Lost (da emoção)
Cansada de apertar os botões a sua procura
Lia os textos sentindo nas entrelinhas a pura emoção
Apegada aos sentimentos envolvidos na trama
Encontrava a razão dos pensamentos perdidos
Todos os dias ela o espera, e o encontro nunca acontecia...
Cansada de apertar botões sem o encontrar,
Lia atentamente as poesias em busca de outra identidade
Tudo parecia falso na memória, mas ela não poderia esquecer
Saindo então a sua procura, a ilha era o deserto do seu amor
Perdido, poderia sofrer, e atravessou o tempo da procura
Tempestades, cachoeiras, riachos, penhascos de paixão
Jamais poderia imaginar não encontrar, não ver, e perder
A meta assumia o desespero da partida
Sem volta? A ilha teria retorno
Sobreviveria aos maus momentos
Outros poetas falavam em seu nome
Descobria dores entrelinhas e amores
Nada parecia real através do tempo que passava
O corpo tomado pela necessidade na busca envergou-se,
Os cabelos cresciam e espantavam os pássaros
O corpo endureceu as pernas e o caminhar era errante
Uma mulher poderia ter tanta busca? Maior que a espera?
Alguns nunca concordariam com essa loucura
Deveria ainda assim, ser apenas feminina
Calada e quieta, apertar os botões da vida
Procurar apenas o canto do sentimento do aguardar
Mas a selvagem, translúcida mulher guerreira,
Teria que sair a procura do amor perdido pela selva
A necessidade dos versos,dos poemas, era eminente e verdadeira
Nunca mais poderia ser a mesma sem esse amor
Entre os caminhos obscuros, traduzidos pelo real sabor das lembranças
Esquecia do porque do tempo, já tinha se transtornado tanto!
A vida dura da solidão no mato, o mar aberto, entre lugares poéticos
O lindo nascer, para depois se por, do sol imaginado com ele,
A vida passara com tantas contradições!
Embrenhada nas noites frias onde o vento é companhia
O amor não passa assim, é tanta a vontade, é tanto o desejo!
Como o buscar-se, não esmorece, mesmo através do outro,
O poético encontro haveria de acontecer num dia assim de luz e sol
O amor perduraria mesmo que sem esperança!
A vontade já teria diminuído com o tempo
Mas no encontro, a vida mostraria a vivencia, e o desejo real
Os seus escritos fazem falta, era uma falta inexplicável de amparo,
No dia chuvoso, na noite sombria, uma clareia do nada ascendeu à esperança em chama
Correndo entre os arbustos e ao longe, pode ver a edificação sólida
Só poderia ser ele, o amor teve tempo de fincar raízes e construir
Sim, era ele, assim como a certeza bate a porta, apenas agora sabia
A construção era uma fortaleza de espera
Entrando com a felicidade nas mãos, o desejo de amá-lo,
O tempo tinha se manifestado naquela mulher, nem era mais tão ela,
A guerreira e bruta, qual bicho vestida entre trapos, chegava com o coração na mão
O homem que apenas via o vulto que se aproximava, no meio da névoa
Entre os galhos correndo, não mais a identificaria na escuridão da espera
E diante de tamanha vontade e eloquência, o desejo era real e palpitante,
Um estampido cruzou o ar na escuridão da noite fervente
Ela atravessou a ilha toda, poderia dizer que depois desse encontro,
Iria olhar mais para si mesma, envergonhada por sua sujeira,
Num sem jeito de nunca mais ter-se visto sem ele
Poderia dizer sobre os lugares, os percursos, tudo da sobrevida,
Poderia dizer sobre o corpo, ainda que sujo e endurecido, mas sedento de vontades,
Lembrou-se de esquecer-se no tempo da procura
Desejava apenas mais uma vez olhar seus olhos, beijar seus lábios
Enxugar alguma lágrima de sua solidão,
Mas diante da edificação, uma lareira com certeza em fogo ardente abria-se
A espera por parte dele nunca existiu?
O medo do desconhecido fala mais alto?
Todos os outros se perderam na espera, na busca, ou acomodaram-se
A mulher guerreira, apenas queria amar mais um dia, e saber que ele está bem!
Encontrar depois de atravessado o mundo desconhecido,
E nunca mais perder o amor de vista!
O estampido, fez dela, a mulher menos corajosa,
A vida esquecida entre o desejo de amá-lo e a coragem de achá-lo,
Uma idéia menina, exótica e diferente de qualquer mulher apaixonada
Como pode nunca esquecê-lo? Como pode jamais ter-se indagado do medo dele?
A falta dele, teria justificado esse bicho sem vontades? Ela nada construiu?
Perdeu sua vida ao acaso na busca incessante ao desconhecido?
Era o nada? Era o tudo de quem?
A luz sumia no final dos olhos em lágrimas,
Escorriam na face à tempestade que se aproximava,
O tempo nem passou para ele, tão lindo como sempre, tão carinhoso
Amargou o gosto da falta do beijo e quem ela era?
Uma louca selvagem atravessando a mata?
E assim como uma folha seca, tombada ao terror do medo de amar
E como num último desejo, aos prantos de uma dor sem volta,
O amor apenas curvou-se e levitou seus ombros aos céus
O tempo parou de passar e ainda assim ela reconheceu-se em seus braços,
Todo o amor, ainda que no último suspiro, quisesse dizer,
Valeu a pena ver-te de novo meu amor.
Diana Balis
27de Janeiro de 2009.................................................................................................................................................................................................................................................................................