Amanhece
Amanhece, uma corrutela encravada nas terras das Gerais onde o tempo havia ficado estagnado na minha adolescência! Distante de Araguari uns dez Km, onde ali residia sonhos, causos, histórias e realidades nas vidas dos seus cotidianos e dentre eles, vários personagens que aqui,de pouco em pouco, eu os narro! Já rezava a lenda que este nome amanhece,se derivou de um suposto Padre que saia de madrugada de Araguari,na sua Mulinha ,e chegava a Amanhece para administrar suas missas, já, amanhecendo o dia. Não posso afirmar com veracidade, pois,era o que eu ouvia das pessoas no Armazém do meu Pai,como outros tantos causos,que já os narrei por aí. Vamos aos fatos . Pedro Vitalino, com suas apelcartas de couro cru, confeccionado pelo próprio, que trazia também em suas indumentárias,calças de algodão tecidas pela consorte de Sr Rafael,bezendor juramentado , que se dizia a boca pequena ,era feiticeiro e transformava nas luas cheias no bicho Lobisomem. Continuando com o Sr. Pedro Vitalino, nos tempos de chuvas onde as mariposas denominadas de Tanajuras,saiam para se espraiar nas chuvas,Pedro Vitalino as pegava para serem seu tira gosto no Armazém do meu pai, João Marques...este também,tem muitas histórias interessantes que posteriormente eu as narro aqui. Então, Pedro Vitalino chegava no meu balcão e dizia , costumeiramente - Diney,aquele conhaquinho São João da Barra pra mim. De posse do cálice do dito produto, deglutia-o e logo metia goela abaixo a bundinha da finada Tanajura. Era realmente uma das suas iguarias apreciadas e prediletas. Subia no cilindro da sua bicicleta Phillips e saia garboso pelas ruas de Amanhece pedalando suas aventuras. Agora,volto a falar do Sr. Rafael! Bezendor cantado e escarrado por todos os cantos das Gerais e de Goiás. Era o mestre tirador de cobras dos pastos dos fazendeiros das regiões através das rezas brabas. Eram Assim denominadas pelas pessoas da época,com referência as orações do rezador. Realmente, não tinha uma Gleba de Terra em que o curandeiro feiticeiro não tiravam as cobras. Ainda se dava o luxo de perguntar ao fazendeiro,se o próprio gostaria de jogar as cobras em uma fazenda do seu desafeto
Certa feita, minha mãe me pediu uma visita a ele,em detrimento de eu ter uma aptidão em usar uma calça do tear da consorte do Sr. Rafael. Me perdoe, não lembrar do seu nome, porém,era uma exímia tecelã de cobertas, mantas coloridas da época. Imagino que até hoje,alguém dos nossos conterrâneos,deva ter algo dela nos seus baús da lembranças. Devo frisar que quando lá cheguei,me lembrei do medo o qual eu tinha do famigerado bezendor, pelas histórias que a boca pequena contavam do bezendor feiticeiro. Então, fui lá para que ela me confeccionasse uns poucos metros de tecido que posteriormente,minha mãe, iria dar sua magia em sua máquina de costura Singer. Ah, minha mãe....está ,eu vou reservar um parágrafo especial para destacar seus dotes,que era além da sua época, incluindo sua herança em me transformar neste pretensioso poeta e escritor. Dona Eurica,minha digníssima progenitora ,era uma mulher além do seu temp. Devorava livros e mais livros,como Raquel de Queiroz, Machado de Assis, George Amado e outros tantos da época. Tinha como Hobby,colecionar revistas O Cruzeiro e a Machete. Quando veio a falecer, tínhamos uma casinha no quintal da nossa casa , que era onde guardava sua coleção , estava totalmente abarrotadas de revistas. Nas costuras, dava seu toque mágico com suas mãos mágicas nos seus desenhos, transformando tecidos em verdadeiras obras de artes da costura Prêt-a- porter. Bem antes de Dener e Clodovil,minha mãe já desenhava seus modelitos nos papéis pardo do Armazém do meu pai. Dona Erica vestiu e ornou a maioria das Donzelas da região como as mulheres de destaques da sociedade Araguarina. Com também,várias noivas,passaram pelas suas mãos,com aqueles garbosos Solideéus , Luvas de sedas confeccionados pelas mãos mágicas da minha mãe. Sem contar com os Plissês de dificílimo confecção manual,por não existir na época as máquinas próprias para tal,mas, nas mãos de minha mãe,saiam com uma perfeição ímpar. Sem contar que deixou de herança,várias mulheres que aprenderem a costurar com ela e exímias como ela.João Marques,meu pai...o diretor do grupo escolar, pseudo delegado, buscador de parteiras em Araguari nas madrugadas geladas para dar vida aos rebentos,que hoje,devem ser pessoas de bem neste mundão de Deus,os quais meu pai teve sua parcela nas vidas deles. Por este pequeno detalhe,meu pai e minha mãe fizeram incontáveis batizados como padrinhos, em detrimento destas benevolências. Sr João,era também o que emprestava dinheiro, porém, é bom frisar que não era agiota, pois, não cobrava dividendos,era só pra socorrer aqueles que por Ventura estivesse em aperto monetário,mas, aí de quem não pagasse no dia devido. Virava um fera indomável. Deixava passar uns dois três dias e eu já esperando a que iria sobrar para mim,um adolescente de oito anos. Me chamava ,como sempre fazia em um canto do Armazém e com palavras bem rudes,xingamentos, os quais eu teria que passar o devedor,e lá ia eu na minha bicicletinha Fhillips, em direção ao juramentado devedor. Ah,antes de sair a caça do pretensioso defunto ,Senhor João Marques faria eu repetir umas trezentos vezes, os xingatórios direcionados ao pobre devedor. Na verdade eu fui diversas e várias milhares de vezes, sendo o cobrador bonzinho e não carrasco do dito cujo sofredor,caso não pagasse. Eu sempre me limitava na boa educação e quando voltava pra casa, Sr. João Marques me perguntava:- Falou direitinho o que lhe pedi, então repete. Eu , lógico repetia tudo e aí se errasse as palavra,com certeza sobrava para mim. Bem, agora falamos do Sr. José Barbino. Um excelente...excelente é pouco...um exímio artesão na construção de currais, porteiras,coxos,gamelas e outros tantos da madeira. Com seu Formão e Enxó, de um pedaço de uma Tora de madeira, ele as transformava em verdadeiras obras de artes nas fazenda região e outros estados. José Barbino tinha uma coisa muita especial! Nunca trabalhava sóbrio, pelo contrário,sim, tinha que estar bem ébrio. Todos os fazendeiros da região e Estados que o procuravam, e com certeza tinham que fazer fila para contratar seus préstimos. De posse dele no carro,tinha que passar no Armazém do meu pai e levar meia dúzia de litros de cachaça para abastecer as façanhas do renomado artesão.De forma alguma, você o víria sóbrio. Por vezes, quando de folga o dito cujo do Formão mágico, se abastecia no Armazém do meu pai e o interessante que ele sempre,tinha o seu cantinho preferido no Armazém. Sozinho em um canto, falava sem parar como se tivesse um interlocutor ao seu lado E eu, do alto dos meus oito dez anos, ficava a admirar aquele senhorzinho de um metro quarenta,no máximo, com seu chapeuzinho de feltro,já carcomido pelos revezes do tempo, botinas um tanto debilitadas pelas suas andanças da vida, e vez outras,o que me chamava mais atenção,até agora me reporta à aqueles momentos, sua paciência na confecção do seu cigarrinho de palha cotidiano. Eu me deliciava com aquele cheiro da fumaça que saia do seu cigarrinho,me dando esperanças que um dia eu viesse a fazer os mesmos cigarrinhos de palha, porém, confesso que estes devaneios nunca foram realizados, pois,nunca fumei.Conversando sozinho no canto,como se estivesse contando seus casos, com seu canivete Jacaré, picava seu fuminho goiano, comprado ali mesmo no armazém do meu pai, Ah,bom lembrar que cada cm vendido de fumo no armazém do meu pai,tinha um medidor que era uma régua de madeira, divididas em cinco Cruzeiro,dez Cruzeiro e assim por diante. Voltando ao Sr. José Barbino. Com seu canivete e um pedaço de palha entre os dedos, ia tirando lasquinhas do fumo na palma da sua mão, já marcadas e calejadas pelas histórias do seu Formão, lá ia sua verve ouvidas por mim e o seu parceiro interlocutor invisível. Vez outra me pedia:- Diney,me dá mais uma quigebrina e eu lhe respondia :- Seu Zé,o senhor já bebeu demais hoje. E ele:- Vou contar pro seu pai que ocê num que me vendê e ocê vai apanhá. E assim eram estás figuras folclórica da nossa querida Amanhece. Posteriormente,falarei de mais pessoas que se destacaram na vida cotidiana do Amanhece.
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