O GRITO DO MEDO

O GRITO DO MEDO

Antes tínhamos medo

de bicho-papão quando criancinhas,

do sobrenatural, histórias de vampiro

e outras crias da imaginação.

De ser atacado por animal

a gente escapulia, deixando

pra cada um seu habitat natural.

O tempo passa, as coisas mudam.

Quem diria! Pra pior.

Não entenderiam nossos ancestrais

o caos que na terra o homem estabeleceu.

Eu tenho medo de viver hoje em dia,

conviver com todo esse terror,

durante a noite, no decorrer do dia.

O homem perdeu o valor moral,

nasceu e cresceu não se sabe como,

evoluiu como uma epidemia

esse animal em que se transformou.

Pior que seu esteio é a covardia,

faz de vítima os desprotegidos,

impingindo ameaça atrás das armas

a quem fica sem meio de defender.

Roubam nossos bens, o sossego.

Estupram mulheres e crianças

e pra matar encontram o prazer.

O que mais me dá receio

e que me faz gritar desse jeito,

o lamento mudo de um oprimido,

é imaginar com angústia no meu peito,

o mundo em que nossos filhos vão viver.

Nem a morte amedronta tanto

como esses seres que perderam a identidade

e deixaram assim de ser humanos,

praticando contra “seus iguais” tanta maldade.

Publicado em 29/04/2007 na ciranda temática consumidores do medo organizada pelo Grupo Ecos de Poesia que pode ser acessada pelo link abaixo.

http://ecosdapoesia.net/crestomatia/consumidores_do_medo_index.htm