A ESQUIZOFRENIA FALA, MAS NÃO HÁ QUEM OUÇA

Era uma noite abafada, quando Penélope, uma jovem de 23 anos, se viu perdida em um labirinto de sombras e ecos. O mundo que um dia fora vibrante agora pulsava com uma melancolia opressora, e cada dia se tornava um ciclo interminável de consumo e negação. O álcool e a cocaína tornaram-se seus únicos companheiros, um refúgio temporário que a afastava das lembranças vívidas de um passado que nunca a deixara em paz.

À medida que as horas se arrastavam, Penélope afundava mais fundo em sua espiral descendente, dias e noites se confundindo em uma dança macabra de insônia e delírio. Os sussurros de vozes distorcidas tornaram-se parte de sua realidade; palavras que antes tinham significado agora eram meros fragmentos de um quebra-cabeça que se recusava a se encaixar. O zumbido no ouvido era um alerta sinistro, uma introdução a um horror que se aproximava sem ser convidado.

As noites se tornaram um palco para suas visões. Em um momento de desespero e confusão, Penélope roubou uma arma do seu tio, um ato impulsivo que selaria o destino de muitos. A casa que um dia foi cheia de risos agora ecoava com gritos e lamentos; a jovem, tomada por uma fúria cega, disparou contra seus irmãos e sua mãe, como se cada bala fosse uma tentativa de exorcizar os demônios que a atormentavam.

A tragédia não parou ali. Dois vizinhos que entraram na cena de um pesadelo se tornaram vítimas de sua ira. A cidade, que antes era familiar, agora era um campo de caça. Cada pedestre que caminhava despreocupado pela manhã se tornava um alvo em sua mente distorcida, até que finalmente, as autoridades chegaram, armadas e prontas para deter a violência.

O confronto foi rápido e sangrento. Penélope, ferida, foi levada a um hospital, um lugar que deveria ser de cura, mas que se tornaria seu último refúgio. Em seus momentos finais, cercada por médicos e enfermeiros, ela pronunciou palavras que ecoariam muito além de sua morte: “Agora tudo passa a fazer sentido, Sussurros demoníacos ao meu ouvido. Gritos agonizantes em macabros pedidos, Das vozes do além eu não duvido.”

Os profissionais de saúde, perplexos, tentaram decifrar a mente que se desintegrava diante deles. Psiquiatras e neurologistas discutiram que Penélope havia sofrido um colapso mental, um lapso de esquizofrenia desencadeado por anos de abuso de substâncias e traumas não resolvidos. Amigos e familiares relataram as vozes que ela ouvia, os medos que a consumiam, mas a verdade mais sombria permaneceu escondida sob camadas de estigmas e silêncios.

Enquanto a sociedade se dividia em opiniões, alguns a viam como uma jovem perdida, outros como uma criminosa irrecuperável. Mas aqueles que realmente a conheciam sabiam da dor que carregava, do abuso que sufocou sua infância e da vingança que nunca foi concretizada. Penélope morreu sem poder ser tratada, sem que o mundo entendesse que suas ações eram um grito desesperado por ajuda.

E assim, a história de uma vida arruinada foi enterrada sob a poeira de um julgamento apressado, enquanto as vozes que a atormentaram continuaram a sussurrar, eternamente perdidas no labirinto de sua mente, um lembrete sombrio de que o verdadeiro horror muitas vezes reside nas sombras do silêncio.