Uma história a dois (Parte I)

Era uma vez...

Bem lá nos recantos do sertão há uma mocinha que vive a suspirar na varanda de sua casa em noites de luar... E começa a sonhar... Uma janela aberta ao mundo... Ela, em sons de suspiros, imagina... Uma noite... A lua se escondera secretamente, olhando as solitárias estrelas... Ela, em sua janela, lê um e-mail que recebera de um mancebo distante: um jovem, aquecido pela lua... Banhado em estrelas... Desenhado em pingos do orvalho noturno...

Em outro mundo, também, lá longe, em terras jamais visitadas pela mocinha... Lá... Em uma sala em que se ouve o som de uma cachoeira... Vive um homem... Um sorriso na fisionomia que também sonha... Havia aquele endereço no papel amarelado pelo tempo uma lembrança de outras épocas... Resolvera escrever...

Data: dom. O6 Jan 2009 20h

De: mancebodesp@lua.com

Para: mocinhadosertão@estrelas.com

Assunto: Oi

Oi,

Por entre as serras e caatingas do sertão, nascem flores, os galos cantam, as chuvas chegam... Sei que aí está você, doce mocinha...

Como vai? Aqui em papel escrito pelo vento diz que moras em meus pensamentos...

Não receies... Desejo apenas conversar contigo coisas amenas...

Falo de mim: Moro a 60, km da capital paulista, mas trabalho diariamente na cidade e vivencio toda sorte de dramas e sofrimentos. É realmente muito diferente do seu paraíso e quando penso como deve ser... Visualizo-a conversando com as estrelas...

Bate-me uma saudade de não sei o quê...

Beijos, Jovem Mancebo de SP.

Data: dom. O6 Jan 2009 21h

DE: mocinhadosertao@estrelas.com

Para: mancebodesp@lua.com

Assunto: Re: Oi

Olá,

É sim... Onde moro parece ser um paraíso... Pode-se pescar no rio à noite ou ficar conversando na porta das casas até altas horas...

Tudo é calma aqui no sertão- as árvores esperam pacientemente as águas das chuvas; há um canto de pássaros que são até mais (e mais) sabidos do que eu: são conhecedores das notas da vida e cantam uma melodia que rejuvenesce a alma- a minha! E olha que essa está hoje um tanto melancólica... Sinto saudades do tempo em que ler às escondidas “Cinderela” era um grande feito. Eu só queria nesse momento conhecer um pouco mais além dessas árvores que fazem a curva ao longo do rio... E se onde moro parece-te belo, eu ao contrário dessa cidade que borbulha dramas e sofrimentos nas noites, mas que tem tantas outras oportunidades... Nunca fui a uma biblioteca ou museu... Não conheço coisas tão corriqueiras talvez a ti, mas que me parecem cheias de atrativos. Bom era o tempo de criança... Eu não sonhava tanto... Vê como ser criança é tão simples? Ah! O barulho de minha mãe me gritando para ir pegar água no rio hoje me parece tão prazeroso! (...) Que vontade de viajar no tempo... Mas que eu não te seja tão ruim de ler...

Um bj, amigo! Mocinha do Sertão.

*Continua...

Guilhermino & flordecaju

(...a quatro mãos...)

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 20/01/2009
Reeditado em 22/01/2009
Código do texto: T1394810
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