Um doce conto

Dia esplendoroso de sol. Ela abriu os olhos e foi como se o ambiente se iluminasse mais ainda com os dois sóis que eram seus olhos cor de mel.

Até aquele dia ela não havia sentido uma felicidade irradiante ao acordar, algo que as pessoas dizem que te motiva a sair da cama, que te impulsiona a levantar. Nada diferente, não acordava feliz nem triste.

Aquele dia sentiu algo nascendo dentro de si. Uma louca vontade de ir preparar seu café. Relembrava-se dos maravilhosos cafés da manhã que sua mãe preparava. Chegou até a sentir o cheiro das panquecas com geléia que adorava.

Cozinhar nunca havia sido uma coisa interessante para quem morava sozinha como ela, apesar de mandar bem na cozinha. Aos 30 anos, solteira, com um namorado que morava em outro estado, ela, na maioria das vezes fazia um desejum rápido na confeitaria da esquina do seu prédio.

Naquele dia algo despertava nela. Uma ansiedade de mudar algo, de fazer seu próprio café, preparar panquecas e os bolos que sua mãe lhe ensinara a fazer.

Estava cansada de sua vida de intérprete da empresa que trabalhava e essa ansiedade deveria estar vindo por ter refletido muito sobre sua vida antes de pegar no sono.

Queria muito mudar, sair da vidinha parada e medíocre que estava vivendo.

E iria começar por seu café. Lembrava-se que sua mãe sempre dizia: ‘cozinhar faz bem pra alma’.

Lavou-se, vestiu-se e foi pra sua bem equipada cozinha. Até havia esquecido o quanto amava cozinhar.

Separou tudo que imaginou ser especial para preparar pra si mesma...

Quando deu por si percebeu que preparara mais do que poderia comer em uma semana!

Percebeu também como estava plena, com a alma feliz e irradiante.

Saiu pra levar um pouco de tudo que havia preparado para sua amiga, vizinha ao seu apartamento, quando abriu a porta deu de cara com um estranho e lindo homem de olhos verdes profundos...

Foi como se o tempo parasse. Nem viu a hora que derrubou a bandeja....

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Ele olhou o Edifício meio que fechando os olhos, pois o sol da manhã, apesar de esplendoroso, estava ofuscante.

Nem sabia o que achar na realidade neste lugar, mas tinham prometido a ele que não se arrependeria de procurar esta intérprete.

Não erraria desta vez, tinham dito.

Será?

Tentaria crer nessa possibilidade.

Ao entrar no elevador ainda quis titubear, mas sua perseverança e empreendedorismo típicos, de um homem que chegou ao topo com uma rapidez e idade incríveis, falaram mais alto. No sétimo andar a porta se abriu e ele olhou a sua frente: 705.

Era esse o apartamento que buscava.

Para sua surpresa nem precisou esperar muito para abrirem a porta. Nem precisou tocar a campainha. Quando levava o dedo a ela, a porta foi aberta por uma linda moça de olhos cor de mel, e que por ter sido pega de surpresa, derrubou uma bandeja que exalava um cheiro muito convidativo de panquecas com geléia. Nunca esqueceria teu rosto...

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 17/02/2009
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T1443468
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