O ARCO E O VIOLINO: AÇÃO - A SOLUÇÃO - PARTE II

Descobri-me, arco, após reflexões em cordas, em braços, em tarrachas. O violino me falou; é isso mesmo, me falou ser apenas um brinquedo. Já era tarde ou muito cedo, na madrugada, que às penas, estas de passáros fui me fazendo ao vôo... Plataforma: logo aqui 11 quilometros está o Pico Agudo, onde se chega em um segundo quando se começa a pensar, como diz um certo Lupicínio, este que não morreu. Senão como estas palavras continuariam a voar. Palavras deste já, estas daquele gaúcho. Agradeço-lhe e sigo meu itinerário. Pois, uma vez um vôo, porque não outro, foi o que pensei do alto do Pico Agudo, no mais alto do meu bem querer. Apesar da escuridão lancei-me a este, em direção ao vale, guiado como um morcego por um sonar, o sonar de nossa paixão. Dei com tua janela. Como a abri, depois te explico. Interessa é a parte que você sabe. Janela de quarto, quarto de cama, cama de dormir, lençóis, cobertas, travesseiro. Foi então que me aninhei sobre teus lençóis, sob tua coberta. Já pressentias a minha vinda, por que para minha surpresa dormias de modo a sobrar espaço na cama. Ah!!! Tinha um outro travesseiro. Não me precipitei, mas não poderia deixar de fazer um tour pelo teu corpo. Descobri o violino todo, em pés, joelho, pernas e coxas. Por si só ele, violino emite, por leve que o toque, suas próprias notas em desalinho, como cabelos que se desarrumam. Coisas do vento. Ventava muito na madrugada. Interessante constatar como o corpo deste violino reproduz-se em montanhas e vales, ele mesmo é todo um itinerário. Delicioso pois, em trilhas, onde se caminha por sulcos, e quando do cansaço, alimenta-se de sucos. Sucos de gosto forte para nos manter firmes na caminhada. Lembro-me de braços, no possível de todos os abraços. De bocas abertas ao oportuno. E algo muito próximo de estar um no outro. Coisa difícil de explicar. Neste momento ocorre-me, sem mais: Para que palavras? Agora que te digo isto, estranho ao passar as mãos em minhas costas. Estão arranhadas. Reviro-me na cama pensando nas minhas dúvidas a respeito da beleza de se tocar o Stradivarius. Elas já não existem. Tudo se resume ao vai e vem decidido de seu arco, tirando das cordas todos os sons desta madrugada... Eu daqui saciado viro-me na cama no decidido de voltar a dormir enquanto dormes agora seu sono. Pés, pernas, coxas, mãos, braços, enfim todo o corpo a se deixar ficar. O prazer foi todo nosso. Antes de voltar para cama, meu amor, um beijo. Destes que voam por si para tocar bem de leve, como pincel em pintura, a minha porcelana. Porcelana do outro lado do mundo. Da China.


Daquele que te adora

FIM
DA MONTANHA
Enviado por DA MONTANHA em 14/12/2008
Reeditado em 14/11/2010
Código do texto: T1334547
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