GIORGIO CASIMIRO SE DESILUDIU Parte VII

Após sua viagem para Porto Velho e seu triste retorno, Giorgio Casimiro procurou manter-se, na medida do possível, presente na vida de Karen Jessica, ainda mais que, desde seu retorno, ele não pensava em outra coisa que não fosse voltar a Rondônia, desta vez não apenas para ficar por um tempo, mas para morar definitivamente lá, perto dela, da família dela, a qual aparentemente ela muito amava. Queria ficar perto dela, até o momento em que poderia pedi-la em casamento, afinal ela lhe falara tantas vezes de sonhos românticos, um pedido de casamento como aqueles que se vê nos filmes, vestir-se de noiva, véu e grinalda, aquelas coisas todas. Ele nunca dera muita bola pra isso, seus pais não tiveram dessas frescuras, apenas foram morar juntos, depois que sua mãe ficou grávida de seu irmão mais velho, hoje professor em alguma parte do país, mas estava sinceramente querendo adequar-se aos sonhos dela, por ela, ele faria todas essas coisas!

Por conta disso, Giorgio ia fazendo as coisas no seu trabalho sem muita paixão, entrou em cursos para aprimorar-se, tudo para dali há no máximo um ano voltar para Porto Velho. Já recebera até alguns e-mails de empresas de lá, procurando marcar entrevista de trabalho com ele. Mas não podia descuidar de impor, de alguma forma, sua presença e seu interesse no relacionamento, que por motivos de força maior, tinha que voltar a ser à distância. Continuou ligando nos finais de semana para Karen Jessica, e teclando com ela pelo MSN, durante a semana, e nos primeiros meses tudo parecia continuar como antes, a relação parecia continuar evoluindo, a certeza então era de que seu retorno a Rondônia, para morar por lá, seria muito bem visto. Giorgio Casimiro começou a estudar a possibilidade de prestar vestibular para a universidade federal de lá, em vez de tentar a do seu próprio estado, como pensara antes de conhecer pessoalmente Karen Jessica.

Combinaram, numa das ligações, os detalhes da vinda dela para Gravataí, nas suas férias, dali há uns 6 meses, a exemplo do que ele fez, ela ficaria mais ou menos 30 a 40 dias com ele, com a vantagem de ele já morar sozinho, desde os dezenove anos, mais ou menos.

Depois de uns 2 meses do retorno dele, as ligações dela começaram a ficar mais esparsas, a alternância de fins de semana já não estava mais funcionando, no último mês era ele quem havia ligado nos quatro fins de semana. Ele continuava conversando com ela durante umas duas ou três horas por ligação sobre nada, e as últimas vezes em que ela ligou, se ficassem meia hora conversando, era muito, e ainda tinha que ser por algum motivo específico, por exemplo, seus planos. Numa de suas ligações, ela chegou a falar que estava muito difícil ficar sozinha, com ele a milhares de quilômetros dela, mas quando ele pensou em retrucar, ela olhou o relógio, disse “ih, como ta tarde, amanhã tenho que acordar cedo!” e desligou. Giorgio passou uma semana remoendo aquele assunto, e quando chegou o fim de semana, ele ligou, tencionando perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas quem atendeu foi um de seus irmãos, dizendo que ela não estava em casa. Ele ficou encasquetado com isso, mas no dia seguinte, tentou ligar-lhe, e desta vez ela estava em casa. Pediu desculpas, disse que havia ido a uma festinha na casa duma amiga, mas que não era pra ele ficar com ciúmes, mas Giorgio não deu muita atenção a suas desculpas, perguntou como fora a festa, conversou sobre amenidades, perguntou como estava sua avó, que soubera que estava doente, e enfim falou que talvez o melhor fosse eles terminarem a relação por ali.

Ayrton Mortimer
Enviado por Ayrton Mortimer em 14/08/2008
Código do texto: T1128030
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