O sapo do Zé Baiano
Era tempo difícil de seca no nordeste.
Quem tinha a sua criação de galinhas e cabras, mantinha para sobrevivência da família.
Zé Baiano chegou na cada de dona Nita pedindo água e logo ficou de olho nos franguinhos ciscando no terreiro.
_Dona Nita, a senhora me dá um franguinha dessas!- E foi tomando de garra de uma franguinha preta.
-Olhe, seu Zé, eu não dou, nem vendo! É o que temos de comer, já que esse ano a roça não deu nada!
_Tá bom, então dona Nita, eu agradeço!
Semanas depois na feira da vila, dona Santina ouviu o Zé Baiano comentando:
_ Aquela mulher do seu Joaquim, dona Nita, só quer ser! Pedi uma franguinha a ela e não é que teve a coragem de me negar? Também só por causa disso, mandei pôr um sapo dentro da barriga dela!
Zé Baiano era um feiticeiro, adivinhador, fazedor de garrafada e trabalhos de macumba.
Se ele mandou o sapo não se sabe... Conta-se que um certo dia veio um vento tão medonho e até formou um redemoinho na porta de dona Nita. Parecia que vinha temporal e chuva da boas. Que nada! Foi só um vento, sem propósito, que derrubou até as roupas do varal.
Semanas depois na feira da vila, lá vem o Zé Baiano, todo faceiro, com um lenço enrolado no pescoço.
_Ô Seu Zé, sabia que o sapo que você mandou botar na minha barriga foi pouco? To tão magrinha ainda, precisava de mais uns cinco sapos para encher minha barriga!
Dona Nita não tinha medo do afamado macumbeiro.
_Num sei do que a senhora tá falando, dona Nita!
_Esse lenço aí no pescoço eu conheço viu! É a fralda da minha menina que o vento carregou! O vento veio, mas o sapo fugiu pro brejo! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....
Seu Zé Baiano engoliu o desaforo, deu meia volta e sumiu resmungando baixinho:
_Com dona Nita não tem quem possa, eita mulher de santo forte!