Meu ingresso no IBGE e primeira pesquisa CD – 1970

Eram os idos de agosto de mil, novecentos e setenta; ano do X Recenseamento Geral do IBGE, incluindo o Censo Demográfico de 1970. O Adiones Gomes da Silva,vulgo Ponga, estudante da 1ª série comercial do Colégio Estadual Comercia de Jandaia do Sul PR.

O Ponga era padeiro de carrocinha do senhor Antonio Fortunato, signatário da Padaria São João (Irmãos Martins) e gostava de jogar snooker! Estando nós, O Nilson Maximiano de Oliveira, o Túlio José Cappi e outros ali no Bar e Snooker do Darcy Junqueira, o saudoso ex-chefe da Agência Municipal do IBGE, o senhor Antonio Jorge de Azambuja, veio no recinto e perguntou ao Darcy: - não tens aí “uns vagabundos” para trabalhar nos Censos?

- Tem aí o Gabirú, o Naneu, o Ponguinha e, outros! Servem esses?

Respondeu o Azambuja: - quaisquer pessoas servem, só ter mais de dezoito anos, ter pelo menos o primário! Mande-os lá na agência para fazer a inscrição!

Lá fomos nós e tantos outros; preenchemos os dados cadastrais e na última semana de agosto estávamos em sala das instruções cujas aprovações vieram no teste final escrito, Nem todos passaram, mas os nominados sim, juntado a outros como o Berenildo Fernandes Chagas, o Ênio de Oliveira Almeida, o Koji Wada, os irmãos Valdir e Ivo Monfredinho, etc..

Na realidade o Ponga, apelido por matar umas bolinhas diferentes e por se assemelhar ao Saponga, daquele bando de Justiceiros do Luz Vermelha, foi o último colocado no teste e por isso lhe coube a Vila Distrital de São José, zona urbana, que pelos serviços censitários ganhou Cr$ 57,00 (cinquenta e sete cruzeiros), sendo que seus colegas melhores classificados receberam pelos outros setores densamente povoados, de Cr$ 300,00 a Cr$ 500,00, em média.

Serviços de fazer em duas semanas; fi-lo em quase um mês e meio, pois recenseava uns poucos domicílios, depois dormia no alpendre da Igr. São José, mas depois de ter almoçado pão com mortadela e sodinha das vendas do Borges ou do Boldrin…

De todas as experiências e as boas relações humanas, lembro de uma: a entrevista com uma senhora, de família de pessoa única, que tinha cem anos!

Comecei as perguntas do questionário pequeno da não amostra em papel (a amostra era 10% ou a cada 10 domicílio particular, preenchia-se um enorme, mais completo): - qual o nome da senhora? Dificuldade em responder-me…; qual a data de seu nascimento, idem…, etc.! Até uma pessoa vizinha veio e pediu pra auxiliar nesta tarefa, trazendo um funil, aí foi mais fácil…

Autor: Adiones Gomes da Silva, Ponga – titular cadeira nº 36 da ALACCNP.