltando ao quarto, encontrou Bryan contando estórias às duas crianças, os dois se deitaram embaixo das cobertas e estavam ali com os olhinhos vidrados, quase como irmãos...Meu Deus, que idéia, impossível...jamais...fora de cogitação...
-Mamãe, você conhece a estorinha da menininha que se machucou no parque e...Enquanto contava a estória Clarinha adormeceu, Bruninho já dormia a um tempo. A febre tinha baixado como por encanto e ela não sentia a mínima dor. Ana não conseguiu deixar de se emocionar com a cena. Pareciam “Pai e filhos”.
Correu para a sala com medo de ser vista chorando, nem bem chegou, ao virar-se deu de frente com Bryan, era como se ele a enxergasse por dentro, visse sua alma, como isso era possível...?
-Ana, fique calma, está tudo bem e a febre já baixou...
Ana simplesmente desmoronou, um filme passou em sua cabeça e sem perceber estava nos braços de Bryan soluçando, este, por sua vez, sem saber ao certo por que, chorou junto e a beijou nos olhos, na face e por fim nos lábios, era como se ambos implorassem por aquele beijo há séculos...
Ficaram chorando e se beijando por um longo tempo, nada mais importava a não ser aquele momento...seus corpos ferviam de tanta ternura e desejo ao mesmo tempo. Nunca tinham sentido nada parecido até aquele momento.
Cada toque, carícia, eram como se Anjos voassem pela sala e tocassem suas harpas com cifras delicadas e melodias divinas...
Enquanto faziam amor, não havia como saber quem eram , formavam um único ser, sublime, eterno e repleto de todos os sentimentos, os mais belos e puros que um ser humano pode ter.
Via-se naquela cena um verdadeiro amor Ágape, de doação, entrega incondicional...
-O que está acontecendo...?disse Ana meio, ou melhor inteira atordoada.
-Não sei amor, mas seja lá o que for eu estou adorando. A propósito, quero me casar com você, caso já não o seja.
-Não, quero dizer,...era, ai você me deixa tonta.
-Bem vinda, você também faz o mesmo comigo.
-Você me conheceu hoje, como pode...?
-Conheci o suficiente. Você é uma ótima mãe, dona de casa e amante, o que mais eu poderia querer?
-Mas, e você? Não é casado? Seu filho...
-Sou viúvo a 2 anos e nunca mais quis me envolver com ninguém, até hoje...
-Eu também sou...
-Viúva ou casada?
-Viúva a 2 anos também e...
-Já sei , não quis se envolver ...
-Não queria...Você é louco?
-Desculpe, mas não fui eu quem se jogou nos braços do primeiro estranho...
-Seu idiota...Eu aceito.
-O que...?
-Casar com você...
Não é de se estranhar que as crianças tenham ficado alucinadas com a novidade.
Tudo estava indo perfeitamente bem até Ana ficar doente...
-Amor, isso não é nada, é apenas um irmãozinho ou irmãzinha, dependendo do caso.
-Imagine, é só uma virose.
-Bem querida, se fazer amor “daquele jeito” tiver esse nome na sua cidade...tudo bem, porém o médico aqui continua sendo eu.
Era uma tarde de verão e todos brincavam na praça, que se localizava ao centro da cidade de Ilha Bonita, as crianças se divertiam nos brinquedos e os pais aproveitavam para conversar e se conhecerem.
O dia estava muito quente, por volta de 35° mas, prometia chuva à noite.
Bruninho era uma criança triste e isolada, quase ninguém brincava com ele, devido sua timidez, sempre estava sozinho, não tinha mãe e o pai era pouco presente , pois trabalhava bastante e só de vez em quando o levava à praça para brincar.
Sabia que o menino sentia sua falta e precisava se distrair mas tinha que trabalhar, não havia outro jeito.
Todas as crianças comentavam sobre ele, de como era estranho e esquisito, mas ele não ligava, sabia que tinha o amor do pai e suas amizades teriam que ultrapassar o parque, amigo é para toda hora, não dá para ser amigo de alguém apenas no parque,na escola ou durante o lanche.
Era de dar pena, mas Bruninho não se misturava.
Um belo dia, uma jovem senhora começou a levar sua filhinha ao parque, mãe e filha eram lindas, mas havia algo de errado, a menina não saia de perto da mãe e não conversava com ninguém .
Depois de algum tempo, soube-se que o pai havia morrido em combate numa dessas guerras inúteis, ele era estrangeiro.
A menininha e Bruninho tinham muito em comum, mas pouco se falavam, eram muito tímidos.
Um dia, quase não havia crianças no parque, o tempo estava meio nublado, Bruninho e Clara entre uma balançada e outra acabaram conversando e dando muitas risadas.
Era uma delicia terem o parque somente para eles, sem ter que ficar esperando a boa vontade das outras crianças para darem licença, fora a gritaria e bagunça. Aquele dia estava simplesmente maravilhoso.
Os pais estavam perplexos, nunca tinham visto os filhos tão descontraídos e felizes, aquilo era no mínimo magnífico, sempre tinham desejado que seus filhos fossem como as outras crianças, que brincassem e se divertissem muito, ou pelo menos o normal da idade.
Eles tinham entre 5 e 7 anos, eram crianças lindas,mas infelizes, tinham tido uma boa dose de sofrimento apesar da pouca idade.
De repente Clara cai do escorregador e Bruninho grita desesperadamente pelo pai que imediatamente socorre a pequena. A mãe de branca ficou transparente, de tão apavorada, seu bebê nunca havia se machucado, estava tão perdida que não sabia o que fazer.
-Vamos levá-la ao hospital. Disse Bryan.
-Não conheço nada por aqui, nos mudamos há pouco tempo. Disse Ana
-Bem, eu conheço tudo e sou o médico da cidade, venha no meu carro.
-Mas o meu está...
-Depois pegaremos o seu, venha logo.
Clara chorava muito de dor, não sabiam se havia fraturado alguma parte de seu corpo ou não.
Ana não pôde deixar de se comover com a atitude do pai do garoto, tinha observado-os a tarde inteira e pensado em vários momentos, pena que sua filhinha não poderia mais ter a presença do pai...aquilo era muito doloroso.
Chegando ao hospital, após uma série de exames e raios x, constatou-se uma simples fratura no rádium, como crianças têm os chamados “galho verde”, certamente a recuperação seria rápida.
-Ana ,fique tranqüila, não é nada demais, Clara estará bem em breve, siga corretamente os horários dos medicamentos e você não terá maiores problemas. Mesmo assim, aqui estão todos os meus telefones caso aconteça algo de diferente.
À essa altura todos já se conheciam pelo nome, ou melhor parecia que estavam juntos a anos.
Durante à noite, Ana ouviu Clara gemendo e foi ver o que era.
A menina ardia em febre, delirava e chamava pelo amiguinho Bruno.
Neste exato momento toca o telefone, era Bryan, mas Ana não se lembrava de ter lhe dado o seu número.
-Olá, Ana! Como está nossa bonequinha? O Bruninho estava com o número então achei melhor ligar, acabei de chegar do hospital, desculpe se for muito tarde.
Ana não sabia o que dizer, começou a soluçar ao telefone, milhões de coisas passavam por sua cabeça, principalmente o fato de estar sozinha com a filha numa cidade desconhecida, longe dos amigos e familiares.
-Ana! Está me ouvindo? O que houve?
-Desculpe, ainda bem que você ligou, ela está queimando de febre e chamando pelo Bruninho e...
-Calma! Você já deu todos os remédios, fez tudo o que te disse?
-Sim...
-Vou acordar o Bruno e iremos o mais rápido possível.
-Tá...
No caminho, Bryan começou a pensar em Ana. O que faria uma mulher tão linda sozinha numa cidade dessas...? Tudo bem que o lugar é maravilhoso, com muito ar puro, árvores frutíferas plantadas em torno, mas e aquele olhar...? O que tem por trás daquele olhar...?
Quando menos esperava já estava na porta da casa dela. Ao entrar não foi muito grande a surpresa. Cada lugar que olhasse percebia a presença de Ana, na beleza de cada peça , tudo muito limpo e organizado, a mulher perfeita... mas por quê sozinha...?
Chegando perto do quarto de Clara, sem querer se pegou olhando para o de Ana, toda decoração em tons pasteis, sobressaindo mais um lilás suave, estava com o abajur aceso e a cama desfeita...só de um lado...
Bryan continuava em seus devaneios quando ouviu seu filho chamar.
-Papai, a Clarinha está chorando...
-Já estou indo, meu filho.
Ao chegar, notou que a menina ainda estava com febre, verificou sua temperatura e todos os medicamentos que haviam sido dado, como fazia pouco tempo, decidiu dar-lhe um banho.
Ana estava totalmente desconcertada e perdida, era muito estranho ter um homem em sua casa, tocando em suas coisas, em sua filha, mas ao mesmo tempo, sem ter muita certeza do que estava sentindo, era como se tudo sempre tivesse sido desse jeito. Mas, e a esposa dele, onde estaria, por que não estava junto? Um homem tão bonito, sozinho e com o filho, isso não era muito comum de se ver...
Voltando ao quarto, encontrou Bryan contando estórias às duas crianças, os dois se deitaram embaixo das cobertas e estavam ali com os olhinhos vidrados, quase como irmãos...Meu Deus, que idéia, impossível...jamais...fora de cogitação...
-Mamãe, você conhece a estorinha da menininha que se machucou no parque e...Enquanto contava a estória Clarinha adormeceu, Bruninho já dormia a um tempo. A febre tinha baixado como por encanto e ela não sentia a mínima dor. Ana não conseguiu deixar de se emocionar com a cena. Pareciam “Pai e filhos”.
Correu para a sala com medo de ser vista chorando, nem bem chegou, ao virar-se deu de frente com Bryan, era como se ele a enxergasse por dentro, visse sua alma, como isso era possível...?
-Ana, fique calma, está tudo bem e a febre já baixou...
Ana simplesmente desmoronou, um filme passou em sua cabeça e sem perceber estava nos braços de Bryan soluçando, este, por sua vez, sem saber ao certo por que, chorou junto e a beijou nos olhos, na face e por fim nos lábios, era como se ambos implorassem por aquele beijo há séculos...
Ficaram chorando e se beijando por um longo tempo, nada mais importava a não ser aquele momento...seus corpos ferviam de tanta ternura e desejo ao mesmo tempo. Nunca tinham sentido nada parecido até aquele momento.
Cada toque, carícia, eram como se Anjos voassem pela sala e tocassem suas harpas com cifras delicadas e melodias divinas...
Enquanto faziam amor, não havia como saber quem eram , formavam um único ser, sublime, eterno e repleto de todos os sentimentos, os mais belos e puros que um ser humano pode ter.
Via-se naquela cena um verdadeiro amor Ágape, de doação, entrega incondicional...
-O que está acontecendo...?disse Ana meio, ou melhor inteira atordoada.
-Não sei amor, mas seja lá o que for eu estou adorando. A propósito, quero me casar com você, caso já não o seja.
-Não, quero dizer,...era, ai você me deixa tonta.
-Bem vinda, você também faz o mesmo comigo.
-Você me conheceu hoje, como pode...?
-Conheci o suficiente. Você é uma ótima mãe, dona de casa e amante, o que mais eu poderia querer?
-Mas, e você? Não é casado? Seu filho...
-Sou viúvo a 2 anos e nunca mais quis me envolver com ninguém, até hoje...
-Eu também sou...
-Viúva ou casada?
-Viúva a 2 anos também e...
-Já sei , não quis se envolver ...
-Não queria...Você é louco?
-Desculpe, mas não fui eu quem se jogou nos braços do primeiro estranho...
-Seu idiota...Eu aceito.
-O que...?
-Casar com você...
Não é de se estranhar que as crianças tenham ficado alucinadas com a novidade.
Tudo estava indo perfeitamente bem até Ana ficar doente...
-Amor, isso não é nada, é apenas um irmãozinho ou irmãzinha, dependendo do caso.
-Imagine, é só uma virose.
-Bem querida, se fazer amor “daquele jeito” tiver esse nome na sua cidade...tudo bem, porém o médico aqui continua sendo eu.