O REINO ENCANTADO DO BONECO DE BARRO – Onde a alegria nunca seca!
Dizem por aí que o tempo passa, mas em Barrolândia, ele só faz cócegas e ri. Isso porque lá vive uma turma que nunca deixou o barro endurecer a infância. Na pracinha principal, entre bancos de madeira e pés de goiaba, mora o Boneco de Barro, um tal de Zé Bolinho, criado pelas mãos mágicas de Dona Cerinha, a mestra do barro mole e do riso fácil.
Zé Bolinho não era um boneco qualquer. Ele falava quando o sol nascia, dançava xaxado na hora da merenda e contava piadas que nem sempre faziam sentido, mas faziam todo mundo rir. Um dia, ele soltou essa:
— Por que o boi não brinca de esconde-esconde?
— Porque ele sempre “muge” onde tá!
As crianças se estatelavam no chão de tanto rir.
Toda semana, Barrolândia tinha um "Festival de Bobagens do Zé", onde os bonecos ganhavam vida só com a imaginação da criançada. Tinha o Lambuzildo, que adorava tomar banho de lama e fazer esculturas com a bunda. E a Boneca Cacoleta, feita só de cacos, que vivia se desmontando em pleno desfile. Um dia, ela gritou:
— Perdi a cabeça!
E o povo respondeu:
— Mas isso já faz tempo, Cacoleta!
O mais danado era o Barrelo Veloz: , um boneco corredor que sempre apostava corridas com os cachorros da rua. Um dia, tropeçou numa pedra e caiu de cara num bolo de milho. Saiu gritando:
— Venci! Pode perguntar pro bolo!
Os adultos, que nunca largaram o espírito moleque, ensinavam os pequenos a fazerem bonecos de barro nas calçadas, contando causos de antigamente. Como a vez em que um boneco criado com dois narizes começou a farejar os bolos escondidos da vizinhança. Dizem que ele até hoje mora no quintal da Dona Nena, farejando segredo de receita.
Na festa de São Barroso, o padroeiro dos bonecos de barro (inventado por eles mesmos), toda cidade se enchia de cor, lama e gargalhadas. Era boneco tocando sanfona, boneca sambando na cuia, e o Zé Bolinho declamando poesia:
> “Sou feito de barro e riso,
> mas tenho alma de menino.
> Se me deixas na calçada,
> viro circo no destino!”
E assim, em Barrolândia, o tempo segue macio como barro fresco e leve como risada de criança. Porque lá, o boneco de barro não é brinquedo velho, é encantamento que nunca seca.