O levantamento do cadáver
Sêo João Afonso,delegado de Areias,pequena e árida cidade do sertão,era um homem de poucas luzes,mas,idolatrava a cultura;tinha um respeito quase religioso pelas,professoras,médicos,juízes e qualquer pessoa letrada.Lendo com dificuldade e mal assinando o próprio nome,êle sempre estava com um livro na mão,soletrando bravamente,tentando penetrar nesse mundo fascinante da intelectualidade.Muito amigo do médico da cidade,um boa praça,amigo das letras,dono de uma biblioteca diversificada ,repleta de clássicos,onde êle sempre queria estar,folheando os livros,que pegava com devoção de crente e espiava com olhos famintos,quando o doutor,sentado numa espreguiçadeira,abria um volume,por distração ou consulta.O velho delegado tinha bom ôlho,pegava para ler pesos pesados como "Os Lusíadas" ,levava pra casa e degustava,encantado,embora não entendesse quase nada de "armas e barões assinalados.Inquirido pelo médico se tinha começado a leitura,êle respondia:-'tou casi lá dotô,já saí do indice e vou entrar no capitulo;assim mesmo,sem acentos.Uma manhã,quando encontrou o doutor,na praça,abriu os dentes,numa risada,feliz de vencedor e foi logo falando:-"sêo dotô,esse camoes é da gota serena,e ,os lusiadas ´,o mió livro do mundo.Chegando á Delegacia,teve uma surpresa desagradável;um preso,acusado de roubar um garrote,sem provas,e,que vinha negando peremptoriamente tal delito,se enforcou na prisão.Sêo João,bastante desgostoso,passou um telegrama prá Capital,informando o acontecido ao chefe de policia e pedindo orientação.Dias depois,chegou a resposta;era para providenciar o levantamento do cadáver,pô-lo num bom estado,mandar chamar um padre para as exéquias e remetê-lo á familia ou enterra-lo,cristãmente.A resposta do delegado foi esmagadora."Não percisamos fazer levantamento;cadáver morreu de pé."
Sêo João Afonso,delegado de Areias,pequena e árida cidade do sertão,era um homem de poucas luzes,mas,idolatrava a cultura;tinha um respeito quase religioso pelas,professoras,médicos,juízes e qualquer pessoa letrada.Lendo com dificuldade e mal assinando o próprio nome,êle sempre estava com um livro na mão,soletrando bravamente,tentando penetrar nesse mundo fascinante da intelectualidade.Muito amigo do médico da cidade,um boa praça,amigo das letras,dono de uma biblioteca diversificada ,repleta de clássicos,onde êle sempre queria estar,folheando os livros,que pegava com devoção de crente e espiava com olhos famintos,quando o doutor,sentado numa espreguiçadeira,abria um volume,por distração ou consulta.O velho delegado tinha bom ôlho,pegava para ler pesos pesados como "Os Lusíadas" ,levava pra casa e degustava,encantado,embora não entendesse quase nada de "armas e barões assinalados.Inquirido pelo médico se tinha começado a leitura,êle respondia:-'tou casi lá dotô,já saí do indice e vou entrar no capitulo;assim mesmo,sem acentos.Uma manhã,quando encontrou o doutor,na praça,abriu os dentes,numa risada,feliz de vencedor e foi logo falando:-"sêo dotô,esse camoes é da gota serena,e ,os lusiadas ´,o mió livro do mundo.Chegando á Delegacia,teve uma surpresa desagradável;um preso,acusado de roubar um garrote,sem provas,e,que vinha negando peremptoriamente tal delito,se enforcou na prisão.Sêo João,bastante desgostoso,passou um telegrama prá Capital,informando o acontecido ao chefe de policia e pedindo orientação.Dias depois,chegou a resposta;era para providenciar o levantamento do cadáver,pô-lo num bom estado,mandar chamar um padre para as exéquias e remetê-lo á familia ou enterra-lo,cristãmente.A resposta do delegado foi esmagadora."Não percisamos fazer levantamento;cadáver morreu de pé."