Ciranda Interpretação facial parte 2

31- INTERPRETAÇÃO DE UMA FACE
Antonio Cícero da Silva

Aquela imagem rústica
A olhar para o céu
Com ar de amargura
No rosto a expressão de fel.

Com olhos arregalados
E muitos grandes
Com olhares parados
Que não os escondem.

Com a testa franzida
Repleta de grandes rugas
E um imenso nariz
Com o talho bem grande.

Aquela imagem gelada
Parada como estátua
Com face grosseira e dura
Retrato de amargura.

Relatando sofrimentos
Por alguma ocorrência
É causa de lamentos
É o que fala a aparência.

32-
Tonho França

Eu vi um homem mexendo no lixo
Tempo estranho, tempo algoz
eu vi um ser, algo sombrio, frio
não sei se dócil, não sei se feroz.

eu vi os olhos, de tão dilatados
enxerga nos guetos, nos becos,
mistura-se as sombras, sombreado,
eu vi um ser, mutante ou mudado.

sei que tem fome, tem sede, tem frio
sem que teve amores, que tudo ruiu,
não sei o seu nome, de onde surgiu.

sei que nos valos vai, se incorpora
tempo estranho, tempo algoz
fruto da inconseqüência: Perdoe a nós.

33- Máscaras
Eugénio de Sá

Tiramos uma logo outra se forma
Neste deambular quotidiano

Máscaras que criamos, ocultações do cerne
Cobertura de dores e frustrações
Que usamos como adorno multicolor
Pintadas de sorrisos brincalhões
Reflectindo simpatia e amor
Mas na aspereza do avesso rasgam-nos a carne

34- El enojo de tu rostro
María Griselda García Cuerva

El enojo golpea tu rostro
y tu mirada se endurece
mientras tus pensamientos desgarran
las paredes de tu corazón.
Tu sonrisa se borra
y frunces el ceño
cuando recuerdas las palabras
que apagan tus ilusiones.
El desamparo duele
y la esperanza se desvanece
con la ausencia del amor
que atormenta tu espíritu.
La soledad del lugar
alimenta tu sufrimiento
y la fría oscuridad
penetra en tu alma.
Tus ansiados sueños huyen
abandonando la desdicha
y la angustia transita
los caminos de tu vida.

35-
Hermes José Novakoski

Leituras envolventes
Rostos reluzentes
Luzes que brilham
Iluminam e fascinam

Revelar a alegria
Que há em nós
Transmitir felciidade
Num rosto que brilha.

Farroupilha - RS

36- VIDA PASSADA
Laura Limeira

Diante de mim, observo essa anteface
No espelho, um reflexo de ânsia
Diante do meu olhar pasmo
Antecede o outro lado de mim

Uma mulher de outra dimensão
Assim fui, em outra encarnação
Alegre, intrépida, valente!

Olho para essa mulher, hoje
E peço-lhe respostas para esse meu tempo de agora
Quando não mais sorrio, nem audaciosa sou
Completamente tomada pela melancolia

E quanto a alegria, questiono:
Ah, minha tão doce alegria...
Essa mudou de endereço, faz tempos!

Cedeu seu lugar à tristeza, que tanto insistiu
Até que nele conseguiu vir ficar
E sem tempo prá partir...

Aprofundo o meu olhar em meu próprio olhar
Enxergo-me mais além, e observo que já não sou feliz...
Estou pouco sensual!

Então, penso:
Como voltar a ser, àquela que fui um dia?
E a resposta, a única que tenho

É o reflexo de uma mulher fragilizada, com certeza
Intocavelmente bela, sem dúvidas, mas...
Sombria!

Recife/PE/Brasil

37- ESPELHO VAZIO
Luiz Poeta ( sbacem – rj ) – Luiz Gilberto de Barros
Texto escrito nos dias 5 e 8 de setembro de 2005

Tu falas dos outros silenciosamente...
Nos cantos soturnos do teu coração;
Está nos teus olhos o ódio que sentes;
Olhos descontentes, plenos de aflição.

Tu não te contentas com os teus presentes,
Não te observas, não vês teu talento,
Procuras defeitos em réus inocentes,
Que tu mesmo julgas com teus pensamentos.

Que perda de tempo... Que vida mais triste...
Só te preocupas com coisas banais,
Se o amor te morre, teu rancor resiste;
Crias no silêncio os próprios vendavais.

Enquanto teu tempo traça a trajetória,
Deixando-te velho, implacavelmente,
Tu vais destruindo tua própria história
Toda vez que sofres e que te ressentes.

Olha teu espelho, procura teu rosto,
Teu amor aguarda um sorriso teu...
Ou tu te afogas no próprio desgosto;
Será que o teu rosto... inteiro... se perdeu ?

Por que essa arrogância ? Por que esse desdém ?
Tu tens uma vida... procura vivê-la !
...ou corres o risco de estar sem ninguém;
E tua tristeza... Quem vai socorrê-la ?

Olha com respeito o teu semelhante,
Aceita os defeitos sutis que ele tem,
Ou te tornarás mais tolo e arrogante
Olhando um espelho que mostra...ninguém.

Direitos autorais deste poema reservados ao autor
Biblioteca Nacional - RJ

38- E O SER NASCE...
Naidaterra

E nasce mais um Ser indefeso já
predestinado a enfrentar a vida,
não há como retroceder, eis uma
passagem obrigatória, sobreviver...
A marca da dor em muitos já se
pode ver, são expressões de uma
vida no ventre já sofrida, em outros,
visivelmente se vê o viço rosado
na face, mais chances de sobreviver.
E o mundo os espera para felicitá-los
ou destruí-los, embora ninguém escape
da lei, do ciclo da vida, do outro lado
da moeda, feliz hoje, infeliz amanhã...
E o tempo passa e as marcas dele são
claramente estampadas em suas faces
revelando no que eles se transformaram...
É cruel o destino quando quer machucar,
ferir, aniquilar, devorar mas não te mata,
deixa os sinais da infelicidade, da armagura...
Triste sina do Ser que nasce sem
saber o que os aguarda...
Do colo da mãe a uma velhice
esquecida na sargeta...
Nos olhos, na face e nos gestos do
infeliz as marcas expressam uma nada,
um vazio doloroso...
Viver é correr grandes riscos!

agosto/2006
dor

39- Interpretação Facial
Elizabeth Assad

Olhos de medo,
na boca um segredo,
na garganta um grito se trava.

Nas rugas, marcas do tempo,
cada traço uma vivência,
traduzindo dores, saudades
e amores.

Hoje trago na face
sinais de um tempo que vivi,
enfrentando a vida,
olho no espelho, a cada
dia minha face se
transforma.

Com postura e vaidade, me lembro com
saudade, do tempo da meninice,
combinada a inocência,
que me conduzia em busca de
aventuras.

Não trago tristezas,
e sim uma beleza de mulher
madura, sem censura, tornando
natural e sem frescura, que
se fez total.

Sem dona de verdade alguma e sem
curiosidade, com toda a vitalidade
e a força de um coração
sem idade, capaz de loucuras
e entregas completas,
em busca de um prazer real.

06/08/06
Niterói-RJ

40- EXPRESSÃO AMARGURADA
Sueli do Espírito Santo

Com esse olhar tão sobressaltado
estampando rancor na expressão
germinado pelas dores do coração
pareces um ser tão desesperado

Com o coração ávido e carente
assim já entre a razão e a loucura
guardando a tristeza tão somente
pareces uma estranha criatura

Com a expressão de grande derrota
deixando a sua alma perturbada
pela desesperança impregnada

Fecundada está tamanha revolta
que se expressa na face deformada
pela imensa amargura guardada

http://www.sue2001.recantodasletras.com.br
http://br.geocities.com/sueli_espirito_santo/index.htm

41- Máscaras
Anna Müller®

Na máscara da ilusão
o sorriso se faz ausente;
corre por detrás a história
de um lado descontente.

Espasmos de memória...
completa confusão
camuflada e descrente
da realidade...da solidão.

E quando a alegria voltar
e o sorriso tornar-se real,
hei-de quebrar a máscara
e nada mais será igual.

http://cantodapoesia.bravehost.com

42- Muito além do olhar
Regina Coeli Rebelo Rocha

Feio?
Horrendo?
Olhos esbugalhados?
É assim que me vês?
Mau?
Irracional?
Xucro animal?
É assim que me vês?

Posso-te mostrar minhas emoções,
posso-me inundar de sensações,
para que me vejas,...além do que em mim vês.
Se conseguires vencer o espanto,
se puderes ver o que com os olhos não se enxerga,
poderás me ver, ...além do que em mim vês.

Em mim se esconde um avesso manso,
suave é a palavra que sai pela boca torta;
poderás ouvir de mim até hinos de amor.
Ontem, o belo tinha rosto de anjo;
hoje, suas linhas estão cheias de impurezas;
precisas entender da Vida as sutilezas.

Para a gangorra se movimentar,
um lado sobe, o outro desce, alternadamente;
o que seria do bonito, se não houvesse o feio?
E o que é o "feio", afinal?
De mim não te compadeças:
por fora, sou o outro lado de ti;
por dentro,
...não sejas o outro lado de mim!

43- MINHA ALMA
Sá de Freitas

Nas profundezas da minha alma,
Ecoam lamentos que ninguém ouve,
Retumbam gritos que ninguém escuta,
Há mensagens que todos ignoram,
Há pecados que só Deus perdoa,
Porque há tanta coisa em mim...de mim..
Que ninguém sabe.
Eu era etéreo e me transformei em barro,
O barro respirou a vida,
A vida me ensinou a confiar na própria vida,
A própria vida me ensinou a ter vontade...
E a vontade me fez sentir desejos.
Os desejos me fizeram um homem-anjo,
Um anjo-demônio,
Um demônio- gente... Sem ser mau.
Nas profundezas da minha alma,
Há uma grandeza absoluta,
Uma certeza incontestável,
Um poder imensurável,
Que se chama AMOR.

44- Adamastor / O Demônio
Fernando Corte Real & Anna Müller®

O vento que rasga a vela e solta o beijo
Dos oceanos que nos tocam na viagem
Corre sobre as vagas erguendo o bocejo
Do medo que arrasta a sinistra imagem
Deste Adamastor que vem pelo que vejo
Para nos devastar as forças e coragem.

Chega pelos ventos com a fúria devastar
rompendo onda a onda toda e qualquer nau
avante em sua vontade de tudo arrebentar
empunhado ergue a espada de brasão do mau
e na ira de extermínio empenha a destroçar
os indefesos tripulantes a cheiro de maçau.

Na fúria dos elementos o olhar fechado
Que sobre o barco avança com altivez
O raio que a tempestade lança inusitado
Como um dardo que na morte é talvez
Mais leve que este terror de mar achado
Com as entranhas paridas em malvadez.

Cada sulco em sua face uma morte certa
Nos olhos traz o ódio da triste solidão
Em meio a tempestade sua boca entreaberta
cospe longe o veneno ácido da aniquilação
da nau que de suas garras não se liberta
e sente-se frágil rendida da exaustão.

Sacro momento em que se reza a Deus
Que se pede uma graça seja o que for
E vão as nuvens fugindo no seu adeus
Que o Sol renega o próprio Adamastor
E o mar se acalma na orla destes céus
Cobertos de fé que nos salva do terror.

E a brisa então as velas da nau soprou
uma a uma mil gaivotas agora sobrevoam
o mar azul que da loucura se acalmou
traz cardumes de vida que nele povoam
seguem juntos a rota que Deus marcou
aos cânticos sublimes que suave ecoam.

45- Anonimato
Lenamais

Apenas um rosto a mais
entre milhares banais
que vagavam e divagavam

apesar de ter tentado
com uma cara pintada
deixar de ser enjeitada

tentei sim chamar tua atenção
de alguma forma, para então...
falar de todo amor guardado

talvez tenha guardado tanto
que a embalagem pomposa
tornou-se inviolável e rançosa

permaneci no anonimato
nem o pulsar apressado
de um coração desvairado
tocou teu coração conturbado

Rio de Janeiro/RJ
www.lenamais.com.br

46- DE QUEM SÃO ESSES OLHOS?
Teresa Cordioli - Sumaré SP.
11/08/2006

De quem são estes olhos?
De humanos não são!
São os olhos do mundo
Que assustados estão!
Por verem os pequenos
Morrerem de fome
Na Quênia, na Índia,
Aqui, nas esquinas e lá no sertão...
De quem são esses olhos?
São os olhos do mundo!
Que te enxerga no fundo
E vê teu grande coração!
De quem são esses olhos?
São olhos do mundo!
Que assustados estão
Pelos desagrados,
Dos que ainda fazem
campanha
Diante da tamanha corrupção e
Sem punição...(vergonha)
Esperam a próxima eleição...
De quem são esses olhos?
São os olhos do mundo!
Que tristes estão
Ao verem crianças morrendo,
Onde “NÃO” falta o pão...
"MAS" falta a União
Entre Líbano e
Israel,
Que pela guerra se esquecem
Que são todos irmãos...
De quem são esses olhos?
São os olhos do mundo!
São olhos que oram,
Pelos que, desconhecem o valor,
de uma alma “que conhece” o perdão...
De quem são esses olhos?
São os olhos do mundo!
São olhos dos que choram
Pela FOME,
Pela FALTA DE AMOR
E pela falta de PÃO
Quer mudar esse olhar?
-Faça AMOR, propague a UNIÃO...

47- Interpretação Facial ...
Gildina Roriz (Magy)

O que me diz esse rosto,
de traços rudes ,
olhos de espanto ,
de onde fugiu a pranto ?

Cenho cerrado...
Punhos fechados,
não é uma imagem comum
é uma figura espúria ,
que deixa à mostra sua fúria .

A boca de escárnio e dor,
Só conheceu o desamor ...

Homem acuado, fera enjaulada,
pronto pra agressão revidar,
contudo aos céus volta o olhar
porque sabe que em Deus
pode confiar...

48- ALÉM DO AMOR MATERIAL
Renate Emanuele

Hoje, como todos os dias uma visita
Algumas flores oferece com seu amor
Suas mãos transmitem todo seu calor
Um doce beijo em seu rosto deposita

Destas coisas que a vida nos apronta
Seu rosto amado ela não o reconhece
Sua frágil mente se agita, mas esquece
Sentada em um sofá nem se dá conta

Deusa da beleza um dia a musa eleita
Uma linda mulher pelo homem amada
Que neste asilo a muito vive internada
Com a morte que sua débil vida espreita

Mas ainda existe ele que ama dobrado
Não importa ser por ela alí percebido
Sabe que um dia este amor fora vivido
Na eternidade esse amor será cobrado

E se eu pudesse colher o melhor gosto
Certamente colheria da mulher a ciência
Quando em um instante de consciência
Uma lágrima lhe correu em seu rosto

Do homem colheria seu sorriso acanhado
Que percebeu na amada sua lembrança
Onde mesmo sem ter, teve a esperança
De poder dizer o quanto a tinha amado

49- Medo!
Giovanni Leandro

É tanto amor neste coração por você!
Mas também um certo medo de perder.
Medo do tamanho deste sentimento.
Medo que corroe a alma.
Medo da profundidade do meu envolvimento.
Medo da nossa relação morrer.
Não sinto insegurança, eu nem sei dizer.
Não é falta de confiança,
pois você esta sendo meu porto seguro.
O que sinto se traduz num medo...
Medo de repente não ter mais você,
de num simples passe de mágica
você sumir.

Talvez seja um mal de quem tem muito amor,
ou quem sabe um pressentimento ruim.
Meu medo é o medo da dor,
medo do fim, medo de não a ver mais,
medo de ser um passageiro
neste mundo a vagar.

Mas não quero mais pensar em sofrer,
muito menos por antecedência.
Nem vou deixar de te amar e nem de me envolver.

Meu medo é razão de muito amar.
Medo de quem muito se dá.
Mas se para te amar eu preciso temer,
meu amor, irei com medo até morrer.

50- O que será?
Vyrena

Horrenda face!
Olhos esbugalhados,
demonstrando o medo
o horror que está sentindo
de algo que o está ferindo.

Nas pupilas dilatadas
reflete-se o desespero.

Um esgar de dor
que poderá levá-lo à loucura.

Um rosto maldito,
impregnado de maldade
que claramente se reflete
naquele olhar medonho.

Medo?
Dor?
Maldade?
Desespero?
O que será que o aflige,
a ponto de causar susto
a quem dele se aproxima?

51- Face em FlashBack
Susana Mendes

Um vulto...
Um rosto expôsto...
Uma luz iluminando-lhe a face, acendendo,
transparecendo-lhe as feições grotescas,
embrutecidas, assustadoras enfim...

Lábios grossos, eu seu contorno, bestiais,
no olhar esbugalhado, piscam-lhe as expressões
como se estivera sob os efeitos de um flash, atemorizam,
Haveria de habituar-se? Pois que, seria normal?

Ah...Cercam-lhe sempre com as ditas ofensas,
destilando e cintilando horrores.
Mas...Num lampejo se podia notar,
que naquela imagem estúpida,
o ser, a essência se sobrepunha...

Do seu âmago, o grito, o clamor
transcendendo tal aspecto,
denotam imparidade,
emoções então reclusas.

Ávidos de aconchego, de liberdade e paz,
perambulam no silêncio, o mistério,
em seres especiais,
solidões macabras.

Em tantas buscas ao entendimento e esclarecimentos...
Como explicar e justificar então,
quando o belo não se revela na face humana?
Como explicar todas estas feições distorcidas, desfiguradas,
em corpos, almas, destinadamente abandonadas...
Como pode estes tais seres viver?

52- Retrato do fastio

Olga Matos ( PrendaRS)

Uma remota expressão, carinho
sem cor, nem chão ... uma lacuna,
gota rasa, uma vaga espuma,
grosso pó em peça de armarinho...

Espelho quebrado, vão nublado
refletindo seus fantasmas e sombras,
que uivam de dor encarrapitados,
sobre agouros de arcados ombros!

Cão a ladrar à-toa e sozinho,
fonte , que farta água marulhou,
hoje confuso eco dispersivo,
que a chuva ácida dispersou.

Brado fosco, cópia de um arquivo
pasta - rascunho, que amarelou,
verbo torto, rabiscado escrito,
final, que o mata borrão fixou...

Capanga do rei imitando príncipe,
cabana fria cheirando abandono,
covil de traças procriando lixo,
entre cinzas, farpas e escombros!

Charola cheia das paixões ariscas,
coveiro vil afeito aos tombos,
tontas horas , vilão do aprisco,
a levantar para cair de novo!

Germinam ais perdidos no espaço,
das paredes fracas , enegrecidas,
combalidas pelo peso dobrado,
presente retrato do fastio.


Agora foges , driblas os fantasmas
fantasias gastas e encanecidas.
Mascas o fel em cada colherada...
perdida aurora linda e finda...

Insensível, o olhar do retrato ,
timbra laudas apodrecidas.

53- Face oculta
Cássia Vicente

Distante...olhar esbugalhado...
...perdido entre a multidão
mostra sua face de pavor
diante da monstruosidade
que passa sobre seus olhos...

Aterroriza passantes
que sem entenderem
(não se olham no espelho!)
desviam os olhos do pavor
que aqueles olhos demonstram
diante da cena patética...a vida!

Oculta...a verdadeira face
não aterroriza...
...bela ...
...se camufla para não sofrer
as intempéries que a ameaça...

Se...um dia...tudo acabar...
...a simplicidade retornar...
...os sorrisos voltarem às faces passantes
a face oculta se mostrará...

Só questão de tempo...
...esperar pelo momento...
belas faces diante da singeleza da vida!
não mais engano...

Jataí.GO
19.08.08

54- Enigma
Marcos Milhazes

Das sombras da saudade que deitou sobre
um triste passado de ilusão
que sempre vadio e em breve tempo,
um dia pereceu

Sonhar é preciso, em precisa hora...

Lembra-se daquele dia querida?
Chovia tanto!
Um terno encharcado, um vestido molhado
Olhos engotados e brilhosos e cheios de vida
numa pista de dança.
Sem imaginarmos que num futuro apenas seria vazio
Jazia ali o início da tal felicidade...

Discreta e sem saber ao menos meu nome,
aceitaste-me tão somente naquele instante.
Onde foi parar a semente da euforia e esperança,
que após a dança deixamos o tempo e baile levar!

Posto tal, nós como uma nau singrando em mar revolto
Desatentos aos rochedos e sem notarmos,
navegávamos em rota do medo
e sem percebemos, naufragamos como brinquedo

Enterrando assim
nas profundezas do mar da vida,
nossos nomes, sonhos, medos.
E uma única certeza!
Nossos eternos segredos.....

55- Interpretação Facial
Lúcio Reis

Veja meu sorriso de canto de lábio, estou desconfiado
Olhe meu riso de orelha a orelha, tudo escancarado
A vida acabou de me aprontar algo bem elaborado
Tornando-me assim, um ser felizardo

O nosso facial é tela de cinema do filme de nossas vidas
Nela pode-se ver as maravilhas que não olvidas
As tristezas em lágrimas traduzidas
E os grandes amores com namoradas vividas

A cara de bobos e de amantes enternecidos
Que vivem e andam em mundos desconhecidos
A interpretação facial não esconde e nem disfarça
Que a vida é uma beleza e uma maravilhosa graça

E quando se trata de ter-se ganho uma amizade legal?
Ai então cada músculo vira um balanço de quintal
Que sob a sombra dessa amizade realizamos um festival
Independente de que essa amizade seja real ou virtual

Vira-se alegre e sapeca criança
Que faz com os gestos de carinho verdadeira lambança
Fazendo da vida uma enorme festança e um baita arraial
Com muito carrosel mostrado em cada um na interpretação facial

20/08/06

56- olhos d'alma
Maria Thereza Neves

s
e
m
r u m o
os olhos d'alma em todos os espaços
seguem o som das lágrimas que em gotas cai
as suaves carícias do orvalho
o perfume das flores
os grilos que cantam
e o vento que passa


lança olhos ao oceano
mergulha no mar das estrelas
sem destino
do alvorecer ao crepúsculo
em silêncio
em todos os caminhos
despertando em brasa
os versos da alma
que clama em
c
h
a
m
a
s.

Juiz de Fora/MG

57- Mil faces
Cel - Cecília Carvalho

As mil faces que eu vejo,
tempestades dos meus desejos, anseios e medos
me deprimem, ofendem, eu as ignoro,
sou infante pura,
caminho segura, vôo com o tempo
meu caminhar é reto
não tropeço, caminho na luz ...
São bocas secas, olhares sem rumo
tristeza, eu não mereço
peco e me abstenho, não quero vê-las ...
O mal e o bem
estou aquém, no meu lugar onde estou,
um gosto azedo, de mágoa
de bocas ultrajadas
da mente, somente
dormência ...
Seus corpos ...
onde estão seus corpos, eu não os vejo, pelejo
anoiteço e amanheço nesta busca vã
talvez cavando a terra eu os encontre
mistura de terra com terra ...
Mas estas faces,
por que as vejo ?
me acompanham, fazem parte da minha insônia
como se me pedissem ajuda,
apelo mudo
de quem não sonha, apenas vê ...
A noite adormeceu,
amanheceu,
eu vejo ...

58- SEU OLHAR
Glosando Vânia Maria Souza Ennes
Gislaine Canales

MOTE:

Seu forte olhar penetrante...
me acelera o coração,
o seu perfil estonteante
ofusca minha visão!

Seu forte olhar penetrante...
alegra minha tristeza,
faz mais doce o meu instante,
põe no meu mundo, beleza!

Esse olhar que me fascina,
me acelera o coração,
tem luz própria e o ilumina,
pois vem cheio de emoção!

Em verdade, é excitante
poder estar ao seu lado.
seu perfil estonteante
mexe comigo, um bocado!

Você é minha poesia,
é também a inspiração,
e enchendo de luz meu dia,
ofusca a minha visão!

www.gislainecanales.com

59- PEDRA BRUTA
Arianne Evans

Há pessoas que nos julgam
apenas por aparências,
mas da pedra bruta e fria,
brota da beleza, a essência.

Que o digam os escultores,
com seus cinzéis e martelos
que fazem aparecer
da pedra, coisas tão belas!

Também vemos como saem
da Terra os simples brilhantes,
que depois de lapidados,
revelam lindos diamantes!!!

De baixo de uma expressão
de um tão feio semblante,
pode - se encontrar o brilho
de um coração radiante.

Quem a beleza se apega,
pode se decepcionar,
pois um dia ela se apaga
e o que será que vai restar?

O que importa, na vida,
são os princípios, valores,
caráter, educação...
Estes conquistam amores!

Não se julgue a aparência
de nada nem de ninguém,
pois assim como se julga,
se é julgado também!
V.M.S.

60- MÁS CARAS
Pilar Casagrande

Muitas das más caras gravadas em fotografias
Durará mais do que merecem.
Porém, nenhuma jamais será,
A expressão de seu verdadeiro “Eu”.
Que isto nos ensine a buscar nas pessoas
A fisionomia interior, aquela escondida.
Às vezes, poderás dizer:
“Aqui estava um anjo e eu não sabia”.

Rio Claro/ SP - BRASIL

61- A FACE DA TRISTEZA
Regina Bertoccelli

Olhos perdidos no vazio.
inquisitivos, amargurados
Visão turva, amedrontada
Pálpebras que pesadas
se fecham para o mundo
Lábios constritos de uma
dor atroz, silenciando
palavras, sufocando gemidos
Face sem expressão,
estigmatizada por sulcos profundos
A pele desbotada a cobrir as
amarguras, tenta em vão
mostrar um brilho e luz
que a vida levou....

62- Interpretação Facial
Beatriz por um triz*

Nos lábios trêmulos haviam pavor
e incredulidade
Era a partida derradeira
e os lábios demonstravam essa verdade.

O olhar marejado de lagrimas
visualizava os momentos de alegria,
a guerra de travesseiros,
o cavalgar nos campos,
o abraço junto a lareira.

Tingia a face a palidez mortal
onde jazia a esperança
dolorosa e almejada compreensão
sobre a definição do bem e do mau


63- VESTIDA DE MIM
Zuleika

Senti - me estranha ...
Vestida de mim ...
Veste pesada, rota, pisada,
Manto esquecido, jogado assim ...

Minh'alma escondida no escuro reclama ...
Reclama do peso ... de vozes distantes ...
Olhar rasgando do tecido a trama,
A boca gemendo, a voz soluçante ...

Tudo ficou num tempo passado ...
O Presente é um susto !
Anseios distantes se desfazem num esgar ...

Resta comigo esta veste estranha,
E o sabor mais amargo,
O sorriso parado, a tristeza que assanha ...

JFora/2006