ACONTECEU NA CAPITAL...
Um dia Sheila veio passear na cidade. Na realidade morava numa cidade do interior e era a segunda vez que vinha à capital. Era ingênua, pura até, sem maldade.
Estava feliz e despreocupada passeando pela rua quando notou um rapaz de média estatura, bonito, cabelos nos ombros, meio ondulados e bem pretos. Tinha um cavanhaque e um sorriso lindo que logo lhe chamou atenção.
E no sinal, ao atravessar a rua, seus olhares se cruzaram e eles quase que perderam o pescoço ao manter os olhos fixos um no outro. Quase foram atropelados, tal a atração que os envolveu. Ele não resistiu ao olhar daquela bela jovem, sedutor, sem ser vulgar e também curioso, voltando no mesmo pé que atravessara a rua. E a abordou na calçada.
- Seus olhos são de um azul tão límpido que me hipnotizaram, disse ele segurando-lhe o braço.
A moça ainda envolvida, mas um pouco assustada não disse nada, Apenas ficou ouvindo ele lhe elogiar, os olhos, o corpo, sua beleza. Realmente ela era uma moça muito bonita, cabelos loiros, cor de mel, olhos azuis, estatura média e um corpo mignon, mas com formas bem torneadas. Chamava atenção quando passava. E tinha seios fartos, que ainda naquela época, sem silicone já enlouquecia os homens. Aliás, eram naturais.
O rapaz logo se apresentou dizendo chamar-se Daniel. Realmente ela pensou, é lindo como um anjo e não podia ter outro nome.
Logo ele a convidou para tomar um refrigerante e como ela estava ali, com tempo, sem fazer nada, aceitou. E eles falaram de tudo, da vida, trabalho, expectativas e estado civil. Quando ele disse a ela que era solteiro isso a deixou mais tranqüila. E ali ficou, ouvindo aquele belo rapaz contar suas aventuras. Ele trabalhava como corretor de imóveis e também não tinha pressa. E foram ficando, até que a tarde veio e ele lhe fez um convite:
- Vamos comigo a um apartamento aqui perto , pois tenho que avaliá-lo pra mostrar pra um cliente, explicou Daniel.
O que Sheila inocentemente aceitou, sem pensar duas vezes, tão embevecida estava com o rapaz, de bom papo, sorriso largo e envolvente. Ele também tinha uma voz!!! Que ela não ouvia mais nada, não pensava em mais nada a não ser em ouvi-lo. O mundo tinha sumido à volta deles. Para ela só ele existia naquele momento. E ela acompanhou-o ao apartamento.
Quando estava subindo as escadas, não foram de elevador porque estava quebrado, é que a garota foi pensar no seu ato instintivo –aceitar o convite de um desconhecido – mas não há de acontecer nada que eu não queira. Eu me garanto, pensou.
Quando chegaram ao apartamento, realmente Daniel mostrou que seu intento era verdadeiro. O apartamento estava vazio e na janela a placa de aluga-se...mas limpo, piso assoalhado e com sinteco e bem limpo. Após um breve exame Daniel tirou seu casaco e o colocou no chão e convidou a moça para sentar-se junto dele. Ela emocionada aceitou e ele lhe deu um beijo que nunca mais ela esqueceu. Os anos passaram, mas este beijo ficou na lembrança, aliás, não só o beijo, mas aqueles momentos – ternos, inocentes, mas de uma sensualidade pueril. Afinal ela era virgem e disse isso a ele quando o rapaz tentou tocar seus seios. Ele era tão carinhoso que Sheila não resistiu e sentiu essa sensação pela primeira vez...todos seus póros arrepiaram, sua pele eriçou-se, seu corpo estremeceu ao toque suave de Daniel. Mas não podia deixar de pensar que era virgem. Naquela época as moças eram educadas para casarem virgem e por incrível que pareça os rapazes respeitavam isso.
E ali ficaram bem mais que uma hora, uma hora de amor, de descobertas, de beijos ora ternos e suaves, ora mais afoitos. Uma hora de novas sensações. Ele desabotoou sua blusa e tocou seus seios com os dedos. O contato de pele com pele despertou na moça um desejo nunca antes experimentado. E ela sentiu molhar a calcinha, sentiu uma quentura desconhecida na sua intimidade. E parece que Daniel tudo percebia. E os carinhos iam ficando mais ousados . Excitada, já nem se lembrava que estava conhecendo aquele rapaz naquele dia, que o vira em poucas horas. Quando ela já estava a ponto de se entregar àquele desconhecido, ele mesmo olhou para o relógio. Já era noite e isso os trouxe à realidade.
Devagar Daniel abotoou sua blusa , arrumou sua calça, que já estava prestes a tirar e se levantou, dizendo estar na hora de saírem. Antes de abrir a porta ainda se deram um longo beijo, que a deixou novamente amolecida e já arrependida de ter confessado sua virgindade, pois o que queria realmente era entregar-se àquele rapaz.
Já na rua se despediram. Daniel ainda lhe deu um número de telefone, mas ela esqueceu de dar o dela. Ainda marcaram novo encontro, mas Sheila iria viajar no outro dia de volta pra sua cidade. E o encontro não aconteceu.
Sentada na poltrona do trem a moça ia relembrando aqueles momentos e pensou que por um triz já não voltava pra casa como fora –virgem. Quando chegou na estação seu pai a esperava e ela aí sim deu-se conta do acontecido e respirou aliviada, pois naqueles momentos não havia pensado em como tal fato iria magoar seus pais, que a criaram com uma educação moral consciente, mas sem repressões, e ela os amava muito, principalmente ao seu pai . E respirou aliviada e feliz. Agora pelo menos tinha aqueles maravilhosos momentos para relembrar.
E eles nunca mais se viram, nem se falaram. Mas Sheila nunca mais esqueceu aquele anjo e aquele passeio na capital.