NÃO ME CHAMEM DE MARROCO !
Com a chegada de Chico Deusdério à Mossoró, tivemos que fazer muitas improvisações. Depois da construção urgente de uma casa de taipa para abrigá-lo com sua família, pensamos como ele poderia desenvolver seu dom de agricultor nos serviços da panificadora.
Deveríamos ter muita calma nesta decisão, porque Chico era uma pessoa muito positiva e valente. Não gostava de levar desaforos para casa.
Foi assim que ele mesmo idealizou sair vendendo pães e biscoitos numa bicicleta de cargas. Idéia aprovada. Tudo foi providenciado e ele começava a desenvolver esta tarefa, saindo em sua bicicleta novinha, com dois balaios grandes, cheios de massas. Como sempre foi muito pontual e responsável, em poucos dias já tinha uma boa freguesia onde vendia uma boa produção. Os balaios saiam cheinhos de pães e voltaram vazios.
Entretanto começou a vingar um fato muito lastimável. Algumas pessoas, no trajeto por onde ele passava, começaram a chamá-lo de marroco, termo que significava pão duro, ou de bóia. Positivo como sempre fora, não admitia que falassem esta palavra, que soava em seus ouvidos como um ultraje ou ofensa.
Desde o início ele ditou, em alto e bom som, suas normas. Parou a bicicleta e avisou:
- Olhe, eu não vou admitir que me chamem de marroco, porque tenho nome. Eu não vendo pão de bóia, portanto quem me chamar de marroco, eu pego e dou umas porradas. Esta sua ordem caiu na graça do povo e o instigou até a aumentar a “perseguição” em suas passagens. Era só o que se ouvia.
- Marroco!
Chico soltava a bicicleta e perseguia as pessoas em destrambelhadas carreiras, com uma peixeira na mão e os olhos faiscando ódio:
- Não me chamem de Marroco!
Com a chegada de Chico Deusdério à Mossoró, tivemos que fazer muitas improvisações. Depois da construção urgente de uma casa de taipa para abrigá-lo com sua família, pensamos como ele poderia desenvolver seu dom de agricultor nos serviços da panificadora.
Deveríamos ter muita calma nesta decisão, porque Chico era uma pessoa muito positiva e valente. Não gostava de levar desaforos para casa.
Foi assim que ele mesmo idealizou sair vendendo pães e biscoitos numa bicicleta de cargas. Idéia aprovada. Tudo foi providenciado e ele começava a desenvolver esta tarefa, saindo em sua bicicleta novinha, com dois balaios grandes, cheios de massas. Como sempre foi muito pontual e responsável, em poucos dias já tinha uma boa freguesia onde vendia uma boa produção. Os balaios saiam cheinhos de pães e voltaram vazios.
Entretanto começou a vingar um fato muito lastimável. Algumas pessoas, no trajeto por onde ele passava, começaram a chamá-lo de marroco, termo que significava pão duro, ou de bóia. Positivo como sempre fora, não admitia que falassem esta palavra, que soava em seus ouvidos como um ultraje ou ofensa.
Desde o início ele ditou, em alto e bom som, suas normas. Parou a bicicleta e avisou:
- Olhe, eu não vou admitir que me chamem de marroco, porque tenho nome. Eu não vendo pão de bóia, portanto quem me chamar de marroco, eu pego e dou umas porradas. Esta sua ordem caiu na graça do povo e o instigou até a aumentar a “perseguição” em suas passagens. Era só o que se ouvia.
- Marroco!
Chico soltava a bicicleta e perseguia as pessoas em destrambelhadas carreiras, com uma peixeira na mão e os olhos faiscando ódio:
- Não me chamem de Marroco!