Um ato de amo

Nos mantiveram presos ao passado.

Queriam nos fazer pensar que não era possível sair de lá.

Éramos tantos...

Duas pessoas foram escolhidas. Um deles era meu pai.

Foram escolhidos para conhecer o segredo e carregar somente para eles esse encargo, pois era a única maneira de salvar a todos.

Os dois escolhidos se preparam para a batalha com as armas que tinham em mãos: o conhecimento da verdade.

Disse a eles que eu poderia ajudá-los mesmo que, da verdade, nada soubesse: Eu empunharia uma arma para defende-los. Peguei uma faca de açougue.

Todos estavam assustados, entre eles os que eu amava profundamente.

Ao iniciar a batalha reafirmei meu maior desejo: levar toda minha família para um lugar seguro fora daquela prisão.

Mal sabia eu, que havia aprendido o mais valioso: o ato de amor.

Prendo meu filho com um faixa às costas para protegê-lo com a vida, se preciso for.

Empunho a faca como a uma espada.

Percorremos um longo caminho até a estrada que nos libertaria.

Muitos atrás de nós vieram, outros se perderam ao longo do caminho.

Ao me sentir fora da prisão, olho para meu pai:

- Pai, o que aconteceu? Por que muitos não conseguiram chegar?

Ele continuava em silêncio com seus olhos sábios mirando profundamente os que ali estavam.

Então percebi que eu havia sido a única a desejar salvar em primeiro lugar os que eu amava: minha família. Todos os outros preocuparam-se mais com os bens materiais que haviam deixado para trás perdendo, assim, entes queridos no caminho.

Foi então que disse a todos: Tolos desejaram o que era menos importante! O desejo, para ser realizado, precisava ser formulado dentro da prisão.

Arrependidos, muitos resolveram voltar para a prisão. Um pouco cansados, mas certamente mais sábios. Desejaram o que era importante: o amor e as pessoas que amavam.

Havia um rapaz, solitário e triste. Com meu filho preso às costas, decidi acompanhar-lhe até a prisão para que ele desejasse o amor e a felicidade.

Chegando lá, ele desejou ficar mais 8 anos preso no passado.

Eu disse a ele: se você quiser ainda pode sair daqui. Sabe o que precisa ser feito.

Em resposta ele me entrega os meus bens materiais: livros antigos que haviam ficado por lá. Passa-os um a um pelo beiral da porta.

Olho para os livros e para o meu filho que brincava agora a meu lado. Sorri, peguei meu filho no colo e disse a ele que ficasse com os livros antigos e fui para casa em segurança.

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