CANTIGA DE RODA
Thereza em poesia
De uma queda foi ao chão
Acudiram tres cavaleiros
Todos os tres sem chapeu na mão
O primeiro lhe deu mel
Melodia, doce som...
Compactuou com demais astros
Derramou fenômenos no cálice mágico
E condenou-a entre lobos e cordeiros....
Thereza emudeceu
Com um amargo gosto de fel...
Permaneceu dolorida...as mãos estendidas...
O segundo lhe trouxe o Sal
Flores, perfumes e odores
de lagoas , outros mares e Graal
Foi seu juiz
Julgou-a redentora
Condenada a si mesma...
Thereza perdeu suas palavras
No espelho de seu cavaleiro
Bebeu de seu cálice vocálico
Condenada entre as deusas guerreiras
A ser prisioneira dele mesmo
O terceiro não disse nada
Chegou com uma taça
E brindou para aliviar sua mágoa
Busca as mãos estendidas de Thereza...
Calejadas, doloridas, estendidas...
Teceu-lhe as riquezas das palavras
Trouxe presentes de outras eras:
Liras, cantatas, quadros raros
Tábua das esmeraldas...
Não lhe promete nada
Mas cobra-lhe ser Musa, Sereia, Rainha
Não lhe diz se é Ulisses disfarçado,
Lancelot fugido
Ou Arthur no julgamento de Guinevere...
Reveste Thereza com os encantos das palavras
Tece e desmancha o tapete
Sem dizer se a condena
Ou a absolve
Como uma simples mortal....
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