Ciranda Interpretação Facial

A imagem foi enviada pela amiga e poetisa
Marise Ribeiro com o desafio para Jorge Linhaça
poetasse sobre ela....
Ele aceitou o desafio honroso e outros poetas
juntaram-se a ele e nos honraram com seus versos.

Foi um imenso prazer receber a sua participação.

Abraços fraternos
Jorge Linhaça/Anna Müller®


PARTICIPANTES

1 - Jorge Linhaça
2 - Fernando Rodrigues Almeida
3 - Schirley Pinheiro
4 - Guida Linhares
5 - Terê Penhabe
6 - Marise Ribeiro
7 - Conceição di Castro
8 - Ana Kilesse
9 - Millie
10- Silvane Saboia
11- Nancy Cobo
12- Leonor Maria Fagundes
13- Marlene Constantino
14- Mário Osny Rosa
15- Rose Arouck
16- José Ronaldo
17- Iracema Zanetti
18- Arneyde T. Marcheschi
19- Ana Maria Peralva
20- Inês Marucci
21- Leonor Maria Fagundes
22- Muriel Elisa Távora Niess Pokk
23- Avanny Morais
24- Nany Schneider
25- Renato Alberto Moore - ramoore
26- Reinadi Rodrigues Sampaio
27- Lina Rocha
28- Delasnieve Daspet
29- Malu Otero
30- Priscila de Loureiro Coelho
31- Antonio Cicero da Silva
32- Tonho França
33- Eugénio de Sá
34- María Griselda García Cuerva
35- Hermes José Novakoski
36- Laura Limeira
37- Luiz Poeta (sbacem–rj)–Luiz Gilberto de Barros
38- Naidaterra
39- Elizabeth Assad
40- Sueli do Espírito Santo
41- Anna Müller®
42- Regina Coeli Rebelo Rocha
43- Sá de Freitas
44- Fernando Corte Real & Anna Müller®
45- Lenamais
46- Teresa Cordioli
47- Gildina Roriz [Magy]
48- Renate Emanuele
49- Giovanni Leandro
50- Vyrena
51- Susana Mendes
52- Olga Matos
53- Cássia Vicente
54- Marcos Milhazes
55- Lúcio Reis
56- Maria Thereza Neves
57- Cel - Cecilia Carvalho
58- Gislaine Canales
59- Arianne Evans
60- Pilar Casagrande
61- Regina Bertoccelli
62- Beatriz por um triz*
63- Zuleika








1- PREOCUPAÇÃO
Jorge Linhaça

Sofre o homem sem saber seu destino
Olhar enviesado e o senhor franzido
Capaz de cometer qualquer desatino
É um rosto comum do povo sofrido

Não é um rosto formoso de se ver
nem poderia ser face a sua vida
É um rosto tão cansado de sofrer
Rosto que traz na face as feridas

Cicatrizes deixadas por tantos descasos
Olhar aflito de quem não ve saida
De quem não tem alvoradas só ocasos

Rosto de quem teve a vida sofrida
De quem tem os bolsos sempre rasos
de quem vê a esperança dissolvida

2-SILHUETA
Fernando Rodrigues_Almeida

Olhos errantes na procura ávida
globo terrestre dentro das pupilas
astrolábio
rosto cravado de mistério
macabro universo
e um cravo
espetado na alma dum verso

Ali
o secreto limiar da tela
o mundo que se esconde

Daquela imensa janela
espreita o imenso paul
Dos olhos ávidos de céu
observa e se espanta
na ânsia de azul profundo
A contragosto
Guernica de Picasso
está ali estatelada no seu rosto

Quem pode ficar incauto
a esta figura fria
de pupilas abertas
tingidas de azul pálido?
Num gesto celestial
as meninas dos olhos
buscam lá no alto
o que o murmúrio da boca silencia

Luanda, 9 de Junho de 2006

3- Rosto da maldição
Schyrlei Pinheiro

Máscara do desafio,
retrato da imagem
que assusta a perfeição,
imputando-nos a miragem
da própria maldade.
No meio da multidão,
olhos dilacerados,
loucura exemplificada
em seu campo de visão,
à procura de uma vitima,
com a fria determinação
de abrir as feridas,
causar a destruição.
Eis a imagem da hipocrisia,
oculta na mentira,
na face da traição.
Gosto do contra-gosto,
rugas da perdição,
que demonstra o consumido,
do desempenho sofrido,
exibido no rosto da maldição.
14 07 06

4- ESTIGMA
Guida Linhares


Trago na face marcada
o estigma de uma vida vazia
num olhar repleto de amargor
pela marginalização e abandono

Meu lado direito conflita
com o esquerdo que em nada crê
minha boca mostra o travo amargo
de quem nunca recebeu motivação

Para lutar por um lugar ao sol
sempre sendo jogado à própria sorte
sem afagos na infância, sem eira nem beira

Sou alguém que não acredita no amanhã
meu cenho franzido é tal qual meu coração
condenado que está, a morrer na solidão.

5- Aparências
Tere Penhabe

Não se iludam com a minha aparência
não é ela que fala de mim
não é ela que expressa a minha alma
recanto de paz de um homem feliz.

O tempo marcou o meu rosto cansado
seqüestrou a beleza que houve nele um dia
mas o meu semblante, que parece preocupado
é apenas de uma prece, pela minha alegria.

É tanta e supera a minha expectativa
e embora pareça, não estou a mentir
tenho meu coração, repleto de amor
e uma mulher, com a qual dividir!

Santos, 01.08.2006

6- Um Olhar no Coração
Marise Ribeiro

Sou a imagem da vida bandida,
da mentira, da ambição, da destruição...
Trago os traços trilhados pela dor,
sou fruto do abandono, do desamor.

Meus olhos já nem lágrimas vertem,
rogo que chegue o dia que nem despertem,
a voz soa sem nexo e em grunhidos,
ninguém me oferece seus ouvidos.

Num mundo envolto em padrões de beleza,
não há quem queira sequer me dar a mão,
só poetas com um olhar de nobreza,
vêem em mim uma riqueza de emoção.

Entra em mim, poeta, com tuas poesias,
faze desta boca torta um sorriso nascer,
pois com as palavras com que me acaricias,
serei o retrato do que fizeres parecer.

01/08/06

7- A Máscara Humana
Conceição Di Castro

Teu olhar desvela emoções.
provoca sentimentos de náuseas,
Faz lembrar-nos dos medos das canções,
cantadas pelas babás... cheios de náuseas.

Mas debaixo deste rosto raivoso,
há o homem, ser generoso,
quando depara com a LUZ.

Uma luz que procura retirá-lo das trevas.
Luz que desmascara o homem-geração,
geração por causa das malditas ervas
daninhas que corroem o coração.

Tua boca sangra, és vampiro escondido.
bebes o sangue da vida renhida,
contudo, sofres por seres assim...

8- OLHAR
ANA KILESSE

Olhar forte, penetrante que desconcerta
Fixar os olhos e sentir medo de estar nu
Desnudo das vestes impostas pelo receio
Receio de ser visto como realmente se é
Demonstrar sentimentos que fogem a razão
Mas como fugir deste olhar que fascina...
É como imã, que atrai pelo forte magnetismo
Impulsiona com a força inversa do consciente
Gosto deste olhar que fala sem palavras, mudo
Apenas transmite o que vai à alma, no intimo
No aconchego onde mora o verdadeiro sentir
Sem disfarces nem a preocupação de acertar.

9- não me julgues...
Millie

não me julgues
pois o receio expresso em meu rosto
é mais um sinal de medo...

a violência se fez presente
e estou sentado no trono da impotência
sem reagir...

esta guerra cruel me sufoca
ceifadora de vidas inocentes
atiçada por interesses obscuros...

quero gritar
peço ajuda aos mestres do universo
para mostrar um novo caminho...

ajuda-me ajudando os inocentes
abrindo portas para a luz
invocando a paz...

não me julgues
meu olhar perdido na solidão
pede-te que não desistas...

nossa voz não pode calar
nem mais esperar
para hoje queremos a paz!

SC 01/08/2006

10- ÓRBITAS
Silvane Saboia

Nada alí
Nada lá
nem aqui.
Me visto de luto
no olhar.
O que há pra esperar?
Alguém virá?
Tanto escuro em mim...
Quem me abriga da ilusão?
Tantas dores cato pelo chão...
Tanto sol na rua
e eu nua.

11- Um Rosto Intranquilo
Nancy Cobo

Rosto fechado
Triste e amargurado
O sorriso a tempos já se foi
Tanta tristeza, guerra, brigas e mentiras
Corpos estendidos no chão
crianças mortas, vidas sendo tiradas
brutalmente.
que apagaram a alegria
Ficando um rosto sem vida.

Só ficou o vazio, a miséria e a hipocrisia
Restou somente um rosto com mêdo.

Rio de Janeiro 01/08/2006

12- A face da tristeza
Leonor Maria Fagundes

Meu rosto está marcado pela saudade
Em cada traço doem as feridas
Que deixastes em minha alma dolorida
Marcas da tua lenta infidelidade

Movido pela ânsia de viver
Segui em frente sentindo o tempo
A cada passo ir molestando
Meu rosto que mostra meu desencanto

A tristeza sufoca meu pranto
A solidão transcende a minha agonia
Lutar deveria ser meu alento

Se ainda um pouco de ti houvesse
E os meus olhos inconformados com a sorte
Te encontrassem após a morte.

Guarujá, 01.07.2206 -17.49

13- O DILEMA
*Marlene Constantino*

Quem sou?
Será que posso ser eu mesmo?
Será que posso livre escolher,
se acostumado estou a seguir
os passos dos homens.
Se sou um personagem
dentro de minha própria casa,
se sou apenas o número de um RG.
Um número no banco?
Se sou ser pré-fabricado,
um ser pré- determinado
se minha lógica está no outro,
não mais pertence a mim.
Cadê o meu existir?
Apenas me vejo nas verdades
alheias, cadê o que me é próprio?
Deixa-me perder em minhas idéais.
Deixa-me ser, por mim responsável
Deixa-me assumir meus próprios atos.
Deixa-me refletir no espelho
dos meus próprios olhos.
Deixa me despir das tantas máscaras
tenho fome de mim mesmo.
Deixa-me existir, deixa-me ser.

14- DE ONDE VEIO
Mário Osny Rosa

Essa imagem me preocupa
Fundo do olho a examinar.
Com uma grande lupa
Nem consigo imaginar.

De onde é sua origem
Até já me da vertigem.
Poderia ser de plutão
Veio só por gratidão.

Veio para assustar
Ou só se apresentar.
Cara feia não intimida
Alguém até que duvida.

Seja um extraterrestre
Logo vai ser manchete.
Até mesmo na Internet
Onde esse cara se mete.

São José/SC 1 de agosto de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

15- INTERROGAÇÕES
( ROSE AROUCK )

Para onde eu vou?
O que me espera?
Onde estará meu sol de primavera?
Sufocou-se em meu peito?
Juntou-se ao fútil-perfeito?
Onde mora a minha festa?
Em que portão enluarado
Foi parar minha seresta?
Serás tu meu exilado?
Ou escapaste-me pela fresta?
Existirá o mero acaso?
Serei vértice ou hélice
De um moinho de vento imaginado?
Meu navio afundará no tempo?
Atravessará vitorioso meu tormento?
Quem tu és?
Quem sou eu?
Seremos paradoxos de um átomo
Que perdeu-se e fertilizou a Terra?
Ou seremos apenas um vácuo utópico?
Qual será nosso vestígio na atmosfera?
Por que somos?
Quem fomos?
A noite é um anel rompível?
O mar será sempre temível?
Teu primeiro beijo, a quem deu?
O raio, é o fogo de um isqueiro
Que o infinito acendeu?
Quem é mais forte?
Tu ou eu?
????????????????????.....

16- ROSTO FALADO
Jose Ronaldo-JR

Olhar perdido no espaço
sem ação...ou reação
fruto da desilução
neste mundo cão?

O que dizer então
neste mundo de desunião?
onde a Paz é reiterada
mas só fica na palavra!!!

Quem quiser seguir o "amigo"
que seja com exemplos
palavras??? ficam ao vento
aproveitemos este momento

Aqui tudo é efêmero
vamos plantar a semente
porque daqui levaremos
apenas a "vida que vivemos"
Jose Ronaldo-JR

17- Monstro Ou Demônio
Iracema Zanetti

De qual abismo tenebroso emergiste?
Teus traços lhe definem como um espectro temível
Numa face ampla e disforme...
Olhos esbugalhados, sem simetria exprime revolta e ódio ao mundo.
O tremor de teus lábios demonstra desejos de vingança e morte.
Parecem querer dar nome ao causador de tua figura disforme.

Ó pobre homem não atinamos com seu sofrimento!
Não sabemos se vens do além, se do céu ou do inferno...
Dizem que os habitantes do céu são anjos lindos e amorosos...
Do inferno, vis demônios que se transformam em figuras...
Que divergem, de acordo com a performance do momento.

Não julgo o horror de tuas formas...
Mas entendo que realmente surgiste do sorvedouro sinistro
Onde línguas de fogo proliferam...
Transformando humanos, arrebatados pelos demônios,
Em besta fera impingindo temor a quem ainda vive livre, aqui na Terra...!

18- EXPECTRO
Arneyde T. Marcheschi

Olhando o mundo
de forma bandida, cruel
vivendo meus dissabores
com gosto de fel.
Corpo carcomido
alma abriganda no limo
desjos esfarrapados
na carcaça destemida.
Me escondo de você
de mim...de todos.
Sou expectro do ontem
coração sofrido
chorando as horas de destita
nesse mundo em que fui
esquecido,abandonado.

Vitoria.E.Santo 01/08/2006
www.vidatransparente.com.br

19- SEM MÁSCARAS
Ana Maria Peralva

Um ser marcado, estigmatizado...
Cicatrizes que se avistam,
olhar que se esgueira,
de outros tantos que não percebem
as feridas impostas pelo tempo,
que avança com a fúria do vento...
Fins de uma conturbada era...
As rugas profundas que se afundam
em marcas na fisionomia exposta,
são vestígios do cansaço de sempre
querer persistir.
Ora desejo desistir de me iludir...
Neste solar de mistérios profundos,
no limiar da angústia
sou as cruzes do mundo
e minha esperança se esconde
nesta face mutilada, humilhada,
onde as palavras foram silenciadas
e os sentimentos jazem moribundos.
Efígie perfeita da imperfeição,
numa estrada onde a descabida ambição
talha a fogo e a ferro toda emoção.
Imagem carcomida e consumida
pelo estigma de uma existência sem coerência,
num amanhã que nunca amanhece
e os sonhos apodrecem.
Semblante que relata a solidão dos dias,
distorcidos momentos sem alento
na dor que purga qual fel
nesta estrada fria e cruel.
Minh’alma sangra um carmim pisado
de tormentos matizados,
onde a dor jamais se dilui
e a luz nunca flui...
O que vês?...
Um ser enlutado, enrugado,
uma expressão que causa horror?
Não...
Sou a alma sem máscara,
que exprime toda a expiação
deste mundo vil e enganador...
Onde a mão planta a guerra,
cultiva o ódio... Destrói o amor
na insanidade dos conflitos...
Do desencanto sou a agonia,
o lamento das perdidas orações
clamando por piedade
sob os retumbantes sons dos canhões,
sou O RETRATO DA HUMANIDADE...

RJ - 2006


20- O dulçor da melancolia
Inês Marucci

Oh dulcíssima tristeza,cravada em minh'alma
qu'inda sonha, e sonhando caminha adiante,
de sonho em sonho amarrando a sua chama
teimosa em jamais apagar esperança fluente!

Olhos pendurados na sombra d'uma estrela,
os mares cósmicos sulcando meus passos,
lá vou desfiando tamanha nostalgia singela,
meu rastro suplicando migalhas d'abraços!

Tênue dulçor melancólico que não escondo,
companheiro solitário que jamais só me fez,
em meio aos látegos meu destino afinando,

em sinfonia soluçada à busca dos perfumes,
eternos atalaias povoando almas vacilantes,
por ora germinando seus sorrisos radiantes!

Santos-SP-01/08/2006

21- A face da tristeza
Leonor Maria Fagundes

Meu rosto está marcado pela saudade
Em cada traço doem as feridas
Que deixastes em minha alma dolorida
Marcas da tua lenta infidelidade

Movido pela ânsia de viver
Segui em frente sentindo o tempo
A cada passo ir molestando
Meu rosto que mostra meu desencanto

A tristeza sufoca meu pranto
A solidão transcende a minha agonia
Lutar deveria ser meu alento

Se ainda um pouco de ti houvesse
E os meus olhos inconformados com a sorte
Te encontrassem após a morte.

Guarujá, 01.07.2206 -17.49

22- Carranca
Muriel Elisa Távora Niess Pokk

Não, não olhe para minha aparência,
Veja o brilho que em meus olhos há.
Não me olhe assim, tão sem clemência,
Sente-se aqui, venha cá!

Quero que saiba que tenho alma,
Que como você, também sou sonhador,
Que sou feliz e em mim tudo se acalma
Quando a ouço e a vejo meu amor.

Não importa minha feiúra, minha carranca...
Se a lua em noites estreladas eu fito
E ela da face, com pureza, a dor me arranca,
Escondendo minha tristeza e meu conflito.

Repare, olhe bem dentro de mim,
Vê? Há em mim uma beleza imensa...
Não, por favor, não me olhe assim;
Se assim me olha sei o que pensa.

Tenho pensamentos elevados.
Acredite, não sou assim tão feio.
Embora os lábios estejam selados.
Sei falar de amor e devaneio.

Poesia registrada em cartório

23- Quero Paz
Avany Morais

Quero falar, gritar ao mundo, minha insatisfação.
Mas, quem nesta vida, poderá parar e me ouvir?
Pois os que me ouvem, parece que surdos estão...
Não escutam, não enxergam, não falam... Ai de mim!

Olham-me e condenam-me pela máscara aparente,
estampada na cara pelo sofrimento e a dor.
Não sabem que nunca fui assim, feio e tão repugnante,
que a maldade do mundo, foi quem me transformou.

Tenho nos olhos gravados, a tragédia, a ferro e fogo...
A desgraça dos conflitos, o massacre dos inocentes,
A destruição em massa de um povo... Isto é um jogo?
Ou será apenas diversão? Não entendem que povo, é gente?

Como querem que meu rosto, de tão sofrida tristeza,
tenham olhos delicados repletos de amor e beleza?
Não posso trazer na alma traços de pura candura!
Pois sou o retrato da guerra... Não olhem a minha feiúra.

Quero paz para o meu povo... Pra esta gente tão sofrida...
Não estou em um concurso, não preciso de aplausos...
Preciso estancar no peito, este sangue, esta ferida...
Acabar com esta guerra, é o que mais quero na vida.

17h45min
02.08.2006

24- CEGA EXPRESSÃO
NANY SCHNEIDER

Quando a raiva desnuda, ao rosto sua aversão,
Transcende o conhecimento, sentimentos e razão.
Joga ao outro a incompetência, o descaso, sem compaixão...
Esquece que mais que as palavras, fala sua expressão.

São tantas as mágoas plantadas impunemente,
Usando o olhar desdenhoso, ao coração que sente...
Usando o esgar de sátira, que o torna mais deprimente,
Burlando com ar de indiferença, o pulsar da lágrima latente.

Expressão que causa repulsa, medo e dor,
Em quem em momentos de calma, acreditou ter amor.
Homem sem tato, sem noção, sem dar o menor valor,
Às pessoas que atinge profundo, com ignóbil horror.

Como poder responder, a esse mero infeliz?
O que sua cega expressão passa, sem saber o que diz?
Lance apenas um sorriso, a esse pobre aprendiz...
Pois a própria vida ensina, a lição que lhe condiz.

03/08/2006 19:41
Curitiba - Paraná

25- Nativo
Ramoore

Venho do consumo consagrado de seres perdidos,
em leis ditas e malditas de leigos precursores,
alegados em fardo pesar de pesares e queixumes,
espanto do espanto os fantasmas deixados em urna
no verde da esperança perdida, cheirando ao comum
fato obrigado em minha livre vontade do ir e vir...

Deixo de minhas mãos presas ao desatino da crença,
as esperanças morrerem a cada pleito em meu peito,
teimando na fraterna promessa em siglas abstratas
de meu sofrer não tenho lágrimas, na seca verdade
minha semente no solo fecundo não conhece do sol,
em abraços de mãos vazias do aperto aperto a dor
contando dos dedos em dez sem ter um...

Sinto do céu caírem anjos e demônios em minha fé,
do evangelho sem a catequese do prato feito e cheio
das minhas amarguras, vejo do sorriso em cirurgia
o instrumento adestro substituir a falta da realidade,
sem expressão expresso minha vontade de andar
na vontade sem ter vontade de queimar meu pés,
provo do milagre caminhar em brasas na fome
acreditando da água a borra do café...

Voto de meu voto votar a imposição pragmática e servil,
de meu canto varonil meu primogênito varão e viril,
como indigente em vícios doutrinados em sete palmos
do símbolo consagrado em celeiro, está em cinzas e pó,
no direito reservado longe dos direitos não mostrados
em preto e branco, no medo absurdo do sonho absurdo,
ouço das cores emprestada bandeira em bedelhar o trivial,
recolho em saco plástico, sem minha viola empenhada,
todo meu versar que só posso deixar escapar no olhar...

E cumprindo meu dever, deixo o voto cego no votar!

26- FACE DA DESILUSÃO
Reinadi Rodrigues Sampaio
florbella_ba

Uma imagem!!!
No primeiro instante,
Um impacto do imprevisto,
Figura horripilante!!!
No instante seguinte,
Um momento de reflexão
Tudo muda o pensamento,
Vai-se embora a inferência e
E me vem à consciência
O semblante de um ser sofrido,
Um dos sobreviventes deste mundo cão.
E meus olhos se enchem de lágrimas
Ao perceber tamanha aflição
Olhar que busca nesta imensidão,
Um alento, uma justificativa,
Para tanta desunião,
Tanta exclusão,
Só o belo é aprovado
Não seria jogado em pauta,
Um homem observado,
Encurralado no meio da multidão.
Pele negra, marcadas pelas rugas da dor,
Do pensar exaustivo e sem solução,
Boca num ritual aflito
Quem sabe...
Rogando a Deus numa prece muda,
Um mundo mais justo,
Com mais compreensão.
De certeza um homem pobre,
Pois negro já nasce pobre,
Faz parte da tradição.
Se for negro já nasce marcado,
É um desafio à própria existência
É um ser na contra mão,
Pois não existe evolução capaz de retirar esta marca,
Todo negro e pobre não passa de um ladrão.
Meu pai também era negro,
Filho da escravidão, filho da exclusão
Volto a olhar os olhos deste homem,
Lá está outra vez um olhar de dor,
Mas numa cor belíssima,
Cor que lembra os olhos dos meus rebentos,
A cor do mel,
E minha ternura vai crescendo,
Queria tocar-lhe as mãos,
Passar a minhas mãos sobre aquelas rugas,
Olhar dentro dos olhos e, dizer-lhe:
Não chora embora teu pranto seja calado,
Sinto as lágrimas da tua alma,
A lavar este chão.
Não machuca mais teus lábios desta forma,
Preserva-os, um dia terás o pão
E poderás saboreá-lo,
Pão, comida sagrada,
Deveria ser distribuída entre todos os irmãos.
Fecho os olhos e imagino teu corpo,
Igual ao meu, igual ao de todos,
Somos a semelhança do corpo físico de Deus.
Portanto, somos todos irmãos.
E nos teus olhos me prendo mais uma vez,
E me vem uma grande emoção,
Nele vejo um brilho intenso, o da esperança...
Esperança... Por dias melhores que virão.

Cruz das Almas, 02/08/2006.

27- Medonho
Lina Rocha

Um olhar vago a procurar
num horizonte desconhecido
o motivo de sua existência
ou uma justificativa do que vê
A ignorância provoca no ser
uma fúria descontrolada
por não saber o que fazer
uma mente desgovernada
a procura de um caminho
a procura de um alento
que o tire deste sofrimento
que o encha de encantamento
que lhe arranque o medo
que o faz medonho
sozinho e tristonho...

28- A Face de Deus
Delasnieve Daspet
Campo Grande MS - 15-10-2001

Toma meu amor.
Meu eterno amor.
Deixa teu pesar para trás.

Um dia foi dito a verdade
Ao amar outra pessoa
Enxergamos a face de Deus!

O sol sempre nascerá
Mesmo que a noite seja
De escuridão interminável!

A poeira amarga da mágoa,
O riso transformado em lágrimas
Que brotam da vertente d'alma,
Tudo findará!

Parta teus grilhões,
A desgraça sempre deixa
Uma porta aberta!

Olhe à frente:
É o futuro que nos chega
Todas as manhãs!

Campo Grande MS - 15-10-2001

29- ÓDIO E FRIEZA
MALU OTERO

O que você pensa? Conta pra mim...
Tua expressão imutável traduz o ódio
Será que seu olhar vai continuar assim?
Pense nos nossos momentos de ócio

Nas tardes inteiras que me dedicava
No amor cultivado e no que ficou
Ou é que pra você não ficou nada?
Se fui tanto por que agora nada sou?

As rugas de indignação não têm sentido
O olhar fulminante não deveria ser assim
Certo seria a ternura como no princípio

O ódio não pode apagar por completo
O amor e nem muito menos por fim
A um sentimento tão grande e tão belo

30- Enigma
Priscila de Loureiro Coelho

Expressão misteriosa
Que guarda segredo em seu olhar
Retrata a angustia desastrosa
De quem há muito deixou de amar

Os lábios cerrados ressequidos
Isentos de qualquer emoção
Sem vestígios dos beijos recebidos
Silenciam cada grito de ilusão

Olhos carregados de rancor
Inspiram-me ternura e piedade
A Alma agoniza em desamor
E se vê condenada à insanidade

Vulto sombrio e assustador
Que a vida já não mais alcança
Esquece que sua essência é puro amor
Pois há muito desistiu da esperança.

Medo, desespero, agonia
Tristeza, loucura e tormento
Sua face se transforma em poesia
E o poeta... Em seu sofrimento!