SANATÓRIO GERAL
Mantenha o frango intacto por 12 meses, sem geladeira.
Tá difícil! Vamos falar de cotovias, de cordéis e de receitas, e lembrar dos boias frias. Dos que não tem feijão e arroz, não tem, não tem, não tem, não tem, não tem, mas pensam que têm!
Que momento meu país! Que momento!
Vamos falar da Refeição com mandioca e legumes
Mandioca?
A mandioca é nativa da América Central e do Sul, especialmente da bacia sudoeste da Amazônia. Este é um arbusto perene que é amplamente cultivado como uma planta anual nos trópicos e regiões subtropicais pela sua raiz tuberizada rica em amido. Saudade de saudar a mandioca. A gente era feliz e não sabia.
É tempo de escrever RECEITAS.
RETROAGIMOS. Voltamos para a IDADE MÉDIA? Onde estavam todos esses monstros?
De quais valetas, sarjetas, esgotos imundos eles surgiram?
Que momento é esse em nossa história?
Que país é esse?
Que tipo de pessoas são essas?
Estamos lidando com fundamentalistas religiosos?
Já existe um perigo em cada esquina. Quem são nossos inimigos? Quem deles poderá enviar-nos para os porões da ditadura?
Não importa o que me possa acontecer por andar ombro a ombro com um poeta soviético. Eu preciso cita-lo, pois assim eu me aproximo do momento em que vivemos em nosso amado Brasil.
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No Caminho com Maiakóvski
Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita – MENTIRA!
(Eduardo Alves da Costa, em “No Caminho com Maiakóvski” [poesia reunida]. São Paulo: Geração editorial, 1ª ed., 2003. págs. 47,48 e 49.)
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BRASIL, qual é o teu negócio?
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Um imenso hospital psiquiátrico a céu aberto, como nunca se viu, milhares de pessoas em delírio, dizem coisas sem sentido, desconexas e mentirosas. Elas saíram de um mundo que não se sabia existir e esperam por um salvador, um líder, ou qualquer coisa que lhes conforte e acalme a alma perturbada. Há uma curiosa identificação entre estes seres de todos os lugares. Eles têm dificuldades imensas em aceitar os outros como são (juízes, libertários, mestres, cientistas, especialistas, progressistas, filósofos, jornalistas, entre outros). Gritam por liberdade, divindade, família, propriedade e patriotismo reverberando o próprio grito, sem saber direito o que significam. Ao dispensar a ciência e a filosofia e acreditar cegamente em alguma religião só sabem valorizar coisas unilaterais e práticas em suas vidas egoísticas. Dado o grau de comprometimento e a distorção de suas visões de mundo transformaram-se em fundamentalistas. Como não conseguem ver a si mesmos, transformaram-se naquilo que criticam e atribuem aos seus adversários. Não temos ideia de que seja possível um esclarecimento em massa. Por isso as pessoas de bom senso passaram a ter medo do futuro, porque eles são muitos e estão entre nós.
by Prof. Antônio Heberlê