Noite Fria
Noite fria e lá estavam eles deitados para assistir um filme. Pedro envolveu o corpo de Tatiana e a abraçou permanecendo encaixado sob o edredom que os aquecia. As taças de vinho estavam próximas a eles e o aroma das uvas, morangos, mangas e kiwis se misturavam com o chocolate do fondue preparado por Pedro para mimar aquela que em plena tarde de outono o fez sentir dentro de si rojões coloridos.
Mais envolvente que o cheiro das frutas e da bebida era o cheiro que permanecia na memória de Tatiana e insuflava sua mente com a lembrança do momento em que ela e Pedro se possuíram dentro do furgão que ele usava para transportar seu equipamento de paisagismo. Ela fechou os olhos e recordou a imagem do corpo suado e brilhante daquele homem com quem ela sentiu veemente satisfação.
Por alguns instantes ela refletiu sobre as pulsantes e proibidas horas que passaram juntos após a inusitada atitude que teve ao chegar ao endereço em que ele estava trabalhando sozinho, pois havia dispensado a equipe por causa do feriado. Quando ela chegou ficou observando ele podar algumas plantas ornamentais e depois preparar o transplante de uma bela Cycas Revoluta para um local aonde se desenvolveria com mais “elegância”, palavra usada por Tatiana antes de beijar Pedro e poupa-la de explicações botânicas e paisagísticas, escancarando o abrasador desejo dos dois.
Ali, enlaçada pelos braços e pernas de Pedro, intensas palavras lhe diziam que a realização daquela quimera lúbrica trazia a confirmação de que o que exalava daquele homem, desde o instante em que se conheceram, era puro bálsamo de feromônio humano capaz de proporcionar cálidas experiências de intenso prazer.