Boteco

Aqui na firma todo começo de semana nós já pensamos em uma coisa, a gloriosa sexta feira, nela a gente já pensa aonde a turma vai, que não é muitos lugares, ou é no boteco de esquina do trabalho ou no cabaré da cumadi cisca.

Quando sexta chega todo pião trabalha até mais feliz até dar o horário da sirene tocar para todos irem embora. O soar do gongo sempre é 19:00, tem uns que se arrumam, outros vão fedendo a suor e trabalho mesmo e caminhando para fora da empresa resolvemos ir no boteco de esquina mesmo, as raparigas lá do cabaré vai ter que esperar nois receber no final da quinzena pra nois ir lá, o nosso grupo tava sem o tustão para aproveitar com as mulheradas, só tinha para fazer meio serviço. O triste é que era tempo de promoção, “pague uma rapariga e a segunda sai pela metade do preço”, AOO TENTAÇÃO VIU, ficava até com água na boca e com o zói cheio de lagrima pela falta da bufunfa. Chegamos no boteco, eu, Ontoin, Chico bueiro e Zézin e lá dentro sempre tinha as 3 almas penadas de sempre, o véio bêbado Zuca, cumpadi passo largo, o dono do lugar e um cachorro que a gente não sabe se ele é marrom por causa do barro da rua ou se ele é branco. Cheguemos, já pedimos 2 litrão e Ontoin já pediu 2 fichas para ouvir os mesmos cantores, ou era milionário e José Rico ou Roberto Carlos e assim fomos tocando o barco, bebendo, comendo uns amendoins que tinha por ali e rindo das coisas que acontecia no trabalho.

Num determinado momento chegou uns três caras boa pinta, cabelin arrumadin, calça colada amassando os ovos, camiseta colada no corpo e chapelão encarando quem olhasse de volta para eles e foram para o fundo do bar para beber. Depois de um tempo que eles estavam lá, ouvindo sempre os 2 mesmos cantores por causa de Ontoin começaram a uivar e tirar sarro de quem tava ouvindo o raio da música, mas Ontoin era um cara tão gente fina que ele se levantou, foi até a mesa dos boa pintas, tirou o revólver que ele tinha da cintura e bateu na mesa deles dizendo:

-Vocês vão ficar aqui ouvindo os mesmos cantores até a última ficha acabar e se eu ouvir algum uivo ou algo do tipo, eu PRANTO uma bala no meio dessa testa e amolo o facão com ela.

Ontoin voltou, falou "ME VÊ MAIS 20 FICHAS", colocou mais uma e aumentou mais o som. Os camaradas ficaram sentados, encolhidos, sem dar um piu se quer, de vez em quando Ontoin pegava o revólver, batia umas 2 vezes na nossa mesa só para acordar os peão e isso ficou até as 3 da madrugada depois que ele se cansou, ficou com sono e já trançando as pernas se mandou, deixando todos “livres para partirem”.