TUDO POR UM ABRAÇO

TUDO POR UM ABRAÇO

 

Na sala de aula Joãozinho o aluno mais pobre da classe, sentia-se profunda triste ao ver o professor retribuindo carinhosamente as frutas que lhe eram ofertadas por seus colegas. O professor colocavam-nas sobre sua mesa, os abraçava e na oportunidade falava de sua importância na alimentação humana.

Debruçado sobre o entorno do braço em sua carteira, tristemente Joãozinho lamentava não ter o mesmo privilegio dos colegas, que sempre agradavam o professor, com aquela diversidade de belas e apetitosas frutas.

Ele, que si quer conhecera o pai, que o abandonou ainda no ventre da mãe, desejava ardentemente receber do professor um pouco daquele afetuoso carinho, que lhe parecia tão paternal.

Sua mãe era tão pobre, que mal conseguia os materiais para manter o filo na escola. Sustentavam-se de seu trabalho na lavagem de roupas.

Compreensivo da situação, o pobrezinho nem cogitava pedi-la uma daquelas saborosas maçãs que enfeitavam a banca de seu Joaquim.

Sonhando com um abraço do professor, em oração, todas as noites ele rogava a Deus que lhe indicasse um caninho para realizar seu sonho.

Havia nos fundos de sua cabana uma pequena goiabeira que produzia razoavelmente bem, embora, frutas bichadas e mal formadas, devido à exposição de suas raízes, provocada pela enxurrada das chuvas continuas.

 

--Mas será... Goiaba é fruta que se ofereça ao professor?

– Perguntava ele, lá com seus botões.

Talvez a decomposição do lixo da casa umedecido pela água que escorre do lavadouro de roupas, cuja descarga não alcança a rede de esgoto possibilite à melhoria genética da goiabeira, imaginou ele.

 

A mãe logo percebeu a inquietação do garoto, cercando de cuidados a pequena arvore. Vez por outra ele cobria suas raízes com porções de terra retirada de um local mais fértil onde o lixo decompunha apodrecido, irrigando-as em seguida, com algumas jarras d’água.

Em pouco tempo percebeu-se o resultado de seu trabalho. A pequena arvore vestiu-se de folhas novas, cobriu-se de botões desabrochando inúmeras flores. Despertando sua atenção para a fantástica transformação das flores em frutas.

Ao chegar da escola mal trocava seu uniforme surrado, corria para o pequeno arbusto e punha-se a admirá-la. Uma variedade de insetos desfilava sobre as flores, retirando delas algo para se alimentarem e com isto polarizando-as. Aquilo já o deixou feliz ao perceber que seu esforço não fora de todo em vão, e que pequenos seres já usufruíam do resultado de seu trabalho. Até uma pequena comunidade de vespas construiu por lá sua casinha.

Empolgado ele sonhava com a colheita. Aí sim... Levaria as mais belas ao professor.

Escolhendo uma penca com cinco pequenas frutas, cautelosamente ele preparou uma sacola parda, vinda do armazém, para protege-las de possíveis vetores, cobriu-as, amarrando em seguida com um barbante. No decorrer do tempo elas cresceram. Devido à proteção, ele acompanhava o crescimento através das demais frutas. Quando elas entraram na fase de amadurecimento vieram os passarinhos e fizeram à festa, periquitos, sanhaços, e outros tantos. Percebeu-se então estar na hora da colheita. Ele rasgou a sacola e teve uma grande surpresa, contente, pôs-se a pular e gritar:

- Venha! Mãe! Venha ver! – Que beleza Mãe!

-Deixando seus afazeres a mãe correu a ver o que se passava.

-O que isso menino! Imaginei ter encontrado uma pedra preciosa! Esse escarcéu todo, por causa de umas goiabas?

-Mãe a senhora não entende? Isso para mim é mais valioso que qualquer joia, deu certo mãe! Meu sonho em levar ao professor estas maravilhas será realizado! Além do mais veja a senhora quantos pássaros vem aqui se alimentar, isso não é gratificante?

– Naquele momento ela percebeu o esforço do filho para alcançar seu objetivo, e passou a apoiá-lo. Providenciou uma bela sacola com um lindo laço de fita dando um toque todo especial na embalagem.

Joãozinho mal pode esperar o dia seguinte para dirigir à escola. Lá chegando entregou ao professor o tão sonhado presente. Seus olhos tinham um brilho de felicidade tão intenso, causando admiração ao professor; que emocionado o abraçou exclamando:

-de onde você tirou coisa tão bela Joãozinho?

-De um sonho professor!-Como assim, de um sonho?

– Todas as vezes que algum entre meus colegas lhe oferecia uma fruta como presente era como me apunhalar pelas costas. Sentia-me profundamente entristecido por não ter recursos para também lhe presentear. Comecei então a cuidar de uma pequena goiabeira em minha casa e sonhar com este momento. Foi muito gratificante. Não só pelo resultado das frutas, mas por me sentir útil alimentando inúmeros pássaros. Afinal eles também precisam ser alimentados! Estou certo ou não percussor? -Novamente o professor o abraçou fortemente.

- É claro! Saiba Joãozinho que hoje, o professor aqui foi você com sua bela lição de vida!

– Obrigado professor, este teu abraço carinhoso representa o

Abraço do pai que eu nunca tive! Isso é tudo que eu sempre desejei!

 

 

OBS:

foto acervo pessoal

imagem da escola Maria Guerra 

onde fui alfabetizado cursei 

apena o primário e a escola da vida

Geraldinho do Engenho

 

 

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 28/11/2024
Reeditado em 30/11/2024
Código do texto: T8207437
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