A LIÇÃO DO FILHO
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Recontando Contos Populares
O povo conta esta história como acontecida. Eu não sei se é ou não é. Mas assim ou assado, eu lhe conto:
Era uma vez uma mãe que tinha um filho muito do mimado e sem educação de espécie nenhuma. Por isso se tornou um garoto “levado da breca”. Pior ainda, tinha uma grande inclinação para o furto.
Um dia furtou uma agulha da vizinha.
A mãe do menino soube do caso e não tomou nenhuma providência.
Uma agulha! Que vale uma agulha?! Coitado do meu filho!
Não passou muito tempo, apareceram queixas de outros furtos de objetos de mais valor. Tantos foram os furtos que o agora rapaz tornara-se um perfeito ladrão. E, quando lhe veio a idade de ter juízo, não teve emenda. Foi muitas vezes parar na cadeia, e até cumpriu penas.
A mãe chorava o destino do filho e lamentava-se de não o ter castigado, nem educado quando pequeno, por que diz o ditado: De pequenino é que se torce o pepino.
Uma noite o rapaz penetrou em uma mercearia para roubar. No meio do serviço foi surpreendido. Estava armado e, para não ser preso, atirou no dono da mercearia. Matou-o, mas não consegui escapar. Foi seguro por populares, lavado para a cadeia e, pouco tempo depois, condenado a morte.
Na hora de ser enforcado, já do alto da forca, avistou a mãe no meio do povo, a chorar. Pediu, então, como última vontade, que a deixassem subir onde ele estava. Queria abraçá-la pela última vez.
A licença foi concedia e a velha, em pranto, subiu até onde estava o condenado e abraçando-se a ele, exclamou:
— Meu filho!
— Minha mãe, respondeu o rapaz, morro enforcado e criminoso por sua culpa. Se a senhora me houvesse castigado, quando furtei aquela agulha, eu me havia de corrigir a tempo de não ser um ladrão e assassino. Levo como última recordação do mundo e do ensino que recebi o nariz de minha mãe, causadora desse destino de desgraça.
E apertando-a mais entre os braços, deu-lhe uma forte dentada no nariz, arrancando-o.
Nesse mesmo instante o carrasco abriu o alçapão e a laçada apertou o pescoço do rapaz. ®Sérgio.
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Nota: Segundo Lindolfo Gomes, esta história é tida como acontecida, no Brasil, mas corre em Portugal.
Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!