Um romance qualquer (parte 8)
Os casais saíram juntos para jantar, deixaram a escolha nas mãos de Cristiano, que sempre sabia dos melhores restaurantes. Foi escolhido um restaurante tailandês próximo ao hotel aonde o casal vindo do Japão estava hospedado. Pratos pedidos, os casais começaram o papo:
- Quais são seus planos para o Brasil, Mário? Perguntou Cristiano.
- Tenho alguns bons contatos no meu ramo, vou me juntar a um colega dos tempos acadêmicos e começar um escritório.
- Tenho certeza que a experiência na França vai te trazer excelentes frutos para futuro meu amor – disse Fabíola, beijando-o.
- E a sua loja no Japão? Indo bem?
- Melhor do que nunca. Jamais estive tão bem na vida como agora. Mas é necessário ter dinheiro, Tóquio é uma cidade muito cara. Resolvi tirar férias e vim para o Brasil, meu sócio está lá, cuidando de tudo. É difícil achar pessoas tão boas como ele. Daqui a uma semana eu volto pra lá, mas estarei aqui no casamento.
- Tem que estar né – disse Fabíola – vocês serão padrinhos.
- Eu não poderei estar aqui – disse Yoko.
- Como assim? Perguntou Cristiano, assustado.
- Eu tinha esquecido de te avisar. Meu tio vai me mandar para as Filipinas, realizar serviços para a empresa.
- Será que você não consegue adiar essa viagem meu amor?
- Vou tentar, pedirei de joelhos para ele.
- Tenho certeza que ele vai aliviar pra você.
Na semana seguinte, Fabíola e Mário foram levar o irmão e a cunhada até o aeroporto.
- Tchau minha irmã, vemos vocês no casamento – disse Cristiano.
- Boa viagem meu querido, vão em paz – respondeu a irmã.
O casal voltou para a mansão e encontrou Gilberto na sala de visitas, o Senhor Lassale nada falou ao ver Mário e saiu diretamente para o quarto.
- Não ligue – disse Fabíola – você sabe o porquê de ele estar assim.
- Se ele conseguisse ver em mim as melhores intenções para você, mas não, eu serei sempre o oportunista, na cabeça dele. O plebeu que tirou a sorte grande ao se casar com a moça rica. Nós seremos independentes dele, você terá a vida que quer, vamos construir nossa história, constituir a família que queremos.
- Aquele velho ficará sozinho, aliás, ele já, as únicas pessoas que mantêm contato com ele o fazem porque lhe devem dinheiro ou querem um pouco. Ele está cercado de abutres, mas foi a vida que meu pai pediu, não pode reclamar. Ele deve alimentar a esperança de que ainda pode me comprar. Pura fantasia.
Mais um mês ficou para trás, o casamento ia se aproximando, Fabíola continuava como uma líder organizando a própria festa. Já havia organizado as flores, mesas, combinado tudo com a banda. No fim de tudo isso estava inteiramente exausta. Despediu-se do pessoal da decoração:
- Eu estarei aqui de novo amanhã – disse Fabíola.
- Descanse amanhã, ajeitaremos tudo por aqui – disse o chefe da equipe.
- Eu virei até isso estar completo.
- Só não se esqueça de vir no dia da cerimônia.
Fabíola voltou pra casa, pegou mais material que havia sido entregue em sua casa enquanto estava fora. Conferia o conteúdo das caixas que havia pedido para a festa, entre elas estava um pacote com uma caixinha grudada, após isso subiu as escadas para seu quarto. Em seu aposento começou a mexer nas coisas dentro das caixas, separou o que levaria para a chácara no dia seguinte e guardou o restante ao lado dos armários. Com tudo separado, Fabíola notou aquele pacote com a caixa do lado de fora, abriu o pacote e percebeu que havia fotos lá dentro, os retratos lhe mostravam imagens que não queria ver. As fotos mostravam Mário, mas não sozinho, estava acompanhado de uma moça tipicamente francesa, ora segurando-a pelo braço, outra num momento romântico.
- Deve ser uma brincadeira, só pode ser. O Mário deve estar pregando uma peça em mim – disse Fabíola, não querendo acreditar no que os seus olhos viam no momento.
Achou mais fotos no pacote, todas parecidas com as anteriores, Fabíola começava a passar mal, a tontura com a exaustão do trabalho quase a fez desmaiar. Viu a caixinha grudada no pacote, abriu-a, era uma mídia de dvd. Sem pensar duas vezes colocou no aparelho. Cenas de Mário e a francesinha fazendo sexo fizeram muito mal à Fabíola, que desmaiou segundos depois.
Fabíola acordou algumas horas depois e viu duas pessoas no quarto: Carlo e um médico.
- Você está bem? Perguntou o mordomo.
- O que aconteceu Carlo?
- Você teve um desmaio – disse o médico – está precisando de repouso. Você devia estar extremamente exausta no momento.
- Eu estava, também tive uma forte tontura na hora.
- Você não pode se incomodar desse jeito nos próximos dias. Relaxe muito e não se irrite. Você está trabalhando ou realizando algum serviço importante?
- Estou organizando minha festa de casamento. Estou na maior correria, tenho que voltar ao local da cerimônia amanhã.
- Fique em casa – disse o médico. Você não pode ter incômodos.
- Mas eles precisam de mim.
- Eu os aviso de que não poderá comparecer por alguns dias – disse Carlo.
O mordomo e o médico saíram do quarto. Fabíola estava deitada em sua cama, olhou para o chão e viu as fotos viradas para baixo e a televisão desligada. Não haveria casamento a não ser que Mário desse um bom motivo para continuarem os planos.