OS MILAGRES NA INGRATIDÃO

Era uma manhã ensolarada quando Jesus Cristo, em sua jornada, encontrou uma pequena casa à beira da estrada. A família que ali vivia, composta por um casal e seus três filhos, estava passando por um período difícil. A fome os atormentava e a violência nas ruas tornava a vida insuportável. Com compaixão, Jesus pediu abrigo, e eles, sem hesitar, o acolheram.

Logo, a presença de Jesus começou a transformar o lar. Ele não apenas forneceu alimentos, mas multiplicou o que havia na despensa. A mesa, antes vazia, agora estava sempre farta. A paz que Ele trouxe afastou os conflitos e a violência que tanto os afligia. As crianças, antes assustadas, riam e brincavam, e a alegria encheu os corações da família.

Contudo, à medida que os dias passavam, a gratidão da família começou a se dissipar. Acomodados com os milagres, tornaram-se exigentes. Queriam festas extravagantes, roupas de luxo e a oportunidade de exibir sua nova vida nas redes sociais. “Por que não podemos ter uma festa, Jesus? Olhe o que os vizinhos têm! Precisamos de uma selfie com você para mostrar a todos!”, murmuravam entre si.

Jesus, com sua sabedoria, explicou que aqueles não eram os verdadeiros desejos de uma vida plena. “Não são essas coisas que trazem felicidade”, disse Ele. “A verdadeira alegria vem da gratidão, do amor e da união.” Mas suas palavras caíram em ouvidos surdos. A família continuava a reclamar, cada vez mais insatisfeita com o que tinham.

Sentindo-se desprezado e percebendo a ingratidão que crescia em seus corações, Jesus decidiu se retirar. “Se desejam viver assim, abandonados à própria sorte, eu os deixarei. Vocês têm o que precisam, mas não veem o que realmente importa”, proclamou.

Com a saída de Jesus, a casa rapidamente perdeu a magia. A comida começou a escassear novamente, e a paz que antes reinava foi substituída pelo caos. A família, que era tão unida, começou a brigar novamente, e a alegria deu lugar à desilusão.

Os dias se tornaram longos e áridos. Sentindo-se culpados, eles perceberam que haviam tomado a presença de Jesus como garantida. A preguiça os dominava, e agora se viam obrigados a fazer tudo sozinhos, sem a ajuda que antes consideravam um direito.

Nas noites silenciosas, a família se lembrava das risadas das crianças e das refeições fartas. As selfies que tanto desejavam agora pareciam vazias e sem sentido. Compreenderam que o verdadeiro milagre não era apenas a abundância material, mas a transformação do espírito e da união que Jesus havia trazido.

Finalmente, após muitos dias de reflexão, a família decidiu que era hora de mudar. Começaram a trabalhar juntos, a cultivar a gratidão e a valorizar o que realmente importava. Aprenderam a compartilhar não apenas o pão, mas também o amor, e a casa foi lentamente recuperando sua essência.

Embora Jesus não estivesse mais lá fisicamente, sua lição sobre humildade, gratidão e amor ainda ressoava em seus corações. E assim, a família, agora composta por indivíduos mais sábios, entendeu que os verdadeiros milagres acontecem não apenas nas mãos de um homem, mas no coração de cada um que se dispõe a amar e a cuidar do próximo.