INDAGAÇÕES

Quero a felicidade sábia dos ignorantes.

Que apenas os ignorantes são sábios verdadeiros.

Os ignorantes são sábios por se permitirem ser ignorantes.

Encontra na estupidez – que é mesmo o próprio it da vida – o caminho fácil, deslumbrante!

Peço que me ensinem, porque não sei como.

Sou tolo de tanto ser tolo com a busca da minha autoeficiência.

Erro sem parar, sem alegria que é ainda pior.

Ah, quero ser tão tosco e tardio como de verdade sempre fui vadio.

Para que ciência se o mundo estiver entre paredes da intendência?

Visto-me.

Dispo-me da falsa roupa da sabedoria.

Falsa alegoria de uma forjada alegria.

Sou qualquer um na agonia do dia a dia.

Não sei nada que outro não possa saber.

Só não sei por quê.

Para que.

Eu mesmo cadê?

De um vazio viver que ventos fazem folhas correr...

Dar-me licença, vou viver.Pode até acontecer!

PERGUNTA

Entre as noites se cortam as luzes.

Cortam-se as luzes no cortinado escuro.

Havia tanto tempo, doía perceber esta ausência.

Olhava para os cantos: nada, nada.Nada eram paredes.

Nada sempre fez seu papel num obscuro mundo invisível.

Nada, nada e mais nada dentro de um relógio vazio.

Espera ai, e aquele tempo que tive...

Tive um tempo que aproveitei tanto que me fugiu.

Acudiu...

Roupas que pariu, e o cartão de crédito sumiu...

A loja nem o dinheiro viu.

E as paredes, que não se toca, cercam-me de ausência.

Ausência sem saudade.

Eu não sei porque tanta infelicidade.