Pau que bate em Chico...
O metrô chacoalha, cheio de gente, de sono, de pressa, de silêncio.
Num banco, o pai e ao seu lado os dois pequenos réus revezam papéis de defesa e acusação. No tribunal do metrô, o pequeno Chico e sua irmã travam um debate sério sobre quem merece o castigo. A menina, esperta, começa: “Foi ele que empurrou, pai!” Chico, com os braços cruzados e a expressão fechada, protesta, cheio de razão: “Eu só empurrei porque ela me deu um chute primeiro!”
O pai observa, deixa os dois falarem. Já viu esse filme e sabe como termina. Ele suspira, quase rindo, mas tão cansado, e solta a sentença: “Pau que bate em Chico, bate em Francisco!”
Chico para, olhos arregalados. “Mas, pai, eu sou o Chico! Eu vou levar castigo duas vezes?”
A irmã ri, se diverte. O riso se escapa da boca do pai que tenta disfarçar usando um bocejo cansado como máscara.
Chico, com as bochechas inchadas de indignação, tenta mais uma. “Tá bom, pai… mas você tem que me contar uma história na hora de dormir. Tá, pai?”
O pai sorri. O metrô segue. A cidade leva, a cidade traz. Mais uma dessas pequenas tragicomédias da infância entre o chacoalhar nos trilhos e o riso contido de um pai.