O JARDINEIRO DO CÉU
 
Naquela cidadezinha, quando ele chegou, muitos não o conheciam, e no boca a boca propagavam seu trabalho. Na realidade era um homem de aproximadamente trinta ou quarenta e poucos anos. Sempre calado, quase nada se sabia da vida do mesmo. Só mesmo se sabia que ele era muito dedicado. 
Até que certo dia uma jovem abastada de uma cidade vizinha ao vê-lo aproxima-se e nisso e lhe faz uma acusação. Mas porque o queria condenar, e de que o queria. Já que ele era apenas um simples jardineiro. Ele apenas se dedicava a cuidar de algumas flores daquela praça próxima a estação de trem.
Nada se poderia imaginar, nem mesmo que aquele senhor incomodasse a paz das pessoas daquela cidade. Mas por causa daquela moça ele simplesmente fora levado a juízo e logo à prisão. E assim passa-se algum tempo para ele ser julgado pelos doutores da lei, que de uma forma ou de outra queriam ou não acusa-lo por algum delito. Mas a verdade é que mesmo sendo um jardineiro, ele tinha algo que chamava a atenção daqueles que o olhava com bons e maus olhos, dividia assim as suas opiniões ser para eles divergentes.
O mesmo parecia ser conhecedor de algumas leis. Pois ao ser preso nada manifestou e assim acompanhou sem nada questionar o motivo. Na verdade naquele instante  nada o condenava.
Pacientemente, ele por alguns instantes recordava  apenas dissera uma ou duas palavras para aquela moça, que por algum motivo encontrava-se com raiva, de alguma outra coisa e descontava a sua ira destruindo as flores, e com isto ele tentava defender as mesmas. Mas lembrou de algum tempo, quando o seu pai dissera que ele passaria por alguns acontecimentos sem ter motivos aparente. E talvez fosse de um momento para ou outro julgado e condenado por alguma injustiça.
Foi o que naqueles dias aconteceu, os doutores, não achando motivo de deixá-lo preso já por algum tempo, deram a ele uma liberdade condicionada, e dissera que a sua punição seria ele dar conta de praças e jardins daquela cidade.  Mesmo assim ele o fez. Porém de bom grado. Mas muitos percebendo que ele falava com as flores, perguntou-lhe o que o mesmo transmitia para elas. Ele de repente olhou para onde o povo se aglomerava, e passou-lhes algumas mensagens que muitos até mesmo riam.
Mas outros o levavam a serio. E nisto tinha no meio daqueles um senhor, conhecedor daquelas leis por muito aplicada e que de longe observava toda a sua manifestação. Assim que o mesmo deixou de passar as suas mensagens para aqueles que ali se encontravam, disse que se assim alguns o quisessem sempre ouvir suas mensagens, ele estaria simplesmente pronto a dar sua devida atenção.
Mas o tempo passou, e de repente, logo pela manhã, bem cedo, apareceram alguns jovens que foram logo mexendo com ele. Ele estava num dos bancos acostado, descansando e assim lia aquele velho livro que ele conduzia. Talvez algo relacionado com a palavra por ele aplicada nas suas mensagens.
Quando lhe espancaram, sem motivo aparente, e de repente os jovens fugiram ao ouvir uma das sirenes ao longe tocar. Mas mesmo assim logo depois de medicado voltou a andar pela rua, e quando bem chega, encontra novamente aquele jardim onde tudo se encontrava destruído.
Mesmo controlando seus ânimos este senhor não se deixava abater. E diante de tantos julgamentos ditos popular, ele simplesmente deixava que todos pudessem algo falar e depois os explicava que mesmo sabendo de tudo que com ele poderia vir acontecer, não estaria pronto a desobedecer às leis que sua doutrina o ensinava.   
Mas nisto aquele doutor, também se encontrava presente observando tudo que ele se passava, e assim ao jardineiro se dirigiu. Passou por algum momento conversando e descobriu algo do seu passado.
O doutor disse ser simpatizante das palavras e das mensagens que o mesmo ali pronunciava, e dizia ver que o mesmo trazia consigo um saber incomum para o que o mesmo apresentava ser. E que se pra ele fosse realmente possível sempre estaria presente para ouvi-lo.
E através disto certa vez o doutor convidou um amigo para que o acompanhasse e ouvisse as palavras que aquele peregrino assim pronunciava, e se de repente esse amigo não conhecesse o trabalho do mesmo, teria o prazer de ver o trabalho que todos não se cansavam de ver.
O doutor e o amigo curiosamente foram ao encontro do jardineiro, quando ao chegar presenciou a prisão mais uma vez daquele senhor. Eles tentaram saber o que acontecia, mas mesmo assim a policia nada mencionou. Quanto ao jardim, novamente estava destroçado, suas lindas flores pelos cantos estraçalhadas, vitima de alguma outra arruaça.
E já na prisão onde o jardineiro era tratado com desprezo, o doutor foi obrigado, ali mesmo intervir em favor do mesmo. E por causa de tanto, fora levado em julgamento o jardineiro.
Quando já o condenavam por crime de subversão. Diziam que o mesmo assim ao passar aquela mensagem, que se dizia ser de paz e amor, induzia as outras pessoas a tomar parte de tudo que o povo, antes ignorava.    
E assim diante daquele julgamento, aquele que estava quase sempre presente aquelas manifestações dizia para todos, que não tinha as mensagens proferidas pelo jardineiro nenhum tipo de subversão. Pois o mesmo além do amor dado ao seu trabalho, e de expressar algumas lindas mensagens, apenas o tinha como um homem que traz em seus ensinamentos trovadorescos. Paz, amor e fraternidade entre todos,, e assim o doutor perguntava:
_ O que tem de errado nisto? Que mal o mesmo comete se o nome dele é Messias? Um homem pacato, que vive em praça publica cuidando de flores, e passando a todos, mensagens de amor.  Que mal haveria nisto.
E ainda perguntava:
_ Por que ele assim não poderia ser um jardineiro, mesmo com um sábio vocábulo, que passava uma mensagem para o coração daqueles que ali sempre se encontravam.
Mas cada vez que os doutores em sua defesa investiam, o jardineiro se lastimava por assistir tão brilhante defesa.  Fora assim para sempre condenado, e logo depois por ser friamente injustiçado, viera a morrer.
Às vezes praticamos o bem sem mesmo saber a quem. E os resultados por muitos manifestados são sempre contraditórios.