REFÉM DE MIM

 
Sonhos desfeitos em partidas
deixando minh’alma vazia,
sombras encobrindo a vida.
Corpo em apatia, voz que silencia
carpindo as dores do tempo.
 
Poesia presa em afasia,
Perdido é verso no contratempo.
carcomida a folia da fantasia,
não sei como fugir da solidão...
 
Já não resisto, permito
que a lâmina de aço sangre o coração.
O cansaço é tanto, que me desfaço
em fragmentos, quebra cabeças complexo
onde sempre falta um pedaço,
sou poema sem nexo...
 
O momento é um vácuo profundo
e nas ruas de agonias sem fim,
em nostalgias afundo...
 
As noites são insones e eternas,
já não me apraz o dia amanhecido
e, qual ébrio iludido pela lua terna,
sentimentos vão se contorcendo
na lacônica escuridão eterna.
 
Partidos ao meio, não aceitam o fim!
E em lágrimas vão desfazendo
a lucidez que clarifica os fatos.
Hoje, tranco emoções no peito,
guardo num velho bau seus retratos
e, ao quebrar antigos laços,
encontro-me só, refém de mim!
 
28/03/2009

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 16/08/2009
Reeditado em 29/10/2009
Código do texto: T1757403