Amor paterno,amor filial

José levara a vida com simplicidade,lavrador e esposa dona de casa.Tudo que tinham de mais valioso eram os dez filhos e pensava bastante na saúde deles e dos rebentos.

Na sua juventude,José fora convocado para o exército e lutar na guerra.Partiu com pesar,pois namorava e temia não retornar.Voltou da guerra sem nenhum defeito físico,mas sua mente guardava cenas horríveis dos seus amigos;alguns morreram.

Ás vezes,lágrimas corriam pelo seu rosto,mas era preciso prosseguir.Casou-se e era pai a cada ano ou de dois em dois anos.Tinha amor e carinho pelos filhos e pela esposa.Não fazia uso de bebida alcoólica nenhuma,mas começou a fumar durante a guerra e não mais parou.Sua esposa adquirira o mesmo vício,mas nenhum dos filhos fumava,bebiam socialmente.Nenhum dera preocupação á José.

No aniversário das crianças,mesmo que não tivesse presente,José beijava-os antes de dormirem e dizia:

_Parabéns!Papai não tem presente agora,mas depois você ganha.Que Deus te dê saúde e te abençoe!Era o suficiente para as crianças ficarem felizes,ele havia lembrado-se da data.

José criara os filhos com dedicação e fazendo o possível para não lhes faltar nada.Levava as crianças á escola de carroça ou á cavalo.E dizia:

- Quando ficarem jovens,mudaremo-nos para a cidade para continuarem os estudos.E assim aconteceu.

A esposa de José ás vezes não entendia aquela personalidade ora carinhosa,ora agressiva,mas eram as lembranças que ele guardava que confundia seus sentimentos.

Os filhos foram crescendo e José comprara uma casa na cidade morando sozinho na fazenda.Estudando e começando a trabalhar os filhos passaram a ajudar José nas despesas do lar e a tornarem a casa mais confortável.De quinze ou vinte dias José visitava a família que o amava muito.Vez ou outra,uma das filhas ia á casa de José e dava uma faxina na casa,lavava e passava toda roupa,levando comidas e delícias que o pai gostava.

Então uma tragédia abateu-se sobre aquela família.José,administrador da fazenda recebera ordem do patrão que demitisse um empregado que não encaixava no perfil do empregador.

Quando José fêz o que lhe fora ordenado,recebeu uma ameaça de morte.Mas José não preocupou-se,afinal, na hora da raiva as pessoas dizem coisas por constrangimento.

A vida transcorria tranquilamente,até que numa manhã a família de José recebera um recado que José estava passando muito mal na fazenda,um homem que não sentia nem uma dor de cabeça!!A esposa e uma filha de quatorze anos estavam em casa arrumaram um carro e partiram imediatamente para a fazenda,correria inútil,José já estava morto,com um grande corte na nuca.

O patrão de José levara o corpo e o laudo constava:infarto.A filha de quatorze anos não aceitava a hipótese,a filha sou eu.E se provasse o contrário não o traria de volta.

A saudade ficou e o aperto no peito ás vezes volta,aos cinquenta e três anos meu pai partiu para sempre.Mas nunca esqueci dele,mesmo que eu chore,as lágrimas lavarão a tristeza.