O casarão
A medida que adentrava, aquelas paredes lhe transmitiam uma sensação estranha, não era receptiva a medos infundados, mas as histórias que ouvira durante toda a vida, influenciaram naquele momento.
A casa era percebida da estrada, por entre a vegetação agora rala, consequência da estiagem de quase três anos. A aparência era de abandono, descaso, tanto já se falara sobre ela, reportagens, a fama de mal assombrada muito relatada na região, nada fora feito para sua conservação, quem sabe um ponto turístico?
Envolvida nesses pensamentos, não percebeu a diferença no piso e o tropeço levou-a a tatear as paredes em busca de apoio. Espantou-se com a movimentação do tijolo, temendo desabamento. Refeita do tombo, verificou de perto. Acionou a lanterna para melhor visualizar, com jeito foi deslocando o tijolo e nessa tentativa percebia um som diferente. O companheiro alertou-a para que deixasse no lugar, visto não terem conhecimento da segurança daquelas paredes, mas não o ouviu, porque o movimento dos tijolos , o som emitido incitava sua curiosidade. Deixou que o outro continuasse fingindo concordar com sua argumentação, mas atenta ao movimento, conseguiu enfim retirar o primeiro tijolo, a parede dupla deixava entrever algo escondido, pensou divertida, achei um tesouro. Retirou cautelosamente uma espécie de cofre pequeno, parecendo de cobre. A voz do companheiro que retornava fez com que escondesse rápido o achado na sacola.
Veria depois. Sozinha. Terminou depressa, disfarçando a retirada dos tijolos. O passeio pela região, como combinaram anteriormente, teria que esperar, ansiosa que estava para averiguar melhor seu tesouro.
Ela tinha duas razões para deixar em segredo sua descoberta: primeiro por respeito e temor que forasteiros e pessoas da região resolvessem vasculhar aquelas paredes na ganancia de achar algo e acabassem por demolir o velho casarão ou então, um noticiário de comoção nacional pela descoberta, não um feriado, mais uma corrida geral, às riquezas que poderiam ali ser encontradas.
Olhava o cofrinho.
Esqueceria o achado?.