Lança Perfume
Tenho uns amigos que quando conto seus causos, ninguém acredita, parece surrealismo ou fantasia...vejam esse.
João Careca, tem um bar em frente a casa de minha mãe em Brasópolis –MG, ele sempre teve uma fama de ser meio maluco, mas eu já o acho é mui esperto, tipo, finge de morto pra comer o coveiro, sabe?
Dia destes, no feriado de carnaval, nos reunimos vários amigos para tomar uma gelada no seu bar e saiu uma conversa sobre drogas e outros vícios.
Como na roda éramos todos “caretas”, ou seja, nenhum de nós teve qualquer contato com essas coisas, talvez até por pura fidelidade à cachaça e as cervas, acredito.
Mas a realidade é que nenhum de nós, éramos quatro, tinha qualquer experiência com o tal cigarrinho do capeta ou a famosa carreirinha de pó branco.
Pior, discutíamos de como seria o efeito, já que porre de cana e cerva, somos PhD, doutores e mestres juramentados.
Do lado de dentro do balcão e ouvindo nossa animada conversa,enquanto nos servia, o João Careca se juntou a nós naquelas divagações.
Mesmo porque, naquela hora não tinha mais ninguém no tal bar, além do nosso animado grupo.
-Tô ouvindo essa lenga-lenga de vocês sobre efeito de drogas...alguém ai, já experimentou lança perfume?
Por incrível que pareça, ninguém do nosso grupo jamais houvera experimentado, essa que por assim dizer, é considerada a mais pueril das drogas.
Como nenhum de nós sabia dos efeitos do tal lança perfume o João já se aproveitou do ensejo e resolver nos contar um causo ocorrido com ele, anos atrás.
- Pois é, uma vez, também nessa mesma época, ou seja, de carnaval, estava eu aqui trabalhando e o Mundinho e um amigo dele de São José tomavam umas geladas, tal qual vocês...só que eles estavam mais animados...
Perguntei o porque da animação, e eles me disseram que haviam cheirado um lança perfume...
Pensei, que esse tal negocio deve ser dos bons mesmo...porque eles estavam muito alegres e eufóricos.
Como aquele dia tinha sido de mais aborrecimentos que de costume, resolvi cheirar também, afinal seria uma maneira de tentar me sentir melhor.
Peguei um lenço, molhei bastante e cheirei direto por uns bons uns 30 segundos....amigos....quando abri os olhos...as coisas estavam ficando todas pequenininhas, e na minha cabeça ouvi um toimmmmm.
De repente tudo que escutava fazia eco, de tal modo que ia repetindo , repetindo, com o som demorando a sumir...
Entre muitas gargalhadas, começamos a incentivar ao João a contar mais sobre os efeitos da cheirada. Então, dirigindo-se à mim,continuou...
-Rapaz, sabe aquele seu tio, o coronel? Ele é baixinho, mas é bravo pacas...né?
Pois ele chegou aqui, e eu naquele estado de zonzeira, vendo tudo pequeno e o eco na cabeça...ele chegou no balcão e...
Eu ouvi bem longe...
João..ão..ão...ão...ão
Olhei pra ele , e ele tava pequenininho...cada vez ficando menor...
-O senhor tem refrigerante de dois litros..itros...itros...itros...itros....?
Eu respondi
Tenho...enho...enho...enho...enho
Ele
-Me dá uma então...tão...tão...tão...tão
Eu
-Sabor coca ou laranja...anja....anja....anja....anja????
E qual marca...arca...arca....arca...arca
Ele
-Não sendo de marca vagabunda...bunda...bunda...bunda...bunda...
Nesse ponto com a palavra bunda, reverberando na minha cabeça, estourei em gargalhadas...e ele, puto da vida saiu pisando alto, e de longe eu só ouvi...
-Vá pra P...q...P...riu...riu...riu...riu...riu...