O MAIOR PEIXE QUE JÁ EXISTIU.

O mar estava sereno, tranquilo com ondinhas que mal davam para sentir o sobe e desce da traineira, navegando em baixa rotação.

O dia começava a clarear. Possivelmente iriamos tirar o pé da lama por conta da época dos maiores cardumes de tainhas. O vigia de pesca, sentado na travessa do mastro, perscrutava as ondas para dar o sinal de lançar as redes logo que avistasse os cardumes.

Bastaram dois lances para encher o porão da traineira. Mestre Silu avisou que voltaríamos para o cais para descarregar e voltar à pesca antes do meio dia. Com pouco tempo, estávamos de volta, e a faina recomeçou, mas havia algo diferente no entorno da traineira. Os peixes se amontoavam em cardumes compactos e muitos deles, saltavam para fora da linha d’água.

O vigia de pesca avisou que estávamos sendo seguidos por um peixe de tamanho descomunal, que era melhor a gente recolher as redes e esperar que o ambiente ficasse calmo outra vez, mas mestre Salu não quis nem saber. Ele mandou arriar a rede maior e o peixe que estava perseguindo as tainhas, caiu nela.

Quando o bicho se sentiu preso, nadou com tanta força para se soltar, que a traineira foi puxada de ré, como se a hélice tivesse sido invertida.

Era um tubarão com uns doze metros do focinho à ponta do rabo. A barbatana das costas era maior do que a de muitas orcas. O bicho dava rabanada com tanta força que rachou umas tábuas do casco da traineira e mordeu a rede até ela se romper. As dentadas foram com tal violência que vários dos seus dentes ficaram presos entre a malha e os cabos de aço.

E para provar que isso não é conversa de pescador, eu trouxe para casa dois desses dentes, maiores do que colher de pedreiro.