01-CHUVA
Zenaide Giovinazzo
Delicia um banho de chuva!
Molhar a roupa, os cabelos,
deixar lavar a alma
e libertar todos os apelos...
Alguns presos na garganta
outros no coração
fustigados pela chuva
vão caindo pelos vãos...
Escorrem pela calçada
levam junto a inclemência
e nesse banho de chuva
é devolvida a inocência...
SP /2008
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02-Sou chuva
by Cel
Se caio no pântano, sou lama
se me perco no dorso, suor
se escorrego no rosto, sou lágrima
afinal o que eu sou ?
Bati na vidraça
e um olhar triste e sem graça me seguiu,
rolei tanto, que desci através de pontes,
me fiz rio ...
Guarda-sóis tentaram me parar
e senti muitos rostos colados, molhados
dizendo se amar ...
Eu fiz goteira, rolei entre calçadas
e vi muita criança,
na inocência da esperança,
brincando, fazendo e enviando
barquinhos entre meus braços ...
Quem sou eu afinal ?
Rolei no asfalto,
fui má ... gerei insegurança,
quantas vidas tirei ...
Mais também sou Vida !
Mato a sêde,
molho os pastos, alimento os rios
vejo o verde das plantas
rejuvenescendo, flores se abrindo
com meu beijo!
Sou chuva ...
*** Labirintos da Alma ***
Cel (Cecília Carvalho)
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03-Chuva
Vanderli Medeiros
Chove lá fora,
E pinga, aqui dentro, um aguaceiro.
Já nem sei se chove,
fora ou dentro,
ou é meu coração
que goteja de saudade.
Meu pranto
rasga uma tempestade;
o peito
relampeja seu nome...
Águas inundam a cama...
não sei se choro
ou chove em mim.
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04- CHUVA SALGADA
Naidaterra
Sou a chuva que molha
a terra, as florestas
e faço transbordar
rios e mares...
Chora a terra pelo sal
que suga e o rio já chega
ao mar, salino...
Queimam as flores, folhagens
e a floresta implora-me,
Não chore mais...
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05-CHUVA DE AMOR
Marcial Salaverry
A água da chuva,
molha seu exterior,
a água do amor,
molha seu interior...
Essa chuva excita,
os sentidos atiça,
desperta paixões,
enlevando os corações...
Quero deixar-te molhada,
com a chuva de meu amor...
Quero te dar meu calor,
para teu pranto secar...
Venha...
para que eu possa te amar...
Pelo menos até a chuva passar...
Marcial Salaverry
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06-Sou Chuva
Roze Alves
Sou chuva sim, um dia me desfiz
Não me lembro mais onde
Será que ainda sei o por que?
Hoje percorro vários caminhos
Me transformo, uma metamorfose infinda
Fustigo as vidraças do ser solitário
Quero trazê-lo de volta a vida feliz
Queimo o rosto da mocinha sonhadora
Ela precisa saber se fazer uma vencedora
Rego rios secos, assim como seca era minha vida
E me fiz chuva, ninguém me resgatou
Sentia que estava me desfazendo
Até que desapareci, corri junto as águas da rua
Desemboquei no mar, a alguns consegui salvar
Só a mim não consegui,
E nem sei mais se um dia quero voltar
Voltar a viver, e com a solidão aprender a conviver.
RJ: 28/02/2009
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