O Tinhoso visitou o caipira. Quem semeia joio, colhe tempestade.
O Tinhoso visitou o caipira. Quem semeia joio, colhe tempestade.
Eu pensava ao abrir a janela: virgi nossa! O dia bonito... Raiando sereno... Passarinhos cantando na amoreira...
E na dormência da manhã, no de repente o susto: tinha uma nuvenzinha sentada na amoreira.
Dei com o traseiro no chão do meu quarto, que ta doendo inté agora.
Ôxe!... Pra mor de quê tava aquele trem ali?
E a nuvenzinha feminina, de pernas cruzadas, deu sorriso meigo e sedutor. Ou tava motejando ou carência de simpatia-tinha.
Animei-me! Alevantei e cheguei pertim da janela daqueles zoinhos azuis atraentes, daquele pedacím de céu que repousava ali.
Confiei: alva criatura linda que era. De batonzinho vermeio? Eita! E no corpim, volume de seios tinha, mas bico ali não existia. Ôxe... Se amamentar não pode, amor de fêmea-mãe não têm. Desconfiado fiquei.
Desconfiei: arre égua... Que esse trem ta confuso, isso não pode ser criatura desse mundo...
Confirmei: a bichinha abriu sorriso, e dentes ali não havia, nem os da frente nem os do siso.
Comecei a entender: se dente não têm, não precisa comer. É criatura espiritual mal disfarçada. Eita ferro!
Compreendi: sem dente, sorriso amarelo, sem-graça, fingindo beleza que não tinha... Só pode ser o Mal-Humorado.
Ah... Danado. Vê se pode! O Sempre-Sério fingindo alegria? Capaz mesmo...
Ele, o Solto-Eu, imitando passarinho pousado em galho? Vai-te Morcegão. Tu repousas é de ponta-cabeça! Chupa-Cabra dos meus infernos!
Exconjurei forte na fé: por Cristo nosso Senhor, sai de reto Satanás, Pai da Mentira. Quem nasceu criatura nunca vai ser Criador. Invejoso!
E o Tristonho, o Estrela-decadente caiu desterrado. Nuvenzinha formosa e branca que era, virou sombria e desmanchosa neblina amarela fedendo a enxofre.
Humilhado, decaiu se espalhando na Terra, que é bom lugar para criatura má e rastejante.