DUETO DA LIBERDADE

Luciana Carrero

Se quiserem saber de mim, não

perguntem aos meus escritos

Minha poesia e minha prosa

não sou, são impressões assim...

Assim voz de proscritos

beleza efêmera da flor

morrida em morte colhida

ou murcha nalgum jardim...

Pelo desvelo descrevo

nas empreitadas da vida:

Soltem os canários

Olhem seus tímidos passos

Depois os voos medrosos,

curtos, de galho em galho...

Coração batendo forte

Olhar pungente e assustado

E por fim lá está o canário

em cima dos fios dos postes

cantando num pio mavioso...

Não me julguem pelos poemas

Ao escrever sou o canário

Tão pequena, escrevo grande

Se grande, nada veria.

Ouvi canários cantando:

“Abriram portas de gaiolas!

Canário sou liberto e

Um poeta escreveu!

Sobre o fio do poste,

um canário pousou ao meu lado

E o dueto aconteceu!"