Alguns sonhos.

Verônica jovem, 20 anos, negra, alta, cabelos longos, olhos que pareciam duas jabuticabas, sonhava ser veterinária, mas algo lhe impedia de realizá-lo; A falta de dinheiro. Sonhava também casar-se e ter filhos, construir uma família.

Um dia como outro qualquer acorda e se arruma para trabalhar, como de costume, levanta e faz seu café forte como só ela gosta come um pão com queijo e coloca sua camiseta vermelha, uniforme obrigatório onde trabalha, atendente de um centro funerário. Trabalho estranho, mas era necessário para pagar suas contas já que morava sozinha em um lugar humilde no centro de São Paulo, vê que esta adiantada e resolve cochilar mais um pouquinho...

... No horário de sempre levanta pega sua bolsa e sai, resolve que nesse dia iria a pé, estava uma manhã linda e uma boa caminhada não faria mal algum, após alguns quarteirões, tão entretida observando uma criança brincar que nem se deu conta que o sinal para ela havia fechado, foram passos leves, mas que a levaram direto para a sala da U.T.I. do hospital local.

Lembra-se muito pouco, após 14 horas desacordadas finalmente recobre sua consciência, estava bem, mas alguém queria lhe ver, estranho pois ate então não havia muitos amigos e sua família havia ficado no interior de Minas Gerais, cidade onde nasceu e cresceu, mas ficou feliz em ter uma visita, a maçaneta foi virando aos poucos a porta se abrindo lentamente e um alguém curioso, Alexandre, homem bonito, 32 anos, alto, cabelos negros e curtos arrumados com um pouco de gel, um perfume inebriante que exalava no quarto um ar de homem sério, empresário, dono de uma fabrica de cosméticos, em seu braço esquerdo um buquê, rosas vermelhas e amarelas envolto a um celofane transparente, entrou no quarto:

- Com licença, Verônica.

- Quem é o senhor? Diz ela – o que faz aqui?

- Alexandre, bom acho que pouco se recorda, mas meu carro a atingiu em um cruzamento no centro, fiquei preocupado afinal foi um belo dano em meu carro novo. – diz ele.

- Senhor me desculpe, não me lembro de quase nada e não sei como lhe pagar pelo estrago no carro...

Algum tempo depois conversando, viu Alexandre que a pobre moça estava sozinha em uma cidade tão grande e resolve ajuda – lá.

Convidou-a a passar alguns dias em sua casa já que morava sozinho também, enquanto se recuperava da fratura em sua perna esquerda; Apenas quinze dias seriam suficientes para estar boa novamente. E assim aceitou.

Dois dias depois ele voltou ao hospital para levá-la para sua casa, após os quinze dias ela teria que deixá-lo, mas algo dentro dela há fazia não querer se separar dele, queria ficar mais tempo na presença dele, mas perto daquele homem que tanto a cuidou e deu carinho quando ela mais precisou.

Ele se ofereceu então a levá-la embora, uma chuva fina caia lá fora, ele com medo dela ainda não estar totalmente recuperada a pega nos braços para descer as escadas e colocá-la no carro, mas algo fez com que ele parasse e observasse de perto seus lindos olhos, os rostos pertos e a chuva fina escorriam por eles.

Parecia um sonho para ela estar nos braços daquele homem, forte que a segurava firme, sem que ela esboçasse qualquer expressão ele a beija, não acreditando naquilo tudo ela se entrega e juntos se beijam demoradamente, ela em seus braços ele tocando-a em seus cabelos...

(...)

- Droga, está na hora de ir trabalhar.

Verônica abre a janela, uma chuva fina lá fora, um suspiro e apenas essas palavras:

- Há... Como seria bom se alguns sonhos se tornassem realidade.

Dessa de Almeida
Enviado por Dessa de Almeida em 14/12/2008
Código do texto: T1334678