O Brincante Cirandeiro

O Brincante Cirandeiro

(Gilmar Souza - Turmalina MG)

Pelos terreiros da vida

Joguei versos de poesia

No Esconde-esconde me enfiei

Debaixo da cama de Dona Maria

Quando ouvi uma voz dizendo:

Corre Cutia de Noite e de Dia

Entrei no Jogo da Velha

Sem saber como sairia.

Com os Escravos de Jó

Eu jogava caxangá

Era um tal de tira

Põe e deixa ficar

E guerreiros com guerreiros

Fazendo zig, zig, zá

Quando cansei daquilo

Fiz uma pipa pra soltar.

Desejei ser um Peixinho

Que Soubesse Nadar

Pra tirar uma menina

Lá do fundo do mar

Era a mesma Gata cega

Que eu queria beijar

Ela me Passava o Anel

Com jeito de me aceitar.

Busquei tocos pra Fogueira

Cabacinhas pra estourar

Tropecei No Trava-língua

E no brinquedo de adivinhar

Assei Batatas no fogo

Ouvi Histórias de arrepiar

E perdi o sono com medo

Depois que eu fui deitar.

No jogo da Amarelinha

Eu pulava com um pé só

Quando ia Roubar Bandeira

Levava sempre a pior

Num Pega-pega danado

Era coque de dá dó!

Quando ia Pular Corda

Embaraçava no nó.

Morto-vivo, Vivo-morto

Assim o Mestre Mandou

Nos dias que Joguei Gude

Nem sei quem foi que ganhou

Brinquei de Queimada e de Estátua

Quem será que me salvou?

No Telefone Sem Fio

Nem te conto o que chegou.

Arrebentei o dedo pé

Que ficou na carne nua

Quando entrei numa pelada

No Futebol de Minha Rua

Enchi a bacia d’água

Pra ver a briga do sol com a lua

Tive que Dançar Vilão

Só pra ter minha mão na sua.

Taquei Pedra de Bodoque

Fiz Rodar o Pião

Comprei liga pro Estingue

Fui bom na Balança caixão

Na Corrida do Saco

Ralei o joelho no chão

Quando ia Brincar de Luta

Levei muito pescoção!

Dominó, Dama, Xadrez

Nisso eu não prestei não.

A vida é uma Ciranda

Que roda pra lá e pra cá

Pena que a gente cresce

E perde o gosto de brincar

Amigos vão, amigos vem...

Aí eu paro pra pensar:

Quem brincava comigo,

Por onde anda será?

Gilmar Souza
Enviado por Gilmar Souza em 05/11/2024
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