Um Poeta Entregue à Existência Surrealista

Eis o branco ameaçador de uma folha de papel diante de Jordi. Sentado no Saguão Nobre da Biblioteca Municipal Prof. º Fenelon Barreto (local onde funcionou o famoso Clube Literário, ali instalada a Biblioteca dia 1.º de outubro de 1882, embora a Agremiação existisse alguns anos antes desta data). Observa os móveis antigos, as grossas paredes e as prateleiras das estantes.

Lágrimas chegam aos olhos do poeta, quando lembra ter existido ali uma Biblioteca com mais de cinqüenta mil livros, uma das maiores do Brasil.

O desaparecimento desses livros é um mistério. Como não se explica o Clube Literário ter acabado, após frutificar grandes nomes da nossa Literatura, como Ascenso Ferreira, Jayme Griz, Milton Souto, Hermilo Borba Filho, Fábio Silva, Fernando Griz, Miguel Jasselli. E recebeu visitas ilustres para participar de Reuniões, como Silva Jardim e Joaquim Nabuco que proferiu inflamado discurso em prol da República, no Clube Literário.

A decadência é visível na Terra dos Poetas. Numa época com vários espaços culturais, há desestímulo de surgimento de Organizações Culturais, numa Cidade onde existiu uma Academia de Letras. Sem falar nas expressões culturais desaparecidas, como os Maracatus, os Pastoris, Caboclinhos e Bacamarteiros.

A tristeza trás o branco. O papel em branco. História com páginas em branco. Artistas desprezados pelo Sistema, interpretando papéis em branco, sem o aval do carimbo oficial.

E tantos excelentes atores das diversas expressões culturais, em busca de um papel a representar, com espaços travados pelos “donos dos espaços culturais” ou pelas omissões do Sistema político-econômico.

A página em branco e a idéia da cruel realidade de um escritor, inspirando-se na angústia.

Vladimir, um amigo poeta e sindicalista, aproxima-se.

- Diz aí, que cara é esta? Lembrando de algum amor perdido?

- Melhor seria lembrar um amor perdido que a sorte me levaria a reencontrar e depois querer mais amar e não mais o destino mal amar...

- Jordi, esta construção tem ritmo, pode ser um início de um poema.

- Por este motivo escrevi aqui no papel.

- Conta aí às novidades.

- Que novidades!... Vladimir, caro amigo, está tudo velho e borrado nas lembranças carbonizadas pela crueldade sócio-política!

- Novidades políticas! Após essa eleição...

- Não me fale na eleição. Estou muito decepcionado.

- Jordi, você engajou-se numa luta ideológica contra o poder econômico e chicotes do coronelismo. Houve vitória.

- Eu me coloquei como voluntário para ser fiscal. Disseram me querer para ser um Delegado. Expliquei não ter Partido, então quiseram indicar como um representante da Coligação.

- Que bom!

- Deixaram-me de “banho-maria”. No momento de fecharem a coisa, os chefões não quiseram assinar, fundamentados no meu jeito de brigão.

- Seria bom você ser um Delegado da Coligação, tendo esse jeito. No dia da eleição, tem que ter garra!

- Quando observei os fatos do dia da eleição, entendi tudo. Houve tolerância demais. Afinal, a disputa pelas compras de votos foi vista dos dois lados da contenda. Chegou a um ponto que não sabíamos quem na realidade representava o poder econômico e o coronelismo, diante da mistura. O medo imperou e o chamado “palanque da paz e do bem”, também aceitou a infiltração dos tubarões financeiros.

- Jordi há grande mistura. No final, eu também apoiei, era o jeito. Se ruim com ele, melhor sem ele. Então, o voto foi para a reeleição em prol da manutenção da liberdade de expressão.

- Os policiais fizeram-se de cegos. Na frente deles, distribuição de dinheiro e de bebida alcoólica. Invasões de candidatos nas seções eleitorais, abertamente pedindo votos.

- Jordi, eu fui fiscal do Partido. Denunciei irregularidades, telefonando para a Central da Coligação e ninguém tomou providências. Mostrei a um policial um candidato distribuindo dinheiro e latinhas de cachaça, defronte ao prédio de um Educandário onde existiam várias urnas eleitorais e ele disse, “daqui a pouco voltarei para ver isso, preciso ir ao banheiro e urinar”.

- Vladimir, eu fiquei estarrecido com a terrível baderna dos militantes do candidato da extrema direita que perdeu a eleição! Muita gente na Cidade ainda está com medo! Mesmo diante das reações do Juiz Eleitoral, dando ordens para prender os baderneiros.

- Fiquei revoltado ao ouvir as pessoas afirmando que eles fizeram anarquia. Ora, Anarquia é uma ideologia mais difícil de seguir e praticar que o Socialismo!

- Gente sem educação que não conhece o romance “Utopia”, de Thomas Morus. Tornou-se comum denominar anarquia todo o tipo de bagunça e desrespeito. Mas os anarquistas nunca fariam aquilo, principalmente sob patrocínio de gente envolvida nas CPIs do narcotráfico e da violência! Se não tivessem surgido candidatos somente para atrapalhar, sabendo que não ganharia, a diferença seria pouca.

- Amigo poeta, com todos aqueles Deputados vindo aos Comícios, falando no Programa Eleitoral e o candidato da extrema direita, -citado como assassino, -conseguiu votação expressiva, com diferença de pouco mais de mil votos para o vencedor. E houve abstenção de voto de doze mil eleitores, mostrando descontentamento com os políticos! Imagine se esses doze mil eleitores tivessem decidido votar num candidato de uma terceira via fortalecida?

- Vladimir, eu sei que lutaram por uma terceira via, mas ainda não seria o momento certo. Talvez no futuro próximo...

- Nós da esquerda estávamos calmos e pacíficos, enquanto a extrema Direita, bagunçando a Cidade. Caiu a nossa fama e eles estão queimados!

- Que esquerda? Não existe esquerda em Palmares, como em todo o território nacional! Há uma mistura grande de tipos de gente em todos os Partidos! E o que aconteceu, para várias pessoas, foi um grande show. Novidades para movimentar a Cidade!

- Jordi, eu creio que se o atual governo não cuidar de suas bases, na próxima esses extremistas ganharão a eleição municipal e tomarão o poder.

- Então deve haver união. Quanto a tomar o poder, já estão no poder e muita gente não percebe. O Governo do Estado deu plenos poderes a eles, entregando cargos a pessoas daquela facção política.

- Mas não têm a Prefeitura dos Palmares. E desejam as Prefeituras dos Municípios da Mata Sul!

- Vladimir, assim é o jogo político. A centro esquerda lutou e venceu. Ao errar, a Direita ou a Extrema Esquerda vencem. E atualmente, não se sabe mais quem é esquerda nem direita! Não mais existe essa divisão no Brasil. Os Partidos estão misturados, as pessoas vão para onde há mais vantagem, dando oportunidades para vermos os maus caracteres entrando nos leilões da honra e dignidade humanas... Telles Júnior denominou esse jogo de “esquerda ou direita? Política de sapateiro...”.

- Lembro que Telles dizia que tem político tão safado, que é um safado escrito com cedilha (rir). E apontava: aquele é um safado com cedilha! (rir)...

Durante este diálogo, Jordi lembra o quanto sabe sobre as influências de forças sutis sobre esses políticos que são apenas marionetes nas mãos das energias dos Sinistros.

Vanda, uma dolescente, aproxima-se e pede para falar em particular com Jordi. Pedindo licença ao amigo, vai até um canto afastado, diante de um dos janelões do prédio. Vanda tem olhar lânguido e provocador. Afaga os braços e a face de Jordi.

- Jordi, meu querido, tenho algo muito importante para falar com você.

- Diga.

A garota demonstra aflição.

- Aqui não. Vamos para um lugar calmo.

- Mais calmo que uma Biblioteca onde o silencio convida para o estudo?

- Ora, um lugar onde eu fique sozinha com você.

- Lá em casa.

- Não, na minha casa. Não tem ninguém lá e estou com a chave.

O olhar da garota expressa extrema sensualidade. Jordi se preocupa. Ao conviver com adolescentes, tem muito cuidado e gosta de aconselhar as garotas e garotos. A Mídia está a cada dia propagando mais a promiscuidade e o sensualismo, deturpando as mentalidades. O acesso à informação via internet, sem barreiras, coloca a pornografia facilmente às vistas de todos. Quem educa, precisa orientar sobre tudo isso e Jordi dedica-se neste aspecto de cuidados.

- Vanda cuide-se. Não fica bem eu entrar na sua casa com você, sem a presença dos seus pais ou seus irmãos.

- Então vamos para a Praça Ascenso Ferreira.

- Outro lugar impróprio. Imagine, sair andando com você por aí, pelo Viaduto Lúcia Paiva e atravessar a BR-101, e ficar conversando num lugar daquele, fora da Cidade!

- Você é muito cuidadoso. Que tal irmos para a Praça do Cocão do Padre?

- É possível. Não sei porque esse mistério.

- Tenho um grande problema que você pode me ajudar. E uma surpresa que você vai gostar.

Com seu jeito solidário e preocupado com o jeito de Vanda, Jordi imagina que houve algum problema na família dela ou está precisando de conselhos para questões íntimas.

Despede-se do amigo Vladimir, explicando ter que ir resolver um problema.

Jordi e Vanda saem, andando pela Praça Maurity e Rua Pedro Ivo, em direção ao local sugerido. Passando pela Praça Bispo Pereira Alves, o amigo Jalil está esperando um transporte e acena para Jordi, piscando o olho, num sugestionamento sobre a garota. Jordi fica encabulado e pensa, “será que ao andar ou conversar com uma garota, há um relacionamento amoroso? Muita maldade na mente das pessoas...”.

Chegando diante da Praça Prof. º Miguel Jasselli, Jordi sugestiona conversarem sentados naquele local. A garota concorda. Mas pede para sentar num batente de uma escadaria na encosta do viaduto. E com jeito sensual, fica encostada ao corpo do poeta. Ele a abraça e a beija na testa.

- Jordi, meu amor, queria que este beijo fosse na boca.

- Deixa de brincadeira, menina!

- Menina? Você é que não nota. Sou bem crescidinha, pronta para você.

Estando ao lado esquerdo do rapaz, a garota acaricia a coxa dele com a mão esquerda e com a direita, acaricia o pescoço e nuca. Encosta a face na face de Jordi, beijando suavemente a bochecha do rapaz, aproximando-se devagar do queixo e do canto da boca dele. Continua um suave mordiscar com os lábios na pele da face de Jordi.

- Vanda deixe de dengo e me conte seu problema. Daqui a pouco terei que me preparar para uma aula. Você sabe que ensino à noite. E passam dez minutos das dezessete horas. Diga qual o problema.

- Tente descobrir.

A garota fala com ar sedutor. Com a mão direita, acaricia as costas de Jordi e com a esquerda, seu abdômen e busto. O toque é suave, alternando com massagens fortes, apertando os músculos do poeta. Ele mostra-se surpreso com tudo aquilo.

Vanda é morena e tem cheiro agradável. Um suave perfume de alfazema misturado com suor brotando de sua pele naquele instante, levada por forte emoção. Cabelos negros encaracolados, com cheiro de shampoo de ervas.

Vanda cruza as pernas e num gesto provocador, coloca uma perna sobre a perna de Jordi, de modo a mostrar ao rapaz suas belas coxas que uma mini-saia pouco cobre. Nesta posição, o rapaz ver parte do volume genital, sob uma calcinha cor da pele, cujo bordado suave na renda, mostra contornos excitantes.

As mãos dela são macias. Olhos grandes brilhantes, na face de índia.

Jordi sente-se excitado. A respiração ofegante acompanha o ritmo da respiração dela. Aquele sorriso torna-se hipnótico, com o rosto pertinho do rosto dele. Vanda continua as carícias, sentando nas pernas de Jordi enquanto lambe os lábios do poeta. E pára, olhando fixamente para ele, face a face, com nariz encostado ao dele.

A garota movimenta-se sobre a virilidade do jovem e ele não pode impedir a aproximação aos seus lábios, daqueles lábios carnudos de forte vermelho de batom com cheiro de morango. Durante o beijo1, um abraço aproxima mais o casal. Vanda suspira, geme e agilmente passeia suas mãos pelo corpo do poeta, desabotoando sua camisa, tentando tatear mais afoitamente. Pega uma mão do rapaz e coloca sobre um dos seus seios. Jordi sente os túrgidos mamilos dos seios da adolescente, -a caber em sua mão, -cobertos somente por fina blusa. Vanda estremece em suspiros e gemidos.

Tendo o corpo bem desenvolvido, a face da lânguida adolescente mostra os sinais da menor idade. Abrindo os olhos, Jordi vê a face daquela menina a suspirar de olhos fechados, languidamente entregue aos seus braços. Com jeito, Jordi a afasta, delicadamente para a direção dos seus joelhos.

- Menina, você tem menos da metade da minha idade!

- Amor não tem idade. Você escreveu isto num poema! Eu o decorei. Quer que declame para você?

- Tem razão, eu escrevi. Mas... (está nervoso)

- Mas o quê? Você gostou. Veja só como está excitado. Dá pra ver claramente. Puxa, como você é bem provido! Gostoso!

Ela tem fisionomia gulosa e gargalha. Jordi sente-se envergonhado. Vanda continua.

- Está ficando escurinho aqui. Vamos aproveitar! Recite uma poesia para mim! Você quando foi na sala de aula falar sobre poesia, disse que devemos nos entregar às emoções e não deixar as coisas boas da vida passar.

- Vanda, menina danada, não distorça.

- Eu amo você!

- E tem idade de ser minha filha! Diga logo o seu problema.

- Preciso pedir uma coisa. Você me dá?

- Depende.

- Um presente de aniversário.

- Se não for caro.

- Bem... Para mim é precioso. Mas para você é fácil.

- Vanda, eu não sou rico. Não sei porque tem gente a pensar que os artistas são ricos!

- Você é rico. Muito rico! (com jeito malicioso e direcionando o olhar para o baixo ventre do poeta).

- Menina! Se cuide! Vamos para casa!

Levanta-se.Vanda fica de pé também e o abraça languidamente.

- E o meu presente?

- Diga qual é.

- Próximo mês será meu aniversário de dezesseis anos de nascimento. Uma idade boa para ter vida normal.

- Muito bem. Vida normal, cuidando dos estudos, não faltando aulas, preparando-se para estudar na Faculdade. Vamos, você precisa ir para o Colégio daqui a pouco.

- Espere. Deixe-me fazer o meu pedido.

- Não tenho tempo para brincadeiras!

- Olhando seu jeito, fico imaginando como seria me sentir todinha acariciada por você. É delicado, com mãos de escritor, sem calos... Mãos finas... Vou ao ponto: ao completar dezesseis anos, quero ter minha primeira relação sexual com um homem e o escolhido foi você. Quero este presente.

- Eu? Ah! Não é somente escolher e ter. Você precisa muito de conselhos! Agora me deixou preocupado! Sexo não deve ser banalizado.

- Jordi, eu não estou banalizando, se escolhi você. Banalizando, se escolhesse um homem qualquer... Fico imaginando, amando você e ouvindo poemas feitos na hora, sobre nosso enlace...

- Não confunda amor com desejo sexual.

- Mas faz parte. Amar é querer, desejar, além de compartilhar a vida!

- Muito bem. Falou bonito: compartilhar a vida. Mas primeiro precisa aprender a viver, procurar fortalecer o emocional e amadurecer. Praticar sexo precisa de amadurecimento físico e emocional.

- Que nada! Isso já era! Você tão jovem e com esse papo! Eu quero você. É o que importa para mim. Quero um homem experiente!

Continua abraçada a ele. Coloca a cabeça sobre o busto de Jordi e chora.

- Vânia, você me é querida e tenho cuidado. Gosto muito de você. É uma garota inteligente e bonita. Mas nunca me envolveria com você somente pelo sexo. Nunca fiz isso com ninguém. E não farei com alguém, passando por uma fase delicada de adolescente.

- Mas você gosta do meu beijo. Mostrei que sou carinhosa e sei deixar um homem maluquinho. Você gostou daquela ralação, até manchou a calça!

- Pare com esse vocabulário! Essa gíria não fica bem para uma garota de bem! Você me deixou numa situação difícil. Mas parou nisso. Jamais repita isso novamente. Vamos ver o pôr do Sol lá de cima do Viaduto.

Jordi e Vânia saem em direção ao Viaduto Professor Lúcia Paiva. Ao chegar na murada do Viaduto, observando o pôr do Sol, Vânia abraça novamente Jordi e fala manhosamente.

- Ah! Então eu não atraio você. Preciso emagrecer um pouco? (chora)

Jordi olha aqueles olhos lacrimejando. Fica sentido e chora também, como é seu costume.

- Não é isso. Seu corpo é ótimo. E sensual. Analise direitinho como está agindo. E o celibato é a melhor prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS.

- Você é sadio.

- Preocupo-me sobre suas atitudes. Com esse seu jeito, pode querer afogar mágoas com outro qualquer. Ou outros. Sua libido é intensa!

- Então case comigo. Eu desejo muito você.

Mesmo sem o batom que saiu quando o beijou, a garota tem os lábios avermelhados, com jeito de “quero mais...” Ele a beija ternamente, superficialmente nos seus lábios.

Ela fecha os olhos. Seu corpo, colado ao corpo do poeta, ritmicamente e vagarosamente, movimenta-se com jeito excitante. O rapaz tem o corpo suado pelo autocontrole. Vanda limpa com as mãos, o rosto de Jordi, manchado de batom.

O sino da Catedral badala o toque da Hora do Angelus. Quando Vanda afasta-se por alguns instantes para fazer o sinal da cruz, Jordi aproveita e sai andando apressado.

- Vamos para a aula, garota! Salvo pelo sinal da Virgem Santíssima! Obrigado, meu Deus!

Vanda acompanha, reclamando.

- Não perdi as esperanças. Jordi, o escolhido é você!

- Precisamos conversar sobre muita coisa, mocinha! Você quer me colocar numa situação difícil? Seria crime, sendo você de menor.

- A gente casa. É muito simples!

- Casamento não é algo simples assim. Estou com mais de trinta anos e ainda não casei.

- Vai casar comigo.

- Só faltava essa! Ai, meu Deus! Tenho que ter cuidado quando declamar minhas poesias e para quem declamar!

- Você reconhece que me seduziu!

- Pare com isso. Quer prejudicar minha carreira artística? Desse jeito, ficarei mal visto!

- Ah! Você tem vergonha de mim!

- Você é de menor. Do jeito que a coisa está para os artistas, se eu for acusado de sedutor de menores, prejudica o Movimento Cultural! Além disso, não estou apaixonado.

- Mas conquistarei você. Paixão pode ser conquistada...

A conversa continua nesse ritmo durante a caminhada até um ponto da cidade onde os dois seguem rumos diferentes. Ao se despedir, Vanda comenta, “no dia do meu aniversário, encontrarei você onde estiver!” Jordi retruca, “você é muito teimosa, mais que algumas prostitutas adolescente, a obedecer quando as mando para casa, ao passar de madrugada pelas ruas! Você me deixa preocupado!”.

Vanda sai assobiando uma tradicional marcha nupcial.

Chegando em casa, Jordi toma um banho frio demorado. Quando vai guardar a roupa no cesto de roupas sujas, nota como a camisa está manchada de batom na gola e na manga. “Que garota danada!” Pensa.

Não janta. Vai meditar. Acende um incenso de musgo do carvalho, aroma utilizado pelos antigos magos como regenerador de energias. Pratica uma técnica de Raja Ioga durante quarenta minutos. Ao terminar, sai de casa para proferir uma palestra marcada para as vinte horas. Está atrasado por dez minutos e pede desculpas.

Ao terminar a palestra, um estudante se aproxima e pede um poema bom para conquistar uma garota. Jordi rir e atende ao pedido, tirando da pasta um poema, o qual é copiado pelo garoto. Enquanto isso, o poeta abraça e beija as faces das garotas presentes ao evento, autografando livretos com poemas líricos sensuais, vendidos a preço módico aos estudantes.

Passeando pela Praça Dr. Paulo Paranhos para respirar o ar noturno, conversa com jovens estudantes interessados em teatro. E chegando numa roda de amigos, não nota o horário passar, ao ouvir naquele circulo fraterno: Marquinhos Palmares, Erivan Kruel, Mazinho e Zé Ripe, cantando e contando piadas. Evilásio do Sax aparece e faz um improviso poético contra a violência e encerra com um jazz ao sax, obtendo aplausos dos estudantes. Ele comenta, “aplauso é bom, mas artista precisa de grana para comer e sobreviver, por isso vou buscar espaço lá fora, sacaram?”.

A turma rir. Jordi nota que está tarde, ao ver que um ônibus chegou de Serro Azul, na maior barulheira, trazendo o Grupo de Arte Popular, da Coreógrafa Gil Sales e o Grupo Maracaúna de Linaldo Martins e Bony.

Jordi despede-se quando Lulika dos Palmares estaciona o automóvel, com característico jeito político, oferecendo pagar a conta da turma e os artistas ficam brincando e bebendo na Praça da Alimentação da Praça Dr. Paulo Paranhos.

Defronte a Catedral, encontra Paty, garota sensível. Juntos, direcionam-se à Praça Dr. Ismael Gouveia, defronte à Prefeitura dos Palmares, enquanto comenta filmes recém lançados à disposição na locadora de vídeo cassete.

Chegando a Praça, sentam num banco e dialogam sobre livros adquiridos pelo poeta, recentemente. Ela fica interessada em ler traduções da obra “A Eterna Busca do Homem”, de Paramahansa Yogananda (©Self-Realization Fellowship). Jordi explica que tem traduções divididas em seis volumes e emprestará um volume por vez, - ao terminar cada volume, emprestará o subseqüente.

Paty lembra que na bolsa tem um livro que Jordi emprestou e o devolve: “Fragmentos”, de Dr. Mozart Borges Bezerra. Comenta sobre os casos engraçados e pitorescos narrados no livro sobre Palmares, mostrando curiosa para conhecer o escritor que foi Presidente da Academia de Letras e Artes do Nordeste. Triste, o poeta diz, “ele faleceu... Eu perdi contato com ele durante alguns anos. Nunca devolveu o livro” Os Dragões do Éden “, de autoria de Carl Sagan que emprestei em 1991... Ele disse ao telefone que lia e relia a obra, estava muito embevecido pelo conteúdo. Citei a obra quando conversávamos sobre o cérebro e a mente humana... Ele pediu para ler o livro...”.

- Hoje é um imortal.

- Paty, ele sempre foi imortal.

Os amigos olham-se em silêncio por alguns minutos. Paty tem os lábios sensuais, convidativos para um beijo. O poeta beija superficialmente os lábios da amiga. E ela comenta, “um beijo de companheiros de palco! Obrigado! Quem sabe algum dia sejam beijos de amantes!...” Jordi rir. Ele não olha para a amiga com olhares de apaixonado.

Os lábios da amiga, naquele terno carinho, deixam sensação agradável, um formigamento e calor nos lábios do poeta. Ele rir e abraça, comentando sobre o perfume de sua pele. Vai até um canteiro e colhe uma flor e prende-a no canto da orelha de Paty.

- Querido poeta, pena que a flor vai murchar com o calor da minha cabeça. Ela é delicada e frágil...

- As rosas são da família das maçãs, sabia?

- Não. Jordi, você descobre cada coisa!

- Você estuda biologia e não sabe disso?

- Por estudar biologia, não quer dizer que sei de tudo. Nem se compara com sua vivência como ecologista ativo pesquisador com cursos até no exterior.

- Deixa isso pra lá. Olhe a Lua, amiga. Está linda!

- Ah! Você é mais bonito que eu: viu a Lua primeiro! Alguma poesia?

- Não. Nenhuma poesia. Estou passando por uma fase em branco. Papéis em branco perseguem minha caneta estática. Tenho somente marcas de fatos e atitudes humanas com vontade de apagar da mente.

- Quantos rancores! Pensei está tudo bem. Soube do seu nome entre os convocados para assessorar o Governo Municipal na área de Cultura.

- Conjecturas. Boatos...

Fica silencioso. Boceja, observando a Lua.

- Você está sonolento. Vamos para casa.

- Não. Quero ficar um pouco aqui entre as flores da praça, em busca de inspiração.

- Então, boa noite. Foi bom conversar. Depois irei a sua casa pegar o livro.

- Querida Paty, você quer ir agora pegar o livro?

- Não. É tarde.

Os amigos se beijam, numa despedida.

Jordi observa Paty andando pela Avenida Estácio Coimbra, até virar a esquina.

O poeta vai até a margem do Rio Una, atrás da Prefeitura dos Palmares. Ali, fica olhando as águas fluviais, ouvindo miados de gatos a namorar a alguns metros. Jordi anda pela Rua do Rio.

O Poeta Tonho Oião passa e cumprimenta Jordi. Vem do plantão do Hospital Regional dos Palmares, onde trabalha como enfermeiro. Está com olhos vermelhos e anda devagar, pelo cansaço.

Na Praça da Luz, Sérgio Munganga, cantor e músico, engrena um pagode bem maneiro. Jordi comenta, brincando, “gente, olha a hora! Os vizinhos querem dormir!” E o cantor explica, “estamos numa festa que os vizinhos encomendaram! He he he!” A cantoria continua. Pelo jeito, a coisa vai longe. Esse pessoal faz a festa com gosto!

Jordi pensa como a cada lugar desta Cidade, encontram-se artistas... E começa a relembrar os nomes de alguns dos poetas residentes nos bairros, como exercício de memória:

Bairro Centro: Sandro Agrelli, Iraci Amâncio, Rubão, Miriam Rodrigues, Valmir Andrade, Cláudio Sales, Dorinha Ferreira, Josebias Campos, Juarez Correia, Valter Ferreira, Álvaro Vicente, Sandra Lustosa, Alejandro, Erivan Kruel... José Lourencio

COHAB I: Leonilda Rocha, Prof.º Wilson Santos, Célio Queiroz, Juarez Carlos e sua filha Juareza...

Bairro Nova Palmares: João Sobrinho...

Bairro Newton Carneiro: Miro Poeta, Alex Sandro de Oliveira, José Maria Sales (Pica-Pau)...

Bairro Santa Rosa: Luciano França, Lourival Morais Júnior, Josinaide Teles, Antonio Bertino, Terezinha Barreto...

Bairro Santo Onofre: Iraquitan Oliveira, Manoel José Filho, Paulo José dos Santos, Prof.º Iolando, Erik Henrique, Jaidene Maria da Silva...

Bairro Santa Luzia: Deny César, Cícero Nonato, Rogéria Ricardo de Souza, Dílson Assunção e Carolina Lyra...

Bairro Santo Antonio: Edmilson Silva, Conceição Silva...

COHAB II: Avani Azevedo e seu pai, Sr. João Tomaz; Marcos Mayer, Vilmar Carvalho, Elias Sabino de Oliveira, Henrique Arruda...

Tem mais, muito mais. Gente esperando ser divulgada e editada...

Continua falando sozinho:

- Tem ainda poetas residentes na zona rural, como Ana Flávia Soares, no Engenho Catuama A, divulgada pelo Centro Cultural dos Palmares...

Têm os poetas que saíram de Palmares, residentes noutros rincões do Brasil, como João de Castro Ribeiro (ecologista residente no Pará), João Lover (em Barreiros, pertinho de Palmares), Jussara da Rocha Koury, Ozzy dos Palmares (em São Paulo), Luiz Alberto Machado (em Maceió), Maria José Ferreira (em Goiás, na paradisíaca Cidade Alto Paraíso), Alfredo Morais (Filósofo Professor da Universidade Católica de Pernambuco, no Recife), Eniel Sabino, Afonso Paulins (nos Estados Unidos da América), Eliel Soares da Silva (no Recife), Américo Fortunato (no Recife), Dery Nascimento (em São Paulo)...

Nesse monólogo, sobe a ladeira da Loja Maçônica Fraternidade Palmarense. Ouve uma voz: “diz aí, maluco, estás falando sozinho?”.

É Tayraipy Ferreira, outro poeta brincalhão...

- Ah! Estava entretido, enumerando os poetas da cidade. No final, resulta em mais de 40, assim, de memória, sem parar para anotar.

- Oxente, homem! E se for contar com os compositores evangélicos, a coisa vai para mais de uma centena! Você vai passar mais de uma hora e não termina de contar os poetas vivos desta Terra dos Poetas!

- Tayraipy, companheiro da Arte, os artistas são sempre vivos pela obra que deixam!

- Lá vem você! Argumento duro!

- O que você está fazendo uma hora desta, sem camisa?

- Calor!

- Está gordo e com barriga grande!... Precisa andar e se exercitar!

- Tem razão!... Jordi, e sobre os poetas, uma estatística feita na FAMASUL, pelo Professor Ademmauro Gomes, poeta de Xexéu que ensina lá, mostrou que há mais de cem poetas naquela Faculdade. Gente provinda das cidades circunvizinhas e até de Alagoas!

- Estou sabendo disso. Palmares atrai os artistas e vários vêm residir aqui. Telles Júnior dizia que esta Cidade é um Oásis.

- Um Oásis ingrato. Cadê o apoio devido aos poetas? As autoridades somente sabem usar o título nos discursos... Ação de incentivo maciço à Literatura, não existe. Quem passa por aqui e ver a placa na entrada da Cidade, “Bem-Vindo à Terra dos Poetas”, pensa realmente aqui ser um Oásis para os artistas. Usa-se esse título, deveriam investir mais na Literatura e criar um Fundo Municipal de Incentivo à Literatura, em prol da manutenção do nome da Cidade! Jordi, porque você não luta sobre isso?

- Porque eu? Por falar e reivindicar muito? Nessa luta deve haver união! Lembre-se que nos Oásis, além das palmeiras acolhedoras amparadoras dos raios escaldantes do sol e da água reparadora das forças para continuar caminhada das caravanas, também existem escorpiões, cobras, aranhas!

- Falou bem. Oásis são para quem está de passagem e não residir para sempre! Embora Palmares seja uma boa madrasta para quem vem de fora e uma mãe ingrata com os filhos legítimos! Esses grandes nomes da política atual e empreendedores, a maioria veio de outras Cidades, não nasceu aqui! Como estudante de História, noto como aquele costume dos moradores da Colônia tratar bem quem chegava da Corte Européia continua impregnado em nosso povo.

- O brasileiro é assim. Um jeito difícil de encontrar noutros povos! Lembre-se que no Rio de Janeiro tem um Símbolo Nacional: o Cristo Redentor, de braços abertos, como é o jeito do nosso povo! Eu vou dormir. Estou com sono. Dia pesado, com muitas atividades.

- Boa noite. Bons sonhos!

- Para você também, Tayraipy.

Chegando em casa, Jordi senta numa poltrona, sob a penumbra da sala e ouve o “Concerto N.º 2 Para Piano e Orquestra, em Dó Menor, Opus 18”, de Rachmaninov2

Em volume moderado, um clima para introspecção é formado no ambiente. O poeta analisa o dia, como seu costume, relembrando cada passo e cada fato vivido. Um exercício de memória e de auto-análise.

Acha estranho ter passado por aquela situação provocada por Vanda. Numa fase de tanta introspecção, ainda sob efeito das vivencias das viagens de pesquisas metafísicas.

Se pelo menos tivesse pensamentos eróticos nesses dias, existiria uma explicação. Mas as atividades intensas e várias preocupações o deixaram absorto a este mundo. Há anos que não escreve poemas de lirismo sensual.

Fica a ponderar sobre a Lei de ação e reação, de causa e efeito, permeando a Natureza. Abismado com essas reações da garota, logo num período de vida como o que vive.

Outro dia, uma prostituta adolescente, disse que deixaria a vida promíscua, se ele se casasse com ela... Logo ele, o poeta celibatário e entretido com estudos espirituais a viver longe da vida boêmia! Pergunta às Forças protetoras o que ocorre. E escreve no seu Diário sobre o dia, em detalhes. Algo que há semanas não faz, anotando somente alguns rabiscos...

E a lembrança terna do calor do beijo de Paty. Difícil encontrar alguém para uma amizade ingênua. Nunca negaria um beijo àquela garota. Uma das formas dela tentar se aproximar é arranjar um parentesco distante com o poeta. Lembra do beijo de Paty de forma diferente como lembra do beijo de Vanda. Aquela adolescente que o abordou à tarde se transformou num pesadelo acordado.

Após o Concerto, ouve outra obra erudita: “La Mer”, de Claude Debussy3 que trás uma atmosfera exótica e sonhadora ao ambiente. Ouvindo a obra musical impressionista, o poeta é transportado para outra dimensão.

Sempre quando se entrega a audição de obra musical do seu agrado, sente-se transportado para outra dimensão. Ouvindo música, não sente o corpo, como se o espírito bailasse na dimensão das ondas sonoras. Numa Oficina de Terapia Transpessoal, uma amiga disse que quem sente isto, vive na 5.ª dimensão, mesmo sem perceber. A música está em dimensões superiores, além 4.ª dimensão, na 5.ª ou 6.ª Dimensão4

E Jordi tem facilidade de transportar-se, principalmente, ao se entregar à audição de Música Erudita. Quando adolescente, gostava de utilizar-se desta dádiva das Forças Cósmicas para visitar garotas pelas quais se apaixonava, invisivelmente, utilizando o corpo astral, através do qual é fácil transportar-se. Várias composições poéticas de Jordi surgem durante esses estados de êxtase, quando deixa as palavras preencherem o papel, sem preocupar-se com a lógica do texto.

Jordi enttrega-se aos sonhos. Como escreveu Pedro Calderón de La Barca5, “a vida é sonho e os sonhos são sonhos”, na peça teatral “A VIDA ES SUEÑO - JORNADA III - ESCENA XIX”, na fala de Segismundo:

Es verdad, pues: reprimamos

esta fiera condición,

esta furia, esta ambición,

por si alguna vez soñamos.

Y sí haremos, pues estamos

en mundo tan singular,

que el vivir sólo es soñar;

y la experiencia me enseña,

que el hombre que vive, sueña

lo que es, hasta despertar.

Sueña el rey que es rey, y vive

con este engaño mandando,

disponiendo y gobernando;

y este aplauso, que recibe

prestado, en el viento escribe

y en cenizas le convierte

la muerte (¡desdicha fuerte!):

¡que hay quien intente reinar

viendo que ha de despertar

en el sueño de la muerte!

Sueña el rico en su riqueza,

que más cuidados le ofrece;

sueña el pobre que padece

su miseria y su pobreza;

sueña el que a medrar empieza,

sueña el que afana y pretende,

sueña el que agravia y ofende,

y en el mundo, en conclusión,

todos sueñan lo que son,

aunque ninguno lo entiende.

Yo sueño que estoy aquí,

destas prisiones cargado;

y soñé que en otro estado

más lisonjero me vi.

¿Qué es la vida? Un frenesí.

¿Qué es la vida? Una ilusión,

una sombra, una ficción,

y el mayor bien es pequeño;

que toda la vida es sueño,

y los sueños, sueños son.

*

*

*

1 - Para beijar, o ser humano movimenta 29 músculos (doze dos lábios e dezessete da língua); o beijo apaixonado pode ter uma pressão de até 12 quilos sobre os lábios; uma pessoa troca em média 24 mil beijos (de todos os tipos) ao longo de sua vida; um beijo pode transmitir 250 vírus e bactérias diferentes. Quando se beija alguém, resíduos de saliva permanecem por 3 dias na boca de quem beijou; em cada beijo, os apaixonados trocam 9 miligramas de água; 0,7 g de albumina; 0,18 g de substâncias orgânicas; 0,711 mg de gorduras e 0,45 mg de sais

2 - Sergei Vassilievitch Rachmaninov nasceu em Oneg, Rússia, em 1 de abril de 1873. Morreu em Beverly Hills, Estados Unidos, em 28 de março de 1943. Após a Revolução Russa de 1917, foi para os Estados Unidos e nunca mais voltou à Russia. Um dos principais virtuoses do piano da primeira metade do século XX, foi antinacionalista sem renegar o lastro de mentalidade eslava. É considerado o último compositor romântico russo.

Sofreu grande influência de Tchaikovsky.

O sentimento de insegurança do jovem Rachmaninov levava-o a constantes crises emocionais, a mais grave seguiu-se após o fracasso de sua sinfonia N. 2 (1897). Durante este período, o compositor procurou um psiquiatra, Nikolai Dahl, a quem retribuiu a reabilitação de sua autoconfiança, dedicando-lhe o concerto N.2 para piano e orquestra (1901), hoje sua obra mais popular.

3 - Achille-Claude Debussy nasceu em Saint-Germain-en-Laye (França) no dia 22 de agosto de 1862. É considerado o pai da música moderna, apesar de ter vivido no tempo da “belle époque”.

Sua obra musical libertou-se dos cânones tradicionais, das repetições e das cadências rítmicas, tendo dado extraordinária importância aos acordes isolados, aos timbres, às pausas. Inovador, desenvolveu novas escalas e arranjos de orquestra em “blocos”, em vez de melodia ou contraponto precisos. Introduziu novos modos de tocar o piano. Suas obras consideradas mais impressionistas são “Prèlude à l’Après-Midi d’un Faune (1894) e La Mer (1.904). Foi o compositor da poesia simbolista, musicando as Ariettes Oubliées e as Fêtes Galantes do poeta Verlaine. Os simbolistas franceses eram ferrenhos wagnerianos. O próprio Debussy, no início, admirava Wagner, mais tarde, censurou a primazia da orquestra, sufocando a voz humana, e a violenta efusividade dos sentimentos. Morreu em Paris no dia 25 de março de 1.918, no ano anterior ao da morte de Renoir.

4 - No Livro “Viver de Luz”, Jasmuheen explica:

“A sexta dimensão é a Consciência Crística, ou Búdica, o tipo de percepção onde se assume responsabilidade pelo todo, em vez de apenas por si mesmo... É feita de cor e som e contém todas as linguagens da luz. É onde a consciência cria o pensamento e onde as criaturas trabalham e aprendem durante o sono...

“A quinta é um plano de consciência experimental do “eu”enquanto identidade de grupo e não está limitada pelo tempo linear. Os seres desse plano podem assumir forma física quando quiserem, se quiserem. A quinta é a dimensão da Luz onde todos são Mestres, multidimensionalmente conscientes e totalmente dedicados ao Espírito e a servir a Vontade Divina. Segundo The Keys of Enoch [As Chaves de Enoch], a quinta dimensão é a roupagem seguinte da Luz em que nosso corpo de matéria-energia vai entrar...

“O quarto plano é um estado de supraconsciencia e de reintegração da identidade de grupo sem a perda da identidade individual ou ego. Dá a capacidade de fazer uma conexão com realidades multidimensionais. É a última dimensão que requer um corpo físico. Dizem que a quarta dimensão se baseia nas emoções, e também é conhecida como mundo astral...”

5 - Calderón de La Barca: Escritor espanhol (Madrid, 1600-idem,1681). De família acomodada, seu pai tem um cargo administrativo na corte. Estuda no Colégio Imperial dos Jesuítas, onde cursa Humanidades e se familiariza com os clássicos. Posteriormente estuda nas universidades de Alcalá de Henares e de Salamanca. Em 1620 abandona a carreira eclesiástica, vai para Madrid e vive na corte uma vida livre e não isenta de atribulações. Por esta altura começa a apresentar-se em certames poéticos. Cerca de 1623 está na Flandres como soldado e em 1625 inicia a sua carreira dramática, depressa se transformando no dramaturgo oficial da corte. Em 1636 o rei concede-lhe o hábito de Sant’ Iago. Um ano mais tarde retoma a sua carreira militar (cerco de Fuenterrabía, na Guerra da Catalunha), da qual se retira em 1642. Em 1651 é ordenado sacerdote. Em 1663 é nomeado capelão de honra do rei e fixa-se novamente na corte, dirigindo a representação de autos sacramentais e outras peças teatrais. Durante os últimos anos da sua vida só compõe autos e comédias para estrear na corte. Autor de uma obra vasta que marca decisivamente a história do teatro em língua castelhana. Entre as suas peças (autos sacramentais, zarzuelas, entremeses, comédias religiosas, de costumes, de amor e ciúme e filosóficas), salientam-se: El dragoncillo, El laurel de Apolo, El mágico prodigioso, La dama duende, El alcalde de Zalamea, La vida es sueño e El gran teatro del mundo.

© Jaorish Gomes Teles da Silva

Obs.: Este texto é o Capítulo V do Romance LUMINAR POÉTICO DE UM DEVANEIO PASSIONAL, publicado em 2004.

Mais informações e venda do livro no site do autor: www.jaorish.xpg.com.br

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Jaorish
Enviado por Jaorish em 30/12/2008
Reeditado em 30/12/2008
Código do texto: T1359049
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