Um romance qualquer (parte 15)

Cristiano estava cada vez mais preocupado, não entendeu muito bem o motivo da saída do ex-sócio, achava que todo o discurso dele não parecia coerente. O rapaz procurava alguns produtos no estoque para repor nas estantes e encontrou algo que lhe despertou um grande desânimo, um cartão do Banco Lassale. Como poderia estar lá tal objeto? O ex-sócio tinha algo a ver com isso? Eram tantas perguntas que Cristiano ficou tonto e precisou se sentar. Que relação teria o bondoso sócio com o banco de seu pai? Cristiano pegou o telefone e discou um número já conhecido.

Alguns dias depois, Fabíola assistia ao jornal na televisão quando Heitor chega em casa, lhe dá um beijo e vai para o escritório continuar a trabalhar. O jornal reportava um fato deveras desagradável sobre a violência das torcidas de times do futebol italiano, o foco estava em um grande clássico ocorrido na cidade de Milão. Fabíola chegou a pensar no perigo que Mário corria naquela cidade.

A moça começou a se preocupar mesmo quando Mário deixou de responder os e-mails que os dois trocavam diariamente, isso começou a acontecer cincos dias após o incidente na Itália. A preocupação desapareceu um pouco, Fabíola achou que Mário estava era sem tempo para ler e escrever para ela, por isso um dia depois resolveu ligar para o apartamento do arquiteto em Milão. A preocupação voltou e com ela veio medo, quem atendeu foi um colega de trabalho que estava morando temporariamente com Mário, ao ser perguntado respondeu que não via o amigo havia dias e que estava extremamente preocupado. Fabíola teve uma reação igual ao do episódio do vídeo, desmaiou. Heitor chegou mais cedo do hospital e encontrou a esposa caída no quarto. Quando acordou estava deitada em sua cama na Mansão Lassale sob os cuidados do velho mordomo.

- O que aconteceu comigo? Por que estou de volta ao meu antigo quarto?

- O Dr. Heitor a trouxe pra cá, você desmaiou, ele achou melhor que eu cuidasse de você aqui.

- Ele disse a causa do meu desmaio?

- Provavelmente uma queda de pressão causada por alguma emoção forte – respondeu Carlo.

- Eu ando tendo muitas mesmo – sussurrou a moça.

- Como?

- Nada Carlo, eu apenas pensei alto.

Fabíola estava cansada de mentir até para Carlo sobre o verdadeiro motivo de seus desmaios.

Cristiano esperava uma visita do ex-sócio em seu escritório. O rapaz ficou aliviado quando ele finalmente chegou. Sentaram-se e lhes foi servido pela secretária um bocado de saquê para descontrair. Conversaram sobre a loja, Cristiano foi parabenizado pelo status a que chegou e sentiram-se orgulhosos de tudo isso.

- Qual o assunto da conversa Cristiano? Sua voz no telefone soava preocupante.

Cristiano, sem enrolar, mostrou o cartão do Banco Lassale.

- Eu estava pensando de que maneira pode ter parado o cartão aqui na loja, cheguei à conclusão de que você o deixou cair no estoque.

- Não sei que objeto é este – respondeu o homem.

- Eu sei bem, trabalhei neste banco por anos.

- Então só pode ser seu.

- Muito difícil, quando eu vim para o Japão fiz questão de queimar tudo que eu possuía do Banco Lassale, quis esquecer aquela empresa, aquele lugar nojento.

Apenas Cristiano falava, pois o ex-sócio não conseguia pronunciar uma palavra.

- Despertou-me muita curiosidade o montante absurdo de dinheiro que você investiu na loja.

- Eu já disse o motivo pelo qual investi...

- Só que eu já cansei do mesmo discurso, não acredito mais nas suas palavras. Quando encontrei o cartão no estoque as peças começaram a se encaixar. Confesse quem foi que investiu tanto dinheiro na minha loja. Você? Meu pai? Os dois juntos?

- Eu e seu pai somos sócios de uma construtora na China. O dinheiro investido vem dos lucros dessa empresa, a iniciativa do investimento foi toda do Senhor Lassale, eu sou apenas um intermediário.

- Bom saber disso. Pode ir embora agora, nunca mais quero te ver na loja.

- O que você vai fazer?

- Apenas o necessário e que é de direito de alguém, mas antes de ir você vai me ajudar.

Farah
Enviado por Farah em 20/02/2009
Código do texto: T1450147
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