A Última Tragédia

Fernando estava sentado na lanchonete da universidade estudando o ultimo assunto antes do final de semana. Fernando era um jovem educado, e queria se forma em administração, para um dia ser político igual a todos os outros homens da sua família.

Foi nesse momento que viu aquela mulher fascinante rindo com as amigas e sentando-se a mesa ao lado, era uma garota linda, que recentemente havia entrado no curso de direito, ele ficou encantado com o jeito dela; não era aquela beleza explicita e cheia de apetrechos, igual à de todas as mulheres que estava acostumado a ver, era diferente, cabelos cacheados, olhos castanhos que reluziam com aqueles poucos raios de sol que se infiltravam no ambiente, naquele final de tarde, pernas finas, magra, tinha uma beleza única e parecia de uma inocência que já não via há muito tempo.

Algum tempo passado naquele final de tarde chega seu amigo Gutembergue, que vê ele ali anestesiado e vendo o estado do amigo, lhe pergunta qual o motivo de tal silencio, Fernando faz um sinal com a mão lhe pedindo que saísse da frente, pois estava atrapalhando sua visão. Nesse momento Guntenbergue viu o olhar de Fernando vidrado, na garota que Gutenbergue jamais se interessaria, mas Fernando não estava interessado em belezas vulgares, muito menos em mulheres que se embriagavam e depois ficavam a fazer estripe igual a muitas universitárias.

Já haviam passado umas duas horas que eles estavam ali, Gutembergue estava cansado do silencio do amigo, subitamente levantou-se e disse que iria convidar as garotas para fazer companhia a eles; Fernando quis impedir, mas era tarde, o amigo já se aproximava da mesa em que as garotas estavam sentadas. Em um gesto meio insano Gutembergue apresentou-se as garotas e convidou-as para acompanhá-lo, elas seguiram na direção da mesa que Fernando estava.

Começaram então as apresentações com todo aquele ritual de toda apresentação, Gutembergue vendo em quem o amigo estava interessado começou por ela, era Síntia a garota que tanto encantou Fernando, Gutembergue iria apresentar as outras duas eram Celene e Claudia, mas a atitude bestificada de Fernando não deixava, ele não conseguia tirar os olhos de Síntia, que aquela altura já havia percebido isso.

Já se aproximavam às oito horas e Síntia ainda precisava estudar, convidando as amigas a irem com ela, Celene e Claudia fizeram um gesto como fossem recusar, mas como todas amigas andam juntas, depois de muita insistência resolveram ir; encantadas com a boa conversa dos amigos fizeram um acordo que no dia seguinte naquele mesmo lugar, pela manhã iriam se encontrar para tomarem café juntos.

Fernando foi para casa, mas não conseguia dormir, seu encantamento era maior que o sono; contando as horas pra chegar logo o dia seguinte adormeceu, e sonhou dando um profundo beijo, não é preciso dizer em quem; no sonho ele tocava seus cabelos e olhava em seus olhos e nesta atitude ela se rendia e dizia que o amava e que não queria mais sair de perto dele; mas der repente um estrondo e ele acorda . Quando Fernando acordou pela manhã que olhou o relógio percebeu que estava atrasado, e arrumando-se ligeiramente, pegou um táxi que logo o levou ao local desejado uma vez quê a universidade não ficava muito longe do apartamento onde ele morava.

Chegando à lanchonete Fernando viu o companheiro de universidade Gutembergue, Síntia, celene e Claudia conversando, Gutembergue meio querendo aparecer, dava extravagantes risadas e olhava continuamente nos olhos de Celene. Assim que Fernando aproximou-se teve que suporta a brincadeira do amigo, chamando-o de bela adormecida.

Depois de um bom tempo de conversa a respeito de livros, cursos e amor, Gutembergue acabou falando que iriam passar aquele final de semana em uma casa que ficava em uma praia no interior do estado, essa casa pertencia aos avós de Fernando, onde eram realizadas reuniões familiares, e também servia para a família passar as férias e datas comemorativas, como o natal, dia das mães e todas aquelas datas, que as famílias se reúnem para colocar os assuntos em dia.

Gutembergue um tanto quanto atrevido convidou-as para irem com eles na viagem; como Síntia era uma moça recatada recusou, mas depois de muita insistência de Celene, prometeu que iria pensar no assunto.

Meio que sem graça pela insistência da amiga Síntia levantou e disse que precisava ir à livraria que ficava no calçadão a alguns metros dali. Subitamente impulsionado pelo ponta-pé que havia levado na perna, certamente teria sido Gutembergue, então Fernando se ofereceu para acompanhá-la, Síntia para não parecer mal educada aceitou.

Saíram os dois a pé já que a livraria não ficava muito longe dali. Foram conversando Síntia a contar como era em sua cidade, Fernando ouvindo meio que aéreo embriagado pela beleza dela que o entorpecia e quando ia cair, aquela voz de anjo o levantava.

Chegando a livraria, Fernando querendo ser gentio abriu a porta Síntia sorriu e em seguida entrou, assim que Síntia encomendou o livro viu Fernando olhando os romances e o acompanhou e ficaram discutindo sobre o assunto até que chegaram à tragédia de Romeu e Julieta, Fernando querendo impressionar, falou que não gostava daquele estilo de literatura, porque sempre terminava em dor e sofrimento resumindo terminava em tristeza, e Síntia o contrariou dizendo, que não, porque não era triste morrer em nome do amor e quando iam passar para o livro seguinte por acidente a mão de Fernando cobriu a de Síntia, os dois se olharam profundamente e fizeram um gesto como iriam se beijar, mas havia algo que segurava Síntia, era a pureza dela, aquela pureza desenvolvida pela boa criação de seus pais, ouviu-se uma frase era Síntia, que dizia que era melhor irem embora, ela já havia se envolvido na maneira de ser de Fernando, muito cavalheiro e educado.

Chegando ao portão da republica que Síntia morava ela abriu o portão e disse que era ali que morava e deu um até logo com palavras faladas pausadamente. E os dois já apaixonados caminhavam de costas acenando um gesto de até logo.

Assim que entrou no apartamento Síntia respirou profundamente, ela queria acreditar que não, mas já estava apaixonada, porque seus pensamentos não saiam de Fernando e queria a qualquer custo ouvir a voz dele novamente.

Síntia ligou a televisão para ver se esquecia Fernando, foi quando lembrou do final de semana e da viagem que havia sido convidada. Meio que impulsionada pelos sentimentos, pegou o celular e ligou para Celene confirmando que iria.

Logo chegou o sábado e Gutembergue e Fernando passaram na república, já que as garotas moravam em lugares diferentes.

Gutenbergue um tanto que atirado, passou o volante para o amigo, ficando assim ao lado de Celene, logos os dois já estavam aos agarros síntia meio que sem graça direcionava os olhos para o outro lado, Fernando ria ao ver a atitude de Síntia ao olhar pelo espelho.

Depois de algumas horas de viagem chegaram ao destino. Era uma cidade muito bonita e pacata, crianças brincando no parque da cidade, grupos de jovens sentados na praça e moças belas de biquíni na praia.

Deixaram as malas na casa dos avós de Fernando e foram à praia que ficava em frente dali, Gutenbergue meio que malicioso chamou Celene para entrar na água ela não pensou duas vezes e o acompanhou; em quanto isso Claudia estava olhando uma turma que estava jogando vôlei, usando isso como pretexto para deixar Síntia e Fernando a sós, Síntia um pouco sem graça sentou-se na areia e em seguida, Fernando sentou-se ao lado dela.

Fernando sendo levado pelos sentimentos, segurou na mão de Síntia, os dois olharam-se apaixonadamente, e automaticamente um beijo dos mais puros que possam existir aconteceu, o beijo não durou muito tempo e os dois ainda de mão dadas saíram a caminhar pela areia da praia. Depois de algum tempo o celular de Fernando toca, era um amigo da universidade, dizendo que devido a uma greve que iria ocorrer, as provas iriam ser antecipadas para o final de semana, Fernando deduziu então que teria que voltar imediatamente, então chamou Gutembergue e a reação do amigo não foi muito animadora, resmungou dizendo todo o seu dicionário de xingamentos, com os professores da universidade, que certamente eram os culpados pela interrupção do seu passeio.

Gutembergue fez o amigo prometer que antes de irem, almoçariam, naquele cenário natural, espetacular, foram para um restaurante ali mesmo na praia.

Assim que chegaram ao restaurante, Gutembergue pediu uma cerveja e três refrigerantes, o garçom trazendo dois copos, apenas um foi usado, porque Fernando recusou-se a beber, deduzindo que iria dirigir.

Algumas horas haviam passado que eles estavam ali, Gutembergue excedia a quantidade de cervejas, já se tornava um tanto antipático e o sintoma disso foi que terminara brigando com Celene; depois de muita insistência do amigo, Gutembergue decidiu ir, mas com o acordo que fosse dirigindo, pra que ficasse longe de Celene.

E assim os cinco, já meio que escurecendo Gutembergue certamente dirigindo, Claudia ao lado, e Síntia, Fernando e Celene no banco de traz. Fernando segurava a mão de Síntia e os dois vinham mais apaixonados que nunca; Gutembergue aumentava a velocidade a cada centímetro da pista, Fernando que ia atrás a conversar com Síntia não percebia, mas Claudia não tirava os olhos do marcador e percebia as vezes que Gutembergue fechava os olhos demoradamente, o que aumentava a sua apreensão, Claudia então fechou os olhos pra ver se diminuía o medo que estava sentindo, foi quando ouviu um barulho e subitamente o carro rabeou em uma curva, caindo assim em uma ribanceira de uma altura um pouco excessiva, antes que o carro caísse por inteiro, Gutembergue impulsionado pelo medo pulou, deixando, o carro cair livremente com os amigos dentro, em um rápido movimento Fernando abraçou Síntia, envolvendo-a, fazendo uma forma de escudo humano.

Depois de muitas capotadas o carro estabilizou-se no chão, não mais com o antigo formato, agora tinha o formato de uma bola de ferro, Claudia havia caído fora do carro, Celene caída no pé do banco traseiro, presa por ferragens da porta que haviam entrado no carro, e sangrava muito, síntia envolvida pelo abraço de Fernando estava intacta, enquanto isso Fernando de olhos abertos estava muito machucado mais que todos os outros, pelo fato de não se proteger, olhou nos olhos de Síntia e apagou.

Enquanto isso no topo do barranco Gutenbergue com o braço um pouco machucado, telefonava para o pronto socorro, em alguns segundos chega à ambulância.

Enquanto isso Sítia que estava acordada entra em pânico e começa a gritar ao ver seus amigos naquele estado.

Os enfermeiros não podendo fazer nada devido à situação do carro, chamaram os bombeiros pelo rádio.

Quando os bombeiros chegaram, começou então um trabalho demorado para tirá-los de dentro do carro, ouvindo a voz de Síntia eles tiveram a certeza que tinha alguém vivo.

Assim que terminou o trabalho dos bombeiros Síntia saiu de dentro do carro, por incrível que pareça sem um arranhão. Os enfermeiros constataram que Claudia e Celene ainda estavam vivas, mas ao tentar ouvir o coração de Fernando, silenciaram e com um gesto com a cabeça um senhor um pouco de idade, devia ter uns quarenta anos, disse o que estava acontecendo ele colocou a mão no ombro de Síntia, foi aí que ela entendeu, Fernando havia morrido, começou então um pranto inconsolável e que angustiava a todos os profissionais que ali estavam e que diante de tantos anos de trabalho nunca haviam visto algo parecido, uma tontura abate-a e ela acabou desmaiando.

Quando Síntia acordou, a visão meio confusa enxergou Gutembergue, estavam em uma sala de hospital, ainda entorpecida pelos remédios que haviam lhe dado enquanto estava desacordada; teve vontade de chorar mais não conseguiu.

Tentando obter uma resposta contraria ao que havia acontecido, Síntia perguntou se tinha sido um sonho, mas para um maior sofrimento, Gutembergue respondeu com a maior frieza que não, certamente aquilo que eles passaram não tinha sido um sonho.

Depois de certo tempo de silêncio na sala, chegam um homem e uma mulher, devia ser os pais de Síntia, eles a abraçaram e o pai com um gesto carinhoso deu-lhe um beijo na testa.

No dia seguinte por volta das três horas da tarde seria o enterro, cemitério lotado, amigos da faculdade, amigos de infância, parentes, estando ausente Claudia e Celene que ainda estavam no hospital.

Muito sofrimento naquela tarde, a mãe de Fernando já alucinada não falava coisas com nexo, Síntia abraçada com seu pai chorando. Muitas pessoas fizeram homenagens, os professores da universidade e por ultimo a tia, mulher educada e apesar do estado disse algumas palavras, referindo-se a pessoa adorável que ele era, as palavras dela levou todos ao choro.

Enquanto isso um rapaz muito bonito se via em um lugar esplendido, onde tinha flores ao seu redor, crianças correndo, pessoas conversando e um belo lago onde moças belas lavavam roupas; era Fernando e sem reconhecer o local, perguntou a um ancião que estava meditando encostado em uma arvore a olhar o vôo dos pássaros, onde estava, e o velho riu pacificamente e disse que ali era o lugar livre de qualquer tipo de pecado ou maldade, Fernando não acreditando no que tinha ouvido riu e disse que era impossível um lugar livre de pecado na terra.

O ancião vendo a inocência de Fernando diz com todas as letras que ele havia morrido. Enquanto isso, Síntia deitada em sua cama na casa de seus pais pra tentar se recuperar do choque, mas não parava de pensar em Fernando, não parava de pensar no beijo que ele havia dado nela, na forma romântica e carinhosa como ele a tratava, o jeito como olhava nos olhos dela. Era aí que ela voltava a chorar e quando menos esperava um abraço lhe aconchegava era o pai dela e como sempre estava ao seu lado para fortalecê-la.

Uma angustia a derrubava, ela queria voltar no tempo e não ter viajado naquele dia e sim ter ficado com ele escutando as juras românticas que ele fazia para tentar conquistá-la.

Um mês depois Síntia já estava na sala de aula, quando subitamente, lhe veio uma lembrança dele, ela queria ao menos conseguir sentir ele mais uma vez, e nesse pensamento saiu correndo de dentro da sala abriu o portão da universidade, atravessou a avenida, parou um táxi, e subiu nele e descreveu o local ao motorista.

O motorista a deixou no lugar onde havia acontecido o acidente o local onde ela havia perdido o seu amor. Pagou a viagem e sentou-se com os pés livre no barranco, queria ficar ali, sozinha com sua tristeza, mas quando lembrava dele a abraçando, rindo e a protegendo, ela conseguia sentir o cheiro dele, sentia o toque de seus braços e regredindo um pouco mais sentia os beijos que ele havia lhe dado na praia.

Ela ficou ali solitária com suas lembranças, com as lembranças do homem que havia dado a vida por ela; aproximando-se às cinco horas, impulsivamente ela pulou do barranco.

Sentindo o vento percorre seu corpo, ela não podia mais voltar, lembrava das pessoas que estava deixando para traz: Seus pais, seus amigos e todos que amava; mas já era tarde ela não conseguia viver sem Fernando até que uma dormência abateu seu corpo e uma escuridão tomou conta dela.

Quando Síntia voltou a si antes de abrir os olhos sentiu um cheiro suave de flores que tomava conta dela sentiu também alguém tocando seus cabelos. Quando abriu os olhos viu um homem todo de branco que a olhava no rosto junto a varias crianças elas faziam um circulo ao seu redor, o homem era Fernando, carinhoso como sempre, tocando-a e como estava ajoelhado, levantou-se e dando a mão a ela, falou que lhe queria mostrar algo.

Caminharam por aqueles belos campos fazendo o pólem das flores levantar e de repente viram-se diante de um lago onde havia uma luz intensa que refletia na água e os enchia de paz, se seguraram nas mãos e Fernando dizia que aquela era a única tragédia que ele gostava, porque ao contrario de “Romeu e Julieta” tinha um final feliz.

Os dois se beijaram encostaram as cabeças e ficaram ali, um ao lado do outro observando a beleza do paraíso, por toda a eternidade.

Ledif
Enviado por Ledif em 22/12/2008
Código do texto: T1349152
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