No tabuleiro da falsa baiana o chouriço frito com rodelas de cebola e pimentão esquenta sob o fogareiro de carvão.O cheiro forte e bem temperado aguça o apetite.

Os caminhões de peixe oferecem filé de pescadinha,camarão,lula,polvo  e namorado:_ sardinha limpa pro gato,leva madame,  3 real a dúzia.
_vai limão aí, madame?


Laranja lima,banana prata,fruta do conde e jaca,maçã e pera fresquinhas em lotes. As sacolas vão ficando pesadas  e os moleques oferecem ajuda.Um feirante mais ousado,não resiste:_ vai rosa, morena? Moça bonita não paga, mas também não leva.

A mocinha sai arrastando as sandálias de cara feia,vestidinho colado, alegre gingado, recebe assobios e gracinhas :_esta é a nora que mamãe pediu a Deus

_eu heim? não se enxerga? Responde bem alto.

A patroa ralha e critica o vestido curto demais expondo as pernocas roliças.A menina no fundo está adorando os elogios.Estabanada atropela uma senhora com o carrinho abarrotado:_tá cega minha filha?

É dia de feira.
Feirantes e freguesas se cumprimentam e regateiam.Uma provinha da melancia pra adoçar a boca e a vida.Uma banana a mais para o papagaio.

A hora da xepa também merece nota, gordotas senhoras,  toalhinha suadas no decote,  disputam as sobras  quase derrubando os incautos. Donas de casa mal humoradas esperam acabar a balbúrdia e o caminhão de água lavar o cheiro podre.

Fim de feira. A garotada  faz a laranja de bola brincando ladeira abaixo.O dia colorido termina.Semana que vem tem mais.




(revisado por Sonia Claro)

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 25/02/2008
Reeditado em 20/04/2008
Código do texto: T875335
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.