O Alpinista

Os equipamentos estavam perfeitos, tudo no seu devido lugar, a coragem nunca foi e nem será jamais minha grande virtude, mas para esse caso eu abri uma exceção. Embarquei, levando na mala a foto de uma santa, se não santa era uma Deusa, e deixei-a guardada no bolso esquerdo da minha mochila de equipamentos, fui levando comigo a esperança de que tudo iria dar certo e a certeza de que iria te ver novamente.

Cheguei, lá estava ela, imponente, grandiosa, uma das maiores coisas que já vi em minha vida, porém, maior que ela era o meu amor por ti, por isso decidi não desistir, aquela montanha não iria me parar.

Comecei a escalada, com ela veio o frio; este me fazia sentir minha própria alma congelar, mas o calor da paixão que carregava no peito não me deixava abatido. A musculatura por sua vez estava a cada dia mais desgastada, contudo, o que me faltava de coragem eu compensava com vontade. A fome quase me devorou, porém a esperança de te ter novamente em meus braços me alimentou em toda jornada. A sede só não era maior que o meu medo de morrer, mas eu resisti, cheguei ao pico, venci aquela enorme montanha e vi de perto a mais bela flor do mundo, colhi-a, abri o bolso esquerdo da mochila, peguei a tua foto e coloquei em seu lugar.

De volta de viagem te dei a flor, colocastes em um jarro próximo a tua cama, e toda vez que te pego a olhar pra ela, sinto a tua felicidade, e sinto também uma alegria que supera de longe toda a fome, sede, ou frio que senti naquela montanha. E tenho a certeza que quando voltar lá uma flor mais linda que essa estará me esperando, pois esta brotará da foto da mais linda Deusa que já existiu.