Dona Zildinha tinha 30 anos,era viúva e tinha um sonho incompativel com seu atual estado.Queria ter um filho.Estamos falando do final dos anos trinta,quando as que perdiam o marido,tivessem a idade que tivessem,cobriam-se de crepe,só saíam para a missa e visitas aos parentes,sempre acompanhadas de uma parenta mais velha,que nunca a deixava só,pois o Diabo arma.A nossa viuvinha estava na confortavel posição de "nem bonita que espante,nem feia que faça medo" e,em termos financeiros,se não era podre de rica,tinha lá seus cobrinhos deixados pelo falecido,homem de comercio.E,como se diz,que viúva rica,solteira não fica,apareceram,sim,os pretendentes;mas,Zildinha foi descartando um a um:um,era velho demais,outro muito jovem,o terceiro sem vintém,e,o sonho de ter um bebê,foi se esmaecendo,mas,nunca jogado ás baratas.Deveria haver um milagre.D.Bonifacia rezadeira,muito afamada e conhecida na cidade,tinha uma solução.Zildinha devia rezar todo dia ás seis horas,sete dias seguidos sete ave-marias,perto da janela do sobrado onde vivia,mas,não em voz baixa,e,sim,com a voz mais alta que tivesse,aos berros,para a santa ouvir lá nas paragens eternas onde morava;era pau,casca.O milagre viria.No dia seguinte,os moradores da praça onde ficava o sobrado começaram a ser pertubados pelos berros e foram queixar-se ao padre.Na falta de um bispo,servia o padre.Que ac oselhasse a viúva a parar com essa tolice de macumbeira,afinal,parir sem ação masculina só a Virgem,que,ademais,tinha marido.O padre,um sepulcro caiado,que era como o povo chamava os falsos,há muito estava de olho na viúva.Mas,mantinha a postura eclesiastica,por cima flores e rendas,por dentro,farelo só,não dava bandeira.Na missa de Domingo,Zildinha foi se confessar e o padre,muito amavel,pediu para ela parar com a rezação gritada,não resolvia nada e rematou:"-Filha,para a menina ter um bebê,não precisa sete ave-marias,basta um padre-nosso.